quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Pacificando corações em guerra



Por Jânsen Leiros Jr.


“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus."
                      Mateus 5:9 - JFA


9 O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. 10 Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros; 11 não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor; 12 alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração; 13 acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade;  

14 abençoai aos que vos perseguem; abençoai, e não amaldiçoeis; 15 alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram; 16 sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altivas mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios aos vossos olhos; 17 a ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas dignas, perante todos os homens. 18 Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. 19 Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. 20 Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. 21 Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem."
                      Romanos 12:9-21 - JFA

Calma, calma!! Eu sei que falar em pacificação numa conjuntura mundial onde o confronto direto e o conflito armado estão na ordem o dia, soa piegas e totalmente fora de contexto. Eu sei que as guerras nossas de cada dia têm tomado de assalto os noticiários, nos envolvendo em um clima de tensão e atenção. Na sequência das bem-aventuranças, contudo, chegou a hora de falarmos da paz como característica daqueles que marcham a caminho do reino de Deus.

Sendo essa a sétima bem-aventurança, a paz parece não ser incluída aqui por acaso, pois ser limpo de coração (a bem-aventurança anterior) se apresenta como pré-condição para se buscar a paz[1], pois a sinceridade e a franqueza se mostram necessárias em um processo de reconciliação, ao mesmo tempo que é em paz que se suporta sem medo, a perseguição e as calúnias a que são submetidos aqueles que seguem a justiça de Deus. Sim, é importante dar destaque às duas vertentes da paz; pacificação e reconciliação. Dois contextos possíveis para um mesmo espírito pacificador.

Primeiro vamos ao que evita o conflito e a contenda, a quem convencionaremos chamar de pacificador. Alguns comentadores fazem alusão a uma provável estruturação do texto das bem-aventuranças, em que os pacificadores do verso nove estão ligados aos mansos do verso seis. Confesso que vejo com bons olhos essa probabilidade, dada a correlação coerente e de sentido aplicável, uma vez que os mansos optam invariavelmente pela paz, perseguindo sua manutenção não por covardia, mas por convicção de postura e viver harmonioso.

Nesse aspecto, a atitude nascida da mansidão não é aquela decorrente do temor pelo conflito em desvantagem de razão ou circunstância. Pelo contrário, o pacificador é aquele que tem a razão ao seu lado. Ele também possui a força necessária para subjulgar seu eventual oponente em um confronto direto, mas ainda assim ele busca insistentemente o caminho da paz, pelo espírito de mansidão e pela segurança que desfruta em Deus[2]. Ele não depende da luta para sentir-se sobrepujando-se a nada nem a ninguém.

O pacificador tem prazer na paz, ainda que esta lhe custe abrir mão de direitos ou qualquer outra vantagem que lhe seja cabida. Mais tarde o apóstolo Paulo fará alusão a tal comportamento, ao sugerir que devemos sempre buscar a paz com todas as pessoas, além de sempre a promover preferivelmente, quando a nós nos couber tal opção. Afinal, Deus nos chamou à paz[3].

Já o aspecto de reconciliação, intrínseco ao espírito pacificador, está ligado ao papel resgatador que Jesus exerce reconciliando a humanidade com Deus; a sua justiça. A paz é uma obra divina e Deus é autor da paz e da reconciliação, afirmou John Stott apontando que somente Deus poderia cruzar o abismo que nos separava d'Ele[4], bem como somente Ele é capaz de unir povos e etnias inimigas, fazendo de tais um só povo; o seu povo, sua igreja. Não é sem razão que Jesus é chamado o Príncipe da Paz[5].

É importante ressaltar, sobretudo, que a paz não é o abandono barato de um conflito iminente ou desencorajador, ou mesmo uma rendição estratégica de quem teme o desfecho desfavorável e danoso, como já dissemos acima. A paz tem sim um custo, e alto, assim como custou alto preço a Jesus reconciliar a humanidade com Deus. Custou-lhe esvaziar-se de si mesmo[6], não colocando seus próprios interesses ou conveniências, por mais nobres que fossem, acima do plano redentor, reconciliador e pacificador de Deus. Jesus deu-se à paz, apesar de todo o preço que isso lhe custou.

