sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Intimidade com Deus e os irmãos - Um presente da graça




19 Por isso, irmãos, nós temos completa liberdade para entrar no Lugar Santíssimo. E nós podemos fazer isto com toda a confiança, por causa do sangue de Cristo.20 Nós podemos entrar através de um novo caminho — um caminho de vida — o qual Jesus nos abriu. E este caminho nos leva através da cortina, isto é, através do seu próprio corpo.21 Nós temos um grande sacerdote que governa a família de Deus.22 Portanto, vamos nos aproximar de Deus com coração sincero e com firmeza de fé. Nós podemos fazer isso porque nossos corações foram purificados, libertando-nos do peso de nossa consciência, e também porque o nosso corpo foi lavado com água pura.23 Vamos seguir firmes e sem vacilar na esperança da nossa fé, pois aquele que fez a promessa é fiel.24 Vamos também considerar uns aos outros, a fim de nos encorajarmos a mostrar amor e a fazer o bem.25 Não deixemos de nos reunir, como algumas pessoas estão fazendo. Ao contrário, vamos nos reunir e fortalecer uns aos outros, ainda mais agora que vocês estão vendo que o Dia se aproxima.”
                      Hebreus 10:19-25 – VFL

Uma das características mais marcantes do cristianismo, é a existência de uma relação direta e livre com um Deus pessoal (digo pessoal por ser Ele pessoa assim como pessoa me fez, e não por ser um deus particular e exclusivo). Uma relação considerada impossível pelo homem natural, ora por entender que um ser superior necessariamente não seria acessado por uma pessoa comum, ora por não crerem em sua existência, e portanto considerar-nos a todos nós que o professamos, loucos delirantes, com grande dose de esquizofrenia.

O autor do livro de Hebreus, no entanto, sendo profundo conhecedor do procedimento religioso judaico, traça um perfeito paralelo entre o ritual de expiação dos pecados estabelecido pela Lei Mosaica, e o ato de redenção realizado por Jesus, como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Um ritual que apregoava Deus como inacessível ao homem comum, dada sua santidade e perfeição.

O ritual de purificação dos pecados realizado uma só vez por ano, era presidido pelo principal sacerdote, que tinha, somente ele, autorização para entrar na câmara mais interna do templo, conhecida como Santo dos Santos, onde acreditava-se morava o próprio Deus. Ali os sacrifícios eram oferecidos pelos pecados. Um Deus por assim dizer distante do cotidiano do povo, pensado como um Deus de presença esporádica e alheia, porque alí ou além. Jamais aqui e em nós.

Entre os diversos motivos que contrariaram os interesses políticos e revolucionários dos judeus e seus líderes religiosos da época, o acesso livre e direto a Deus propiciado e incentivado por Jesus, foi o gerador de grande indignação entre os hebreus. Como assim se pode falar direto com Deus? O mesmo Deus de quem até bem poucos dias não se podia sequer balbuciar o nome ou lhe mencionar em vão, agora é chamado de papai por qualquer um, que com ousadia crê que os pecados que lhe afastavam de Deus estão perdoados. Um verdadeiro absurdo! - deviam resmungar os legalistas de plantão.

A verdade é que o Deus de quem a própria lei me afastava, agora se entrega em companhia a nós, seus filhos. E não só isso, mas também habita em mim pelo seu Espírito não só fazendo-se presente, mas se envolvendo e se fazendo envolvido em toda a minha existência cotidiana. Não é mais preciso entrar em sua presença, Ele está em mim. Se antes, como apregoava o salmista eu não conseguia escapar de sua onipresença e onisciência, agora seu Espírito opera em mim uma profunda transformação, produzindo a imagem de seu Filho. Passamos nós a ser a morada de Deus. O véu do lugar Santíssimo foi rasgado. nada mais nos separa de Deus.

Ora, sendo assim estabelecido tão livre e ilimitado acesso, o que esperamos para exercitar constantemente a intimidade oferecida por Deus através de seu Espírito? Portanto, vamos nos aproximar de Deus com coração sincero e com firmeza de fé, diz o versículo 22. Deus nos chama ao relacionamento com ele. O Senhor nos chama à intimidade. Orai sem cessar é a orientação de Paulo. Ele não é mais uma coluna de fogo, uma sarça ardente, um amuleto que trago reverente no bolso, a quem recorro em caso de precisão. A quem posso chamar Paizinho interage comigo instante a instante, vivendo em mim e eu n'Ele.


“Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros”
                      Romanos 12:5 – RCF


25 Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. 26 De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele."
                      1 Coríntios 12:25-26 – RCF

Um outro aspecto de profunda significância é a comunhão do corpo de Cristo; a igreja e seus membros. O texto de Hebreus mesmo faz esse alerta. Devemos ter liberdade uns para com os outros, liberdade intimista, que nos permita apoiar, sustentar em amor e cuidado, admoestando-nos mutuamente ao exercício da comunhão e presença mútua. final somos membros uns dos outros.

É importante ressaltar isso, porque muitos se permitem perder esse contato, cuidando que sozinho sabe se manter firme e confiante no caminho que nos está proposto. Mas isso não é certo. Desde muitos tempo já se dizia que não é bom que o homem esteja só. Essa máxima não se aplica apenas ao contexto da relação amorosa homem-mulher. Ela é mais ampla à medida que revela uma necessidade gregária da alma humana. Deus não nos criou para sermos sozinhos, nem para andarmos sozinhos, nem para vivermos e nos virarmos sozinhos.

Sendo membros uns dos outros, nos completamos mutuamente e nos servimos mutuamente, funcionalmente existindo como um só organismo. Um exército de desconhecidos íntimos, que se permitem carregar as cargas uns dos outros em amor, na confiança de que Deus é tudo em todos.

Portanto exercitemos plena e urgentemente nossa relação íntima com Jesus e sua igreja . Uma relação transparente, não que eu tenha como dele esconder alguma coisa, mas considerando que a transparência é uma atitude em que eu me dou a conhecer, ainda que o outro já nos conheça ou tenha grandes suspeitas sobre mim. Se a um coração contrito e quebrantado o Senhor não resiste, de um igualmente solidário sua igreja não se esconderá.

Um forte abraço.



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A arte da obra em nós



“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.”
                      Filipenses 1:6 – RA

De todas as expressões da criatividade humana e sua capacidade de realização, a mais contundente e propícia ao encanto e admiração é a arte. Desde a escrita, passando pela música, teatro e as artes plásticas, todas nascem da concepção do artista, que antevê seu objeto acabado, e o forma passo a passo para ser aquilo que concebeu, passeando pelo prazer da produção e se satisfazendo tanto com a preparação quanto com o resultado final.

Sim, o artista tem prazer na elaboração e execução de sua arte. E não pode ser diferente, pois sem prazer e satisfação não se sustenta a inspiração que o leva à produção. Ele enxerga sempre além do que os demais e se delicia em sua visão extra do que pode se transformar uma ou muitas simples folhas de papel em branco, uma tela vazia, um monte de argila, um tronco de árvore, restos de pau e pedras, ou mesmo ferros retorcidos, que a ninguém mais interessaria, senão para ser jogado fora ou se muito, vendido ao ferro-velho.

O prazer do artista se revela em seu entusiasmo. Entusiasmar-se significa estar imerso em Deus, inspirado, tomado de sua capacidade realizadora. Uma obra de arte não se executa e jamais se completa admirável e encantadora sem entusiasmo. Os museus do mundo inteiro desfilam inúmeras obras que, por eras e sobrevivendo às diferentes tendências da forma e conteúdo, causam as mais variadas reações em seus admiradores, como se tivessem acabado de ficar prontas. O entusiasmo criativo é transcendente.

Bem entendida em suas fases desde a conversão, a vida cristã se assemelha em muito a produção de uma obra de arte. Chegamos ao Reino como um material bruto, sem forma, envolto no caos de nossas existências. Aos poucos, no cotidiano de nosso relacionamento com Deus, o seu Espírito vai-nos moldando e dando a forma e a aparência que de antemão pretendeu que tivéssemos; a imagem de seu Filho.


