terça-feira, 18 de novembro de 2014

* Arrependei-vos! Porque pegamos o caminho errado




“Sempre ouço pessoas dizerem que não se arrependem de nada do que fazem, querendo demonstrar, talvez, que não têm vergonha de seus erros ou que sabem assumir suas conseqüências. De certa forma até seria louvável, se isso não embutisse uma profunda relutância em admitir que, em algum momento do caminho, tomaram a direção errada, e que terão de retornar até lá e começar tudo outra vez, se é que pretendem chegar ao destino originalmente traçado.”
JLJr

Antes de iniciarmos a audição do Sermão do Monte, será muito importante identificarmos algumas marcações importantes do cenário em que ele se desenvolve. Não me refiro ao cenário físico, porque podemos encontrá-lo em quaisquer manuais bíblicos ou em livros ilustrados onde fotos retratam o possível local onde os discípulos ouviram o sermão. Refiro-me ao cenário religioso e emocional em que estavam inseridos os ouvintes de Jesus.

Israel amargava total distanciamento do objetivo que Deus havia traçado para o seu povo. A idéia de um povo santo, separado para lhe pertencer e fiel à esta identidade, criado para que, tanto o seu pensamento quanto o seu comportamento refletissem a glória de Deus e revelasse sua imagem, havia se perdido ao longo de muitos séculos.

Israel não quis ser esse povo. Declinou da missão de ser um povo modelo da sujeição e do domínio de Deus. Na verdade pediu e exigiu ser igual às outras nações, assemelhando-se a elas na constituição política, nos hábitos sociais e até na prática religiosa. Não havia diferença relevante mais sim um modo de vida muito comum a todas as nações que o cercavam.

Arrependei-vos! Dizia Jesus, porque é chegado o Reino de Deus. Arrependei-vos, porque não foi para isso que vocês foram constituídos povo de Deus, nação santa. Não foi para viver essa vida de puro ritualismo, formalidades religiosas, ativismo pretensiosamente piedoso que o Senhor os chamou desde Ur. Arrependei-vos! Abandonem esse modelo superficial, conveniente e ritualista. Assumam uma vida mais relevante, efetiva e plena do domínio e do reinado de Deus em suas vidas.

Ao longo de todo o sermão, Jesus confrontará diante de seus discípulos o vigente e a novidade, o certo e o perfeito, o comum e o revolucionário... O legal e o ideal. Ele apresenta analogias extremas, porém possíveis, fazendo-se exemplo personificado de sua proposta de vida santa, de comunhão com Deus, e de surpreendente relevância no contraste com tudo o que a sociedade e a religiosidade contemporâneas ofereciam. “É chegado o Reino de Deus”.

Então Jesus se afastou para o monte e se distanciou das multidões. Preferiu ficar a sós, mas seus discípulos se aproximaram. Sabendo que provavelmente teria algo a lhes dizer, eles sentaram ainda mais perto, guardando silêncio e esperando que ele o quebrasse. Então o Senhor, abrindo a boca, começou a ensinar-lhes dizendo...

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

=> Desconhecidos íntimos - o milagre do Espírito em nós





“São milhares que jamais vimos. Multidões a quem nunca nos dirigimos. E somos tomados de cumplicidade e confiança, pela unidade da fé. É uma troca espontânea e intensa, em nada imposta por regras ou artifícios. Um prazer que nos embala e arrebata, porque n’Ele somos um; desconhecidos íntimos.”
                      JLjr


42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
                      Atos 2:42-47 - RA

Em tempos em que as relações se pautam por conveniências e interesses os mais diversos e suspeitos, a comunhão da igreja e o convívio espontâneo e prazeroso pela unidade da fé, soa provocante aos corações e mentes, anunciando com contundência e poder, o cuidado e a salvação que nos foi dada em Cristo, nosso Senhor.

