Por Jânsen Leiros Jr
37 Acabando Jesus de falar,
um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado,
reclinou-se à mesa. 38 O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de
almoçar. 39 Ao que o Senhor lhe
disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do copo e do prato; mas o
vosso interior está cheio de rapina e maldade. 40 Loucos! quem fez o exterior, não fez também o interior? 41 Dai, porém, de esmola o
que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.
42 Mas ai de vós, fariseus!
porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais
a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
43 Ai de vós, fariseus!
porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações nas
praças. 44 Ai de vós! porque sois
como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o
saberem."
Lucas 11:37-44 - JFA
Jesus acabara de confrontar os líderes
religiosos, chamando-os de geração
perversa. Não foi por esse elogio
que o convidaram para almoçar. Provavelmente o queriam observar mais de perto,
em condições mais informais, mais íntimas, onde ele pudesse agir mais
naturalmente. Como será que se comporta
ou pensa esse Jesus, fazendo coisas corriqueiras do cotidiano, devia ser a
pergunta recorrente na cabeça daqueles líderes.
Não havia, porém, apenas curiosidade
em suas intenções, mas também maldade; Jesus não os havia chamado de perversos
sem razão. E essa maldade logo se traiu, quando o Mestre tomou lugar à mesa sem
antes lavar as mãos. Todos os olhares estavam voltados para Jesus e para tudo o
que ele fizesse, assim como os ouvidos para que o que ele dissesse.
Há que se ressaltar aqui a coragem e a
ousadia de Jesus. É claro que ele conhecia as verdadeiras intenções dos
fariseus ao lhe convidarem para almoçar; sabia que era uma armadilha[1].
Ele, no entanto, não só aceitou o convite, como os confrontou logo após sua
chegada, ferindo uma tradição cerimonial pretensamente piedosa, tornando-se
motivo de espanto e alvo de crítica. Tradição, porém, não é lei, não havendo
nesse fato pecado algum do qual pudessem acusá-lo.
A tradição de lavar as mãos antes das
refeições representava uma purificação cerimonial, pois poderia ter havido qualquer
contaminação durante o tempo passado na rua, não por uma bactéria qualquer
(eles ainda não possuíam tal conhecimento científico), mas por tocar em algum
gentio, ou em algum objeto por estes manipulado. As tradições cerimoniais
judaicas eram repletas de minúcias superlativamente acrescidas por princípios
humanos, que tornavam suas observâncias motivo de grande orgulho pessoal e
soberba religiosa. Não passavam porém de máscaras piedosas, das quais se valiam
os fariseus, para passarem aparência ilibada, proba e insuspeita. Em outra ocasião
Jesus os chamaria de sepulcros caiados.
Regras. Esse era todo o entendimento
conveniente que faziam da religião. Regras de conduta e procedimentos, que
seguidas à risca, entorpecia de orgulho religioso seu rigoroso cumpridor, que
poderia assim se considerar merecedor da boa condição social que ocupava,
devido a ser considerado por todos um religioso proeminente. Tanto que no
cumprimento dessas regras estabelecidas pela tradição, chegavam a exageros de
dizimar hortaliças e coisas ínfimas, num pietismo frívolo apontado por Jesus
como inútil, uma vez que os princípios centrais da piedade, eram a justiça e o
amor de Deus, coisas das quais seus corações legalistas estavam longe demais de
praticar.
Ai
de vós, fariseus, que amam parecer o que não são.
Que buscam os elogios e o reconhecimento humanos, ainda que firmando-se em
comportamento fraudulento e insincero, em que a probidade e a pureza aparente,
encobre mazelas e podridões ocultas em suas almas, plenas de malícias e
engodos. Tais são como sepulturas não demarcadas, nas quais os desavisados se
tornam impuros ao tocarem, ao conviverem, pois vivem de enganar o que realmente
são.
Refletindo o Exercício
Somos constantemente tentados a levarmos uma vida religiosa
de fachada, em que o que parece ser é preferivelmente e mais importante do que
tudo o que realmente somos. É preciso ter coragem de sermos verdadeiros,
caminhando para um alvo; corações puros, e não apenas mãos lavadas.
Gostei muito desse exercício, talvez por ele ser muito próximo da realidade de nossa igreja "não igreja" e por ouvir da boca de professores que a humildade é melhor compreendida por alunos de outros cursos do que pelos do curso de Teologia, que por seus saberes e regras andam com egos inflados orgulhosos de si mesmos por suas práticas religiosas.
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