“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
                      Romanos 8:29 - RA

Essa imagem de Cristo em nós é moldada por Deus dia-a-dia. Seja o material de que origem ou qualidade for. Porque a qualidade da obra está exatamente na criação do improvável, do inesperado. O artista vê o que não vemos e realiza o que sequer imaginávamos. Quantas vezes olhamos para trás na história de nossa caminhada cristã, e percebemos o quanto já mudamos em nossas atitudes e predileções, trocando até mesmo nossas reações e impulsos mais instintivos, por outros renovados em suas naturezas.


“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
                      2 Coríntios 5:17 - RA


 “10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; 11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, 12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz.”
                      Colossenses 1:10-12 - RA

Portanto somos obra de Deus. Feitura sua. Somos chamados vasos porque feitos artesanalmente como o oleiro fazia seus vasos. Temos propositada utilidade, e cada vaso Seu atende a um propósito. A beleza da obra está no quanto ela atende do propósito para o qual foi criada. Nós fomos chamados para caminharmos em novidade de vida, em uma ética renovada porque refeita por Deus em nossa natureza, e renovadora porque capaz de inspirar e contagiar o mundo.

Assim, deixemos que o Espírito do Senhor realize em nós a obra transformadora a que se pretendeu. Sejamos vasos úteis e crescentemente capacitados para cumprir o propósito de nossa salvação. A Deus toda a Glória.

Bom treino a todos!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Distrações 3 - Perto de quem come, mas orando por quem trabalha




16 Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados,17 que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.18 Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal,19 e não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento concedido por Deus.
20 Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo,21 tais como: não toques, não proves, não manuseies 22 (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? 23 As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne.”
                      Colossenses 2:16-23 – NTLH

Nas últimas semanas acirraram-se os comentários sobre o carnaval, e a participação da IBC-Barra na programação dos blocos que desfilam no circuito do Recreio, com seu bloco Sou Cheio de Amor. Entre acusações e defesas que variaram de pertinentes à despropositadas, muito se falou com argumentos de ambas as partes, fazendo dessa questão um pleito que remetia a um tribunal inquisidor, onde intenções e propósitos foram julgados à luz de uma "lei" ascética, e austeridades foram caluniadas como inércia e falta de amor pelas almas. Vaidade de vaidade, diria Salomão, tudo é vaidade.

Confesso que a situação também me causou certo embaraço no início, pois tendemos a rejeitar imediata e superficialmente, tudo o que vai de encontro às nossas predileções, hábitos e costumes. Batistão há quase quarenta anos, ter um bloco de carnaval com integrantes de uma igreja batista, me causou estranheza e um incômodo que beirou à perplexidade. E o assunto foi profundamente discutido em casa, com idas e vindas em posições que sempre davam lugar a outra argumentação mais adequada, num crescente de percepções que foram forjando o entendimento que declaro aqui. E que fique bem claro, é o meu entendimento, porque somente Deus pode julgar os segredos dos corações, e o caminho dos homens.

Pela experiência de vida no tempo e pelo exercício cotidiano da fé, e tendo ainda vivenciado diversas oportunidades em que Deus agiu soberanamente alheio aos nossos postulados e pretensos rigores da forma e do método, tenho a convicção de que Ele é soberano em seus propósitos e não se permite engessar, conquanto se mantém fiel ao seu amor pela humanidade, e ao interesse por sua conversão.


24 Passados uns três meses, foram levar notícias a Judá: “Eis que tua nora Tamar prostituiu-se e ficou grávida por causa de sua má conduta!” Então Judá ordenou: “Tirai-a para fora de casa e que seja queimada viva!”.25  Assim que a agarraram, ela mandou dizer a seu sogro: “Sim! Estou grávida do homem a quem pertence isto. Vê se o senhor reconhece a quem pertence este selo, este cordão e este cajado”. 26  Judá os reconheceu e declarou: “Ela é mais justa do que eu, porquanto não cumpri minha palavra, dando-a como esposa ao meu filho Selá”. E nunca mais teve relações sexuais com ela.”
                      Gênesis 38:24-26 – KJA


13 E, em seguida, uma voz lhe ordenou: “Levanta-te, Pedro! Sacrifica e come”.
 14 Porém, Pedro replicou: “De maneira alguma, Senhor! Porquanto jamais comi alguma coisa profana ou impura”.15 Contudo, a voz insistiu pela segunda vez: “Não consideres impuro o que Deus purificou!”
                      Atos 10:13-15 – KJA


