Agora amargo


Por Jânsen Leiros Jr.
Não me toque
Não me encoste
Não chegue nem perto
de mim
Seu cheiro é ruim
seu toque repulsivo
seu afago desprezível

Você é tudo que
eu não queria
sendo tudo que eu sabia
que jamais desejaria
Vire pra lá
Não me olhe
Me esqueça

Cala a boca
Fala baixo
Não grita!
Sua voz me lembra
a cada tom
que eu não queria estar aqui
não queria ser você
do lado esquerdo da cama
Qualquer som é ruim
Ser você a companhia
que ironia!

Olhe-se no espelho
veja bem o que é
ou no que se transformou
Sua forma é horrível
o seu jeito enojador
Tenho vontade de sumir
de dormir sem acordar
Ver você é o pesadelo
do qual queria me livrar

Um idiota
Um burro
Um nada
Por que você não se mata
por que não some nessa mata?
Quem dera morresse de vez
que me deixasse em paz
Com você não sou feliz
Com você quem poderia?

Tudo dito e sofrido
Tudo ouvido e lamentado
me entristece o descompasso
Não sobrou sequer abraço
Solitário meu caminho
cabisbaixo em cada passo
Se é assim que termino
melhor sequer ter começado

Tudo fruto da paixão
patológica emoção
que matou o meu juízo
e deu de ombros à razão
Agora amargo não ser nada
sentindo muito só servir
Utilidade é o que me resta
e que me sirva de consolo
Antes mal acompanhado 
do que só
bem dizia minha avó
Tudo bom 
mas nada presta
Junho 2016

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