Provérbios - Lição XIII



Provérbios 6:6-11 - ARC


"6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; 7 a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, 8 no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa. 9 Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? quando te levantarás do teu sono? 10 um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para cruzar as mãos em repouso; 11 assim te sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado."


Seguindo pelo capítulo 6, temos a primeira alusão sobre um tema que se repetirá mais adiante, apenas com pontuações diferentes, as quais respeitaremos e comentaremos separadamente, mantendo a estrutura didática pretendida pelo autor do livro.

Em certa medida, pelo menos nessa primeira aparição do assunto, a questão do trabalho bem pode estar relacionado com o tema anterior sobre ser fiador, você deve lembrar (ver Provérbios-Lição XII, em teologandoso.blogspot.com.br, Baú de Provérbios). Isso porque pessoas com uma condição financeira mais sólida, que serviam de fiadores de empréstimos, oportunamente viviam da renda de tais transações, o que além de amarrá-los a um risco de grande ruína, lhes impelia a inatividade laboral, já que se garantiam de tal renda para viver, sem nada produzirem.

Como possivelmente o interlocutor do sábio no primeiro tema poderia lhe argumentar que ser o fiador de tais transações era o seu meio de vida, o sábio lhe chama desveladamente de preguiçoso. O sustento se garante com trabalho; do suor do teu rosto comerás. O preguiçoso fiador, acredita que seu dinheiro trabalha para ele, e portanto ele pode dormir e sonhar, mergulhado em uma vida improdutiva e exploradora da necessidade do seu próximo.

Uma outra argumentação poderia o preguiçoso fazer ao sábio. Sua boa condição financeira o colocava em uma situação de proeminência social, que lhe conferia não ter patrão ou chefe; ninguém a mandar-lhe ou impor-lhe trabalho. E então o sábio, faz exatamente essa pontuação; as formigas sequer têm qualquer comando ou imposição ao trabalho que empreendem. Sabem, por condição de formigas, que precisam trabalhar guardando mantimentos durante o tempo oportuno, para que no período em que esse trabalho não pode ser realizado, tenha de onde retirar sua subsistência. Não podemos esquecer que Salomão reina durante um período de grande prosperidade nacional. Porém a história de seu povo passa por períodos de fome e grande instabilidade, que poderiam retornar no ciclo natural da história, causando ao preguiçoso profunda e repentina ruína.

Por fim há outra pontuação implícita na exortação do sábio. Fazer alguma reserva durante o período de colheita, para eventuais circunstâncias que impeçam a produção dos meios de subsistência. Porque há tempos de semear e tempo de colher o que se semeia. E durante a semeadura, obviamente, não há o que colher. Então se vive do que se juntou a mais para esse período. Mas notem, não fala o sábio para guardar uma reserva que se acumule para toda a vida, mas apenas para o período natural do ciclo semear-colher. Do contrário, e isso é minha observação, a formiga corre grande risco de se tornar um preguiçoso fiador, explorador da necessidade alheia, vivendo para dormir e pestanejar.

Por fim, é importante ressaltar que a preguiça aqui condenada, não se refere a um cansaço físico resultante de esforço, o que naturalmente nos acomete ao fim de uma jornada extenuante de trabalho. Do contrário o sábio estaria desconstruindo o conceito do sagrado descanso do sábado. Na verdade, a preguiça é mais um estado de inapetência pela vida, de indolência, de falta de empenho por algo que se necessita realizar para o próprio proveito; necessário e premente.

Ora, quantas vezes a preguiça nos impede de dedicadamente realizar o que deve ser realizado para o nosso próprio bem. Vai dar trabalho, dizemos a nós mesmos, antevendo dificuldades e contingências que precisaremos solucionar. Lamentamos de antemão o desgaste físico e emocional que eventualmente teremos , e desistimos do pretendido por preguiça; mais precisamente, falta de diligência.

Empenha-te! Esforça-te! Vai ter com a formiga, preguiçoso. (ver também o artigo O preguiçoso, o diligente e La Fontaine)

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