“Eram tão-somente ordenanças que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de purificação com água; esses mandamentos exteriores foram impostos até a chegada do tempo da nova ordem.”
                      Hebreus 9:10 – KJA

Não gosto de carnaval e nunca gostei. Não gosto de bloco e nem de aglomerações. Mas esse é um pensamento e costume MEU! Não posso ser presunçoso ou pretensioso a ponto de achar que MEUS gostos e MEUS pensamentos sejam espelho ou régua do pensamento e dos propósitos de Deus. Pedro foi advertido pelo anjo, após ter chamado de "impuro" aquilo que Deus havia purificado, referindo-se ao evangelho ser anunciado aos gentios. Tamar suscitou herdeiros ao filho mais velho de Judá, cumprindo mais a justiça do que Judá que obedecia à lei, requerendo sua morte devido a presumida prostituição.

A própria Bíblia contém significativas narrativas de circunstâncias em que o que se imaginava incorreto ou contrario à lei, prevaleceu sobre a lei ou as tradições religiosas do momento. Lembrem-se o quanto Jesus quebrou de paradigmas contrariando fariseus e escribas, colocando-se contrário a eles na interpretação da lei, sendo firme no propósito de acolher o pecador. Em Cristo, a humanidade tomou ainda maior importância diante de Deus, estando a lei e as ordenanças completamente inoperantes e incompetentes para a salvação da humanidade.

Não bastasse isso, também aprendi que cada um com seu dom, contribui para o crescimento da igreja e para a pregação do evangelho. Eu preferencialmente me gasto em testemunho de fé pela pregação e o ensino da Palavra. Gosto do discurso do amor incondicional, e de anunciar o amor de Deus em Jesus, falando, ensinando e discipulando. Mas, outra vez, é um caso de preferência, pois é o meu dom. Há multiplicidade de dons, e cada um serve a Deus com aquilo que lhe foi concedido.

Não gosto de carnaval e nem iria a qualquer bloco. Mas isso é gosto e não posição teológica ou espiritual. Como estratégia de evangelização também não usaria, porque tendemos a utilizar o que gostamos de fazer e que nos dá prazer. Mas quem pode em sã consciência negar que Deus pode agir e efetivamente age como quer e bem entender? Repito, só o Senhor poderá julgar as intenções. Não devemos jogar fardos sobre os outros, ou determinarmos julgo que não pretendem ou não lhes é próprio carregar. Não me cabe impor quaisquer predileções minhas e particulares visões a quem quer que seja. Principalmente porque falo de irmãos na fé, de quem presumo estarem sob a mesma unção que nos foi dada quando da fé na ressurreição de nosso Senhor e Salvador. Ou julgaremos também suas conversões e dedicação a Deus?

Portanto, se eu não gosto da idéia, tampouco dela desgosto. E se não vou ao bloco por questão de gosto e costume pessoal, orarei a Deus para que os corações sejam alcançados pelo trabalho e dedicação daqueles que ali se juntam para proclamá-lo com ousadia e temor, tendo como firme o propósito anunciado de testemunhar da salvação em Jesus.

Como bem disse a Fernanda Brum em seu comentário, e o autor de Hebreus no texto acima, tudo isso é vão e acabará quando Jesus se manifestar. E toda diferença será nada. Portanto o que nos une é sempre mais forte e infinitamente mais importante do que aquilo que eventualmente nos separe. E olha que nem separa tanto assim!

Ora, discutir o que seria certo ou errado, é totalmente irrelevante, diante do que o Senhor pode realizar, independentemente dos meus gostos ou preferências. Nossa luta não é contra a carne. Temos horizontes muito mais amplos nos quais devemos lançar nossos olhares. Uma nação imensa para evangelizar. Desafios muito mais profundos, como o crescimento espiritual individual, porque cada um deve cuidar de como cresce e frutifica.

