domingo, 5 de abril de 2015

Ser pobre é coisa de rico





“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus."
     Mateus 5:3 - KJA


16 Não te deleitas em sacrifícios nem te comprazes em oferendas, pois se assim fosse, eu os ofereceria. 17 O verdadeiro e aceitável sacrifício ao Eterno é o coração contrito; um coração quebrantado e arrependido jamais será desprezado por Deus!"
     Salmos 51:16-17 - KJA


1 Eis que o Espírito de Yahweh, o Soberano, está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres. Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado, proclamar liberdade aos cativos e libertação do mundo das trevas aos prisioneiros da escuridão; 2 para anunciar a todos o ano aceitável de Yahweh, e o Dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes,"
     Salmos 61:1-2 - KJA

Aqui começamos a pensar cada uma das bem-aventuranças ditas por Jesus no Sermão do Monte. E é muito relevante que ele tenha começado exatamente pelo pobre, que em sua condição, além de sofrer pelas circunstâncias de seu estado de penúria, ainda era marginalizado socialmente, deixado à parte do convívio social e do movimento econômico. Não havia nada de bom em ser pobre.

Parábola do rico e Lázaro
Entre os diversos sentidos pelos quais uma pessoa poderia ser chamada pobre, no entanto, Jesus complementa de espírito, isolando total e completamente a possibilidade do cunho sócio-econômico em sua afirmação. Os pobres em espírito, portanto, não são os mesmos que carecem do auxílio e dos recursos de terceiros para viver. Não são os mendigos que suplicam ajuda, para terem atendidas suas necessidades mais básica. Não são esses os pobres de espírito, mas não significa também que não o possam também ser. O que se pretende, contudo, é dissociar uma condição da outra, pois não são determinantes entre si.

O conceito de pobre em espírito é mais facilmente entendido para o judeu do que para o grego, o que talvez explique, em certa medida, a diferente narrativa de Mateus e Lucas para o mesmo discurso, pois esse último em Lucas 6:20, utiliza apenas a palavra pobre. O judeu acostumara-se com circunstâncias espirituais de aflição, de angústia e de dependência do socorro divino. Tais circunstâncias o levaram a perceber que esses estados lhes faziam pobres e fracos, pois extremamente necessitados, senão de dinheiro ou recursos, do socorro de Deus.


“Todos os meus ossos dirão: Ó Senhor, quem é como tu, que livras o fraco daquele que é mais forte do que ele? sim, o pobre e o necessitado, daquele que o rouba."
     Salmos 35:10 - KJA

Ao dissociar a condição econômica e social do indivíduo de sua condição espiritual, Mateus universaliza a condição de pobre a toda a humanidade, e individualmente a todo aquele que se entende carente do socorro e do cuidado de Deus. E de novo em Lucas 18:13 essa idéia retorna, quando o publicano sequer ousa levantar os olhos ao fazer sua oração com o coração contrito; sê propício a mim, pecador. Seu quebrantamento e contrição eram flagrantes. Ele era um pobre em espírito.


“Então os que dentre vós escaparem se lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados em cativeiro, quando eu lhes tiver quebrantado o coração corrompido, que se desviou de mim, e cegado os seus olhos, que se vão corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações"
     Ezequiel 6:9 - KJA

O fariseu e o publicano
É importante ressaltar que tal pobreza, como dependência de Deus, reconhecida em meio a um estado de extrema necessidade e dor, pode não se originar de mero reconhecimento de falência espiritual, mas conseqüente da ação divina em lhe apresentar claramente a própria condição de necessitado, em comparação ao sentimento equivocado de segurança que qualquer circunstância favorável que a vida possa trazer. Como em Apocalipse 3:16-17, onde a sensação de riqueza e aparente segurança, é claramente confrontada; estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

Assim, o paradoxo fica evidente. Se a pobreza de espírito está ligada à piedade, a riqueza de espírito e sua conseqüente arrogância, liga-se ao afastamento voluntário de Deus e de tudo que possa lembrar-lhe a necessidade. O autoconfiante não enxerga, por sua condição, qualquer carência que o leve a depender de Deus e de seu cuidado. Logo, o rico é na verdade miserável, cego e nu, enquanto o pobre, um rico, sendo sua riqueza o socorro e a benevolência de Deus. Quem é como o nosso Deus?

Portanto, seja por contrição espontânea diante da grandeza reconhecida de Deus, seja pela flagrante falência espiritual que lhe derrube da auto-suficiência, ou ainda porque viu-se apanhado pela correção de Deus e o reconhece nesse propósito, um coração contrito e quebrantado, um pobre em espírito, terá sempre o amparo do Senhor. O pobre e necessitado de Deus receberá invariavelmente o seu cuidado. O Senhor sempre virá em socorro àquele que suplicante O reconhece como salvador único; socorro bem presente na tribulação.

Dos pobres em espírito é o Reino dos céus, pois são eles que preferencialmente pedem por Deus. São eles que confiam que o Senhor é seu único socorro. Os pobres em espírito não trocam o conforto de Deus por nada, tão mais sedutor possa parecer qualquer outro conforto ou pretensa segurança. Dos que esperam em Deus é o Reino dos céus

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...

Powered By Blogger