Exercício 040 - Porta estreita a passos largos


Por Jânsen Leiros Jr


"22 Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém. 23 E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: 24 Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. 25 Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; 26 então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; 27 e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade. 28 Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. 29 Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus. 30 Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.  

31 Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te. 32 Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado. 33 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém. 34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste! 35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor."
Lucas 13:22-35 - JFA

Senhor, são poucos os que se salvam? A resposta de Jesus a essa pergunta normalmente suscita controvérsia, pois há quem pense que Jesus implicitamente diz "sim", mas há também os que consideram que não tendo efetivamente dito "sim", ele implicitamente diz "não". Já eu entendo que a resposta de Jesus não diz nem uma coisa nem outra, pois me parece claro que tal quantidade, se poucos ou muitos pouco importa, pois não será esse número de salvos o objetivo principal do reino. Afinal, o desejo do Senhor é mesmo que todos se salvem[1]. Como imaginar então que sua resposta se pretenda a dizer qual a quantidade comparativa de salvos e não salvos? Antes o seu alerta é para que todos se salvem.

A resposta que o Senhor dá a essa pergunta, não pode ser retirada de seu contexto precedente. Ao comparar o reino de Deus ao grão de mostarda, ele o apresenta como algo aparentemente desprezível, mas que adiante crescerá e servirá de morada e descanso para as aves do céu. Também o compara ao fermento que misturado e escondido em farinha, é capaz de fazer crescer toda a massa. Ou seja, por mais desprezível ou invisível que possa parecer, o reino de Deus crescerá e será incontável, como cita João no livro de Apocalipse[2]. Não serão as atitudes desesperadas dos fariseus e oficiais das sinagogas, que impedirão seu crescimento.

Ora, ao responder que é preciso empenhar-se por entrar pela porta estreita, Jesus não está dizendo que poucos serão salvos, mas que o caminho mais fácil é o largo, o qual muitos preferem convenientemente, porque atendem aos interesses imediatos e casuístas. Mas quando o tempo aceitável terminar, quando a porta for fechada, esses mesmos que hoje desprezam o grão de mostarda, que se fazem cegos ao fermento que se mistura à massa, sim esses mesmos quererão entrar pelo mesmo caminho que rejeitaram, mas não poderão. A conveniência de hoje, lhes promoverá a perdição de amanhã.

O que me parece mais relevante nesse texto, contudo, é a indicação de que muitos próximos e pretensos participantes desse reino, sejam lançados fora sem qualquer mesura, sendo, essa sim, uma questão relevante. Sim, porque não obstante ser grande a multidão que acompanhava Jesus, e que acorria para onde ele estivesse, ele sabia que não era exatamente pelos sinais que anunciavam quem ele era, mas pelo pão que lhes saciava as necessidades fisiológicas[3]. Ou seja, ele ainda estava entre nós, e já era para muito, apenas uma fonte de realização de suas necessidades e interesses pessoais, por mais nobres que fossem. São muitos os que aparentemente recebem Jesus, mas não passam de interessados naquilo em que ele pode ser útil. O recebem na aparência de seus ritos, mas o rejeitam na verdade de seus atos.

E é exatamente disso que Jesus fala a seguir, quando lamenta sobre a Jerusalém que mata os profetas. Porque grande é a rejeição àqueles que declaram a palavra de Deus, que confronta a verdade dos corações fingidos. Nunca houve nem pode haver qualquer convívio entre a luz e as trevas. É próprio das trevas pretender sempre fugir, impedir ou mesmo apagar a luz, para que suas obras não sejam manifestas[4]. Ainda que o desejo do Senhor sempre tenha sido o de proteger seu povo de suas próprias vontades e conveniências, assim como a galinha protege seus filhotes, seus interesses pessoais sempre lhes fizeram rejeitar a mão estendida de Deus.

Por fim Jesus prediz que sua próxima visita a Jerusalém, será aquela em que entrará aclamado, antecipando-se tal aclamação ao seu próprio sacrifício; o Cordeiro de Deus. O que mais uma vez confrontará a realidade do povo judeu; o que eles falam com a boca, não se traduz na prática.


Refletindo o Exercício

Não é difícil em nossa caminhada no reino de Deus, nos depararmos com tempo e esforço gasto naquilo que não é relevante. Quantidade nunca foi o interesse de Deus, mas sim qualidade, já que os verdadeiros adoradores o adoram em espírito e em verdade. Que a verdade dos nossos corações nos mantenham no caminho da porta estreita, e que jamais tenhamos que ouvir "nunca vos conheci".



[1]  1 Timóteo 2:4
[2]  Apocalipse 7:9
[3]  João 6:26
[4]  João 3:19-21; Efésio 5:13

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