Os irmãos que vêem falando contra a ação da IBC-Barra, falam do que não conhecem ou tentam implementar ascetismo frívolo e fora de contexto, contra o qual Paulo brigava profundamente. É preciso lembrar que em momento algum se falou em "brincar o carnaval" num bloco alternativo. É antes um movimento de inserção num ambiente hostil e num momento difícil, em que o objetivo é anunciar a salvação e um encontro com Deus, a quem, perdido, tenta loucamente satisfazer seus vazios e questionamentos em bebedeiras, sexo casual e drogas. Não fizemos a mesma coisa na época do primeiro Rock in Rio, distribuindo folhetos na porta do evento? Não fomos tantas vezes para dentro de presídios levar a mensagem do evangelho a bandidos perigosos. Lembro que fazíamos essas coisas com o coração repleto de desejo pela salvação daqueles que nos iriam escutar...

A IBC-Barra tem esse perfil evangelístico e o bloco Sou Cheio de Amor não fere em nada esse seu perfil. Além disso, não obstante minhas predileções, defenderia até minha ultima gota de sangue o direito de seus membros de implementarem a estratégia que melhor lhes pareça utilizar, porque não sabemos o que Deus prepara para alcançar essa ou aquela pessoa. Quem somos nós para dizermos por quais caminhos Deus deve de trilhar, ou que metodologia utilizar, para chamar alguém para perto de si mesmo? Ou queremos nós dizer como o Senhor deve ou não agir? Somos mandantes ou mandatários no dever da evangelização?

De modo que Deus não se deixa frustrar. Sua vontade sempre prevalecerá. E quaisquer que sejam nossas opiniões, estratégias, convicções ou suspeitas, elas jamais operarão a bondade, o amor e a misericórdia do Senhor, em quem todas as nossas divagações, são apenas reflexos embaçados da verdade prevalente e sempre perfeita de Deus.

Portanto, quem for de bloco que vá e se esmere em Cristo com temor e singeleza de coração. Quem não for, que os sustente em oração. Em tudo seja o Senhor louvado!

Um forte abraço.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Distrações 2 - Bagagens desnecessárias



1 Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. 2 Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. 3 Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. 4 Cristo é a verdadeira vida de vocês, e, quando ele aparecer, vocês aparecerão com ele e tomarão parte na sua glória.”
                      Colossenses 3:1-4 – NTLH


1 Assim nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. 2 Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus.
3 Pensem no sofrimento dele e como suportou com paciência o ódio dos pecadores. Assim, vocês, não desanimem, nem desistam.”
                      Hebreus 12:1-3 - NTLH

Notem que as passagens acima são as mesmas que utilizamos no texto anterior, pois como havíamos dito, falaríamos em seqüência sobre as distrações que nos sabotam o caminho do crescimento espiritual.

Precisamos tocar num delicado mas imperioso assunto; o que utilizamos como conceito de vida. Na primeira parte falamos sobre o pecado e seus ataques muito mais intensos na atualidade, pela oferta que os meios de comunicação e a tecnologia trazem para o nosso cotidiano. Nessa segunda parte, porém, falaremos sobre a satisfação dos próprios interesses e dos sonhos de realização pessoal, nos moldes da visão humana disseminada na sociedade como objetivo primordial da existência, e prova de sucesso na vida.

Vocês foram ressuscitados com Cristo. Ora, Paulo não está escrevendo para ninguém que esteja ao lado de Deus ou que já tenha ressuscitado fisicamente. Ele está falando a Timóteo que lidera a igreja em Éfeso, formada por pessoas vivas e inseridas no cotidiano da existência humana.

Mas por que ele dá como ocorrido um fato que está na relação dos eventos aguardados por todos nós que cremos, para o Dia do Senhor, dia da sua volta? Simples. Não há aqui qualquer conflito, senão o uso semântico do estado de vida daqueles que já passaram pela morte. Ou seja, se morremos para o mundo e suas paixões, mas continuamos a respirar e a andar nesse mesmo mundo, somos como que mortos, porém vivos. Mortos mas ressuscitados. Mortos para o mundo, mas ressuscitados para Cristo e estando com Cristo.

O que o apóstolo parece querer evidenciar, é que houve uma morte. E no contexto de nossos dias, uma morte para a vida que se levava anterior à conversão, onde o mundo e suas demandas determinavam seus pensamentos, definiam suas atitudes e orientavam sonhos e projetos. A vida orbitava em torno daquilo que a sociedade entende como modelo e fim existencial; ter sucesso, dinheiro e felicidade. A realização pessoal como objetivo primordial da vida de cada individuo. Uma bagagem desnecessária, na viagem que temos que realizar até nossa terra prometida.