Adolescente, ávido por viver tudo ao mesmo tempo e intensamente, e sendo vizinho da Igreja Batista de Cachambi por anos, lembro que me causava alguma estranheza ver tanta gente perder o domingo inteiro na igreja, enquanto eu e meus colegas nos divertíamos jogando bola na mesma rua. Digo alguma, porque no fundo, embora criticasse com pilhérias os crentes que ousavam passar pelo meio de nosso campo de futebol, havia em mim uma inquietante pergunta sem resposta; o que os motivava a tanta dedicação?

Não demorou muito para que, durante a semana da Escola Bíblica de Férias – EBF, eu passasse a conhecer de dentro, o que impelia aquela gente a um convívio tão continuado e intenso; o prazer. Sim, porque afirmação alguma, ou qualquer que seja o mandamento, nada supera o apelo do prazer legítimo que a comunhão gera em nossos corações. E como gosto de afirmar, sensações são mais fortes que argumentos. Por isso “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.” (Salmos 133:1 e 2 - RC). A comunhão é um perfume que agrada os que nos rodeiam e nos reveste de encanto.

É claro que não falo de uma mera reunião ou ajuntamento. Com certeza já participamos de grupos em que a proximidade não passava de conveniente formalidade ou atitude protocolar. Nos mais variados ambientes, e não excluo aqui os religiosos, percebemos olhares ocos, sentimos abraços frios, e amargamos apertos de mãos sem vida. Por muito tempo alegria foi sinônimo de pouco siso. Sorrisos não combinavam com piedade, e efusivas demonstrações de afetos entre os irmãos eram vistas com estranheza e suspeição. O cuidado com o outro era responsabilidade de pastores e líderes.

Que fique ainda mais claro, que também não falo de demonstrações frívolas e inconsistentes de proximidade, com palavras pré-moldadas ou frases colocadas, todas para criarem uma falsa aparência de afinidade e emoção. De nada adiantam lábios que se adulam mutuamente, com corações distantes e interesses conflitantes ou divergentes. Intimidade se constrói sobre propósitos confluentes e o prazer sincero de estarmos junto do outro, com o outro, e pelo outro. O milagre de sermos um, sendo muitos; o poder do Espírito que habita em nós.

Ora, o que é a comunhão para nós, senão o exercício legítimo da unidade da fé? E esta mesma fé não é o dom de Deus derramado em nós por sua bondade e graça, mediante o sacrifício de Jesus? Logo podemos afirmar sem qualquer medo ou insegurança, que a vivência permanente e o convívio dos santos, em amor, são uma das mais contundentes e profícuas pregações que a Igreja pode fazer ao mundo sobre tão grande salvação. A unidade da fé e a comunhão em amor são proféticas ao mundo.

Portanto não temos e não devemos nos envergonhar de nada que vivemos ou produzimos, irmanados que estamos em Deus. Vivendo em comunhão e amor, louvando e adorando o Autor da vida, pregamos a salvação. Porque se o amamos é porque Ele nos amou primeiro. E se somos um, é porque ele nos salvou. Louvado seja o nosso salvador. Amém.

sábado, 8 de novembro de 2014

ENEM aí pra ninguém...





“Sempre ouvi dizer que o sucesso está nos detalhes. Se isso é verdade, grande parte do insucesso das políticas públicas está exatamente na distância entre o que se planeja e o que é efetivamente realizado. Ora por falta de vontade e efetividade, ora pelo não engajamento ideológico da equipe que deveria realizar o planejado. O problema às vezes é de essência e de gente”
                      JLjr

Eu me lembro bem, não faz muito tempo, durante a campanha eleitoral para a presidência da república, o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, foi amplamente utilizado como exemplo de gestão e de política publica para a Educação. Um grande feito desse ministério e do governo do PT. Um sucesso que particularmente questiono, não tanto por sua pertinência, mas pelos detalhes logísticos que, desconsiderados, podem interferir para sempre na vida de tantos jovens que sonham com o ingresso em uma faculdade.

