É pena de morte


Por Jânsen Leiros Jr

Por que não me entrego 
ao cansaço?
Por que não desisto 
do alerta?
Talvez seja medo
do sono
talvez seja medo
do nada
Quem sabe do 
escuro profundo
quem sabe do 
ausente e vazio?
Receio que o tempo fingido
decida pra sempre fugir
Medo de não mais existir

Não é medo da 
morte matada
Nem tão pouco da 
morte morrida
Quem sabe receio de 
morte assistida
ou ainda de 
morte esquecida

Talvez nem seja bem medo
e talvez nem seja receio
Não que me seja recreio
mas da morte o que temo
é tristeza
E o que de fato entristece
é pena
O que tenho da morte
é lamento
É pena de morte

Pena de não me 
dar por completo
tantos planos alterados
tantos anos maltratados
que fugidos e dispersos
nem chegaram ao papel

Lamento o findar
da cena
de me gritarem
a senha
e de calar meu som
Pena de não mais cantar
e de jamais rimar
Pena de meus 
livros órfãos
e de meus textos mortos
Lamento por matar-me a pena

Pena de não ver meus netos
não ter mais meus filhos
não velar teus sonos
Pena de enterrar meus sonhos
Delirante e atento
me mantenho aceso
Sentinela firme
e de vontade frágil
Sempre foi costume
vida nada fácil
Agosto 2016

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...

Powered By Blogger