É preciso quebrar esse vínculo, fugir desse modelo, ampliar nossa visão de pertinência e de sentido da vida. Pensem nas coisas lá do alto. Nas coisas que serão eternas, e que podem desde já, nos encher de vida e vida em abundância, diferentes da ambição cotidiana que nos arrebata a um estado de tensão e busca incessante por aquilo que não edifica.

É claro que ao abandonarmos esse modelo, a invertermos essa lógica existencial, seremos apontados, criticados, discriminados em meio a uma sociedade que considera louco todo aquele que não adere, ou nem mesmo se deixa seduzir por sua complexa e fugaz definição de valores, onde ter determina o que se é, e o que se é não tem qualquer valor, se o ter não lhe acompanhar como confirmação da aprovação às escolhas e aos procedimentos assumidos na vida.

Paulo afirma que a manutenção do mesmo modelo de vida “nos atrapalha”. Em algumas traduções lemos “nos embaraçam” ou “nos prendem”. Isso deixa claro que tais propósitos na vida, amarram nossas pernas, nos perturbam as passadas no caminho do crescimento espiritual. Impedem que os verdadeiros alvos de nossa vida sejam atingidos, e que nos fortaleçamos para vivermos a carreira que nos está proposta.


5 Portanto, matem os desejos deste mundo que agem em vocês, isto é, a imoralidade sexual, a indecência, as paixões más, os maus desejos e a cobiça, porque a cobiça é um tipo de idolatria. 6 Pois é por causa dessas coisas que o castigo de Deus cairá sobre os que não lhe obedecem. 7 Antigamente a vida de vocês era dominada por esses desejos, e vocês viviam de acordo com eles.
8 Mas agora livrem-se de tudo isto: da raiva, da paixão e dos sentimentos de ódio. E que não saia da boca de vocês nenhum insulto e nenhuma conversa indecente. 9 Não mintam uns para os outros, pois vocês já deixaram de lado a natureza velha com os seus costumes 10 e se vestiram com uma nova natureza. Essa natureza é a nova pessoa que Deus, o seu criador, está sempre renovando para que ela se torne parecida com ele, a fim de fazer com que vocês o conheçam completamente.”
                      Colossenses 3:5-10 – NTLH

Não há como livrar-se de tudo isso, tendo ainda como meta de vida a satisfação pessoal; a conquista dos próprios interesses. Para que fossemos salvos, Jesus esvaziou-se de si mesmo, não tendo por usurpação o ser igual a Deus. Nem mesmo aquilo que lhe era próprio e por direito, o impediu em seu propósito de salvar a humanidade. Como então viveremos ainda nos mesmos moldes seculares de vida, crendo que conseguiremos cumprir assim a vontade de Deus? Para crescer é preciso desprendimento. Não é só andar em um caminho novo, mas andar em novidade de vida.

Que saibamos nos livrar das pesadas bagagens do velho homem, e que a vida cotidiana não nos seja embaraço para fazermos a vontade de Deus a caminho da glória.


Um forte abraço.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Distrações 1 - o pecado por spam




1 Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. 2 Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. 3 Porque vocês já morreram, e a vida de vocês está escondida com Cristo, que está unido com Deus. 4 Cristo é a verdadeira vida de vocês, e, quando ele aparecer, vocês aparecerão com ele e tomarão parte na sua glória.”
                      Colossenses 3:1-4 – NTLH


1 Assim nós temos essa grande multidão de testemunhas ao nosso redor. Portanto, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra firmemente em nós e continuemos a correr, sem desanimar, a corrida marcada para nós. 2 Conservemos os nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa. Ele não deixou que a cruz fizesse com que ele desistisse. Pelo contrário, por causa da alegria que lhe foi prometida, ele não se importou com a humilhação de morrer na cruz e agora está sentado do lado direito do trono de Deus.
3 Pensem no sofrimento dele e como suportou com paciência o ódio dos pecadores. Assim, vocês, não desanimem, nem desistam.”
                      Hebreus 12:1-3 - NTLH

Sempre digo aos meus filhos que a vida nos dias de hoje é ao mesmo tempo mais fácil e mais difícil do que era quanto eu tinha a idade deles. Isso porque, considero que apesar dos avanços tecnológicos que nos proporcionam acesso a informação e ao entretenimento, ao conhecimento e à cultura, multiplicaram-se em progressão geométrica as oportunidades de distração, de desconexão com a realidade, das facilidades para o erro.

