Parte 05 - Cenário completo e atores coadjuvantes em cena



I – História das origens do universo e da humanidade (1:1 – 11:32)
A.   A criação do universo e da vida (1:1 – 2:3)

Capítulo 1

ü  Quarto dia: O sol, a lua e as estrelas

14 Disse também Deus: Haja luzeiros[1] no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15 E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se fez. 16 Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. 17 E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a terra, 18 para governarem o dia e a noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. 19 Houve tarde e manhã, o quarto dia.

ü  Quinto dia: Vida animal, no mar e no céu

 20  Disse também Deus: Povoem-se[2] as águas de enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus. 21  Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom. 22  E Deus os abençoou, dizendo: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e, na terra, se multipliquem as aves. 23 Houve tarde e manhã, o quinto dia

ü  Sexto dia: Os animais terrestres

 24  Disse também Deus: Produza a terra seres viventes[3], conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez. 25 E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.




[1] (1:14-18) Haja luzeiros...

E Deus então cria os luminares (Ne. 9:6; Sl. 74:16; 136:7-9; Is. 40:26). Não podemos esquecer que o interesse do narrador é teológico. O autor enfatiza os propósitos existenciais de tais astros como reguladores dos tempos de festividades e solenidades (1 Sm. 20:5; 1 Cr. 23:31; Sl. 81:3; 104:19; 136:8,9; Jr.31:35), definindo-os como criaturas de Deus, evitando até mesmo chamá-los pelos nomes, para que o povo de Israel não os viesse a adorar como faziam os povos pagãos, e mesmo os israelitas fizeram mais tarde (Lv. 26:30; Dt. 4:19; 17:3; 2 Rs.21:3,5; 23:5,11; Jó 31:26; Jr. 19:13). Estes luzeiros têm a função específica e temporal de iluminar a Terra e de servirem de reguladores da passagem de tempo (Is. 60:19; Ap. 21:23; 22:5). Mais tarde o apóstolo Paulo reafirma isso, comparando a tarefa dos luminares no céu, com a função do cristão no mundo (Fl. 2:15).


Não podemos esquecer que a luz já existia desde o primeiro dia da criação, o que significa mais enfaticamente que a luz criada naquela ocasião nada tinha haver com o sol (ver 1:4 – nota). Em Sl. 74:16, o salmista parece fazer distinção da luz e do sol, colocando ambos como criações isoladas de Deus e não as subordinando a causa e efeito.
              
[2]  (1:20-23) Povoem-se as águas... de seres viventes; e voem as aves...

Deus cria a vida animal na Terra.  A narrativa é genérica falando de seres viventes e aves. No v. 21, o narrador fala de grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, citando os dois extremos para encerrar a totalidade dos seres que vivem nas águas, como fez com “céus e terra” no v. 1. O mesmo princípio se aplica em “voem as aves sobre a terra”.

Um outro aspecto evidenciado pela narrativa, é o fato de diferenciar e determinar como produto acabado, cada espécie existente dos animais criados nesse ato divino. A expressão “segundo suas espécies” individualiza cada uma das espécies criadas, não dando margem a especulações quanto a evolução de espécies.

Há, contudo, uma outra evidência na narração do quinto dia. A citação de que os “grandes animais marinhos” (hebr. cnynth) foram criados, é uma afirmação teológica que as  inclui entre as criaturas de Deus, contrariando a crença pagã de que estes animais mitológicos (dragões ou serpentes), poderiam ser a antítese do Deus criador como seres preexistentes.
  

[3]  (1:24-25) Produza a terra seres viventes...

O cenário estava se completando. Agora Deus estava providenciando todos os seres que habitariam com o ser humano. Estariam, ainda que subjugados ao seu domínio, dividindo com ele o mesmo espaço e lhe servindo de contexto existencial, no exercício de sua vida cotidiana. Segundo a sua espécie... pois cada um teria sua própria linha de reprodução e suas características mantidas para realização de  suas funções no ecossistema planejado por Deus, cumprindo cada um o seu papel dentro dos propósitos divinos para a vida na Terra, não obstante suas variações de tamanho, cores e capacitações.

Essa citação é quase uma apologia teológica, pois define tais seres viventes, como formas acabadas e estabelecidas de vida, não deixando brecha para o conceito evolucionista das espécies, ainda que não determine que muitas delas não possam ter se extinguido, ou mesmo não terem existido simultaneamente, no intervalo de tempo indeterminado que separa sua criação, da criação do ser humano, devido ao próprio processo de preparação do ambiente ideal para a existência da humanidade, tendo os mesmos cumprido seus respectivos papéis nesse processo. Tais ciclos de existência e extinção, bem podem ter atendido à providência divina no que se refere às necessidades futuras do Homem em sua existência e progresso.

É importante ressaltar ainda, que nenhum desses seres dão origem ao ser humano, que será criado mais adiante, sobre conceitos existenciais distintos e especiais. Por essa razão, o autor reforça em sua narrativa, relativamente aos seres viventes, produza a terra. Todos os animais e demais seres viventes são produção cíclica e continuada da natureza criada, ainda que não sem seu cuidado e providência, pois ...e fez Deus...  todos.

Toda a narrativa da criação permite a percepção de um ordenado, e cuidadoso processo seqüenciado, em que cada etapa que se sucede ou dia da criação, prepara as condições para que a seguinte possa se tornar realidade. Cada novo instante da criação é precedido de um momento anterior, que lhe sustenta e propicia a realização, o que demonstra planejamento inteligente e proposital, que coíbe condições inadequadas ou processos imperfeitos.



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