Podemos começar com a espetacular definição dos locais de prova. Um processo que, se tem alguma lógica, não atende ao mínimo de coerência na distribuição dos candidatos pelas unidades. Um maciço e desnecessário cruzamento de bairros ainda que próximos, mas que na prática se torna intransponível, dado o trânsito extra de um dia de prova. Na região de Jacarepaguá, aqui no Rio de Janeiro, candidatos residentes na Taquara, Tanque e Curicica, lotados em unidades da Freguesia e vice-versa. Resultado; só na sala em que prestei exame mais da metade não apareceu. Minha filha relatou mesma proporção onde ela fez sua prova. Ah! Sim. Eu fiz o ENEM, então estou falando como quem participou do processo.

Me pareceu que por principio os candidatos foram distribuídos segundo a letra inicial de seus nomes, dentro de uma determinada região geográfica. Um critério que pode até funcionar em cidades pequenas ou em lugares onde o trânsito local não ofereça um engarrafamento tão absurdo num sábado de prova nacional. Numa grande cidade como o Rio, o critério mais simples seria o do CEP do candidato relacionado ao CEP da unidade mais próxima. Assim evitaríamos deslocamentos significativos, como o que realizamos ano passado, quando morando em Colégio, minha filha foi lotada em uma unidade no Engenho Novo, mais de quinze quilômetros de distância, que foram percorridos em duas horas de carro, sempre buscando caminhos alternativos, tamanho o nó no trânsito daquele dia. Imaginei que a experiência do ano passado tivesse servido às autoridades e responsáveis, para que tal circunstância não se repetisse. Doce ilusão.

Depois voltarei na questão logística. Porque uma outra e importante preocupação foi a relação “quantidade de questões x tempo de prova” Tenho a impressão que o iluminado que calculou isso jamais realizou uma prova, ou se o fez, sempre teve o gabarito no colo. Questões longas que requeriam excessivo cuidado na leitura, tanto do enunciado quanto das alternativas, jamais poderiam atender ao coeficiente de três minutos por questão, sem contar que uma grande quantidade das noventa questões demandava cálculo. Tanto é verdade, que na prova da UERJ o quoeficiente é de quatro minutos por questão. Presenciei muitos candidatos apressando suas marcações ou fazendo as últimas quinze questões de qualquer forma, para não correrem o risco de não completarem a prova.

Voltando, alguém aí falou em trânsito? Durante a semana, quem trafega por qualquer região no Rio de Janeiro, e sei que também em outras cidades como São Paulo, esbarra até sem querer num contingente imensurável de agentes de trânsito. São tantos, que lotariam facilmente um Maracanã em dia de decisão. Mas hoje, um dia de evento nacional, quando que uma quantidade enorme de candidatos se desloca pela cidade, não havia qualquer agente da CET-Rio nas ruas auxiliando o escoamento do trânsito. Resultado? Nó na Taquara, nó no Pechincha e na Freguesia, para ficarmos nos bairros em que fui testemunha ocular do fato.

Alguém poderia argumentar que não são problemas assim tão graves e que não dizem respeito diretamente ao ENEM. Concordo e descordo. Porque se é verdade que o exame propriamente dito não deixou de ter sua aplicação realizada, por outro lado a falta de cuidado com pequenos detalhes que acarretam grandes transtornos, demonstra ausência de planejamento e de coordenação do aplicador nacional do exame com as autoridades locais, para garantir que a totalidade dos candidatos inscritos consiga ter o acesso necessário às suas unidades de prova.

Pra piorar a sensação de quem foi impedido de prestar o exame por circunstâncias que estiveram além de suas possibilidades e previsibilidades, a Jornal Nacional em sua edição de hoje, ressalta apenas que alguns “atrasados perdem a prova por se atrasarem”, deixando de prestar um importante serviço, que seria a cobrança desses cuidados por parte dos organizadores. Um desserviço a que já vimos nos acostumando ultimamente.

Por fim, amanhã teremos mais. Domingo sem tanto carro na rua e bem menos candidatos acorrendo aos locais de prova. O ENEM será um sucesso! E com a contabilização do total de inscritos, não dos que conseguiram realizá-lo.
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