De dentro do quarto, diante da tela do computador, é possível visitar países, conversar com gente de diversas localidades no mundo, saber de fatos e acontecimentos quase que em tempo real. Ofertas de produtos saltam em nossas telas. Oportunidades de viagem para lugares paradisíacos nos oferecem condições imperdíveis. Amigos mandam mensagens e conversas pelo whatsapp nos interrompem a cada minuto, fazendo com que tarefas simples que exigiriam pouco tempo para serem cumpridas, se arrastem por um tempo excessivamente maior, por conta das distrações que nos seduzem todo o tempo.

Isso tudo sem contar com os apelos naturais que o mundo já oferecia e que agora continua a oferecer com os avançados recursos da tecnologia; pornografias, sexo virtual, pedofilias. Janelas indiscretas para um submundo acessível a um click. Lembre-se do que disse no início. Sem sequer sair do quarto!

Chamo de distração, tudo o que no exercício de nossa vida cotidiana interfere direta ou indiretamente naquilo que fazemos ou nos propomos a fazer, prejudicando o desempenho e a conclusão de nossos afazeres, projetos e sonhos, desde os mais simples e acidentais, até os mais complexos e essenciais.

Paulo conhecia essa realidade da vida humana. Ele sabia que o dia a dia de qualquer individuo é recheado de possibilidades que roubam nossa atenção daquilo que nos é imperioso e prioritário. Daquilo que nos é essencial. Mas dois tipos de distração que nos desviam do caminho merecem especial atenção, e deles falaremos nesse e no próximo texto: o pecado e os sonhos pessoais.

Ora, que o pecado é uma distração e uma atitude a ser combatida em nossas vidas é mais do que óbvia, e num primeiro momento alguém pode pensar que não há nisso qualquer novidade. E é verdade; novidade alguma. As formas, porém, como ele se oferece, os meios que tem para seduzir-nos e nos arrastar, esses sim são novos e impressionantemente mais sutis e perigosos; porque mais presentes, intensos e contundentes. A televisão, a internet, os meios de comunicação em geral, todos eles parecem estar à disposição para nos roubar, matar e destruir.

O que fazer então? Deixar de assistir televisão, navegar na internet ou suspender qualquer diversão ou programação social e o uso do celular? De jeito algum. Pois bem utilizados, todos são ótimos recursos para o conhecimento e amadurecimento de nosso caráter pessoal, e para a ampliação de nossa percepção de mundo, enquanto nele inseridos e participantes da sua realidade.

Mas se todas as coisas me são lícitas, nem todas me convém. É preciso orientar tanto os nossos jovens quanto a nós mesmos, que tudo pode e deve estar à mão, mas eu devo acessar somente aquilo que me seja edificante e proveitoso para uma vida de sabedoria, conhecimento e devoção a Deus, bem como para o entretenimento sadio no momento oportuno. Afinal, tudo o que tiver de ser feito, que se faça em nome do Senhor. Acredito ser esse um balizador mais do que suficiente, para que eu saiba em que, quando, como e se devo tocar.

É claro que há sempre os regradores de plantão, inquietos por definir padrões, métodos, usos e costumes, tentando mapear o caminho ideal e correto; os passos certos a trilhar – As 5 maneiras de se manter santo diante da televisão e no uso do celular e do computador. E aí vendem livros, palestras e vídeos... Vaidade de vaidade, é tudo correr atrás do vento. Regras não sustentam caráter; forjam hábitos que adestram reações. São incapazes de transformar a essência das atitudes espontâneas. Misericórdia quero e não sacrifício. Antolhos foram feitos para cavalos.

Que o Espírito do Senhor, que nos acompanha incessantemente, nos ensine a discernir o que lhe agrada, e o que nos torna capazes de sermos úteis aos propósitos de Deus, preparados para toda boa obra.

Um forte abraço.
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