Que o Senhor nos ensine não só a gozar de sua paz, nascida da esperança que temos n'Ele, mas a também e acima de tudo, promovermos a paz por onde quer que passemos ou vivamos, não só construindo um ambiente de sereno e sem conflito, mas também comunicando ao mundo a reconciliação de Deus com o mundo, por Cristo Jesus, a nossa Paz.



[1]  Hebreus 12:14
[2]  1 Pedro 2:23
[3]  1 Coríntios 7:15b; 1 Pedro 3:11
[4]  Efésios 2:11-17; Colossenses 1:19-20
[5]  Isaías 9:6
[6]  Filipenses 2:5-8

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

De todos os milagres, o maior



Por Jânsen Leiros Jr.


8 Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. 9 Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? 10 Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras. 11 Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras. 12 Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai; 13 e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei.
João 14:8-14 - JFA

Sempre que eu lia esse texto de João, em que o próprio Jesus nos disse que realizaríamos as mesmas obras que ele realizava, eu me questionava quanto ao que isso significaria na prática, já que na maioria das vezes flanamos sobre o texto sem nele nos determos, senão na primeira parte apenas. E como se não bastasse dizer que faríamos as mesmas obras, ele acrescentou que as faríamos maiores do que aquelas, porque eu vou para o Pai. Mas que obras seriam essas?

Tais questionamentos são invariavelmente ignorados, ainda que legítimos, pela agenda pragmática de um evangelho de resultados. Com uma comunicação empobrecida e rasa, sustentada em frases de efeito e palavras de ordem, a dinâmica da maioria dos que deveriam nutrir o povo com alimento sólido, se ocupa em entreter suas audiências com mágicas, piruetas e palhaçadas, num picadeiro dantesco de um espetáculo que não pode parar.

Para uma relevante parcela dos evangélicos, as obras de Jesus ficam restritas aos milagres que operou, sem qualquer menção ao que se pretenderam todos eles. E não são poucos os líderes que convenientemente ajustam suas pautas de púlpito, para atenderem a um crescente hedonismo frívolo disfarçado de piedade, que infantiliza as multidões e perpetua um sequioso comportamento egoísta dá, dá[1].

Ora, comprometidos que se fazem com a manutenção da histeria coletiva que promovem entre seus seguidores, gastam-se na produção de espetáculos de fé e milagres, para uma multidão que acostumou-se a ser entretida convenientemente com mágicas e encantamentos. Afinal, dizem a si mesmos, nossos milagres seriam mesmo maiores do que os de Jesus, e ainda que Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente, buscando sustentar no texto bíblico, sem qualquer temor ou tremor, a manipulação que fazem das gentes que os acompanham ao abismo[2].

Pode ser que a essa altura já se pense que não passo de mais um cético insensível, que não acredita em milagres nem no poder de Deus, ou que acredita que os milagres ficaram no passado da história da igreja, em histórias míticas contadas exclusivamente para despertar a fé nas populações daquela época. Mas o que posso afirmar com todas as forças de minhas entranhas, é que sou experimentado em dores e muitos milagres, que o Senhor realizou conforme seu propósito diante de meus olhos e dos olhos de muitos irmãos, e que mantém realizando, sustentando a tudo por seu poder inabalável.

Acontece que entender as obras que tenho realizado apenas como os milagres, é restringir as obras apenas a um único e menor pedaço de toda obra realizada. É como ver apenas a ponta de um iceberg. Na verdade, os milagres operados por Jesus que a tantos beneficiava diretamente com curas e até ressurreição dos mortos, além da restituição imediata da saúde e do bem estar, ou ainda da própria vida, sobretudo resgatava o indivíduo de sua condição marginal, reintroduzindo-o e reconduzindo-o à sociedade que o marginalizou devido o mal que lhe acometeu. O milagre tinha, portanto, uma finalidade redentora.

Há algumas semanas estive em uma obra beneficente, que trata da reabilitação de crianças com deficiência, a partir de terapias com uso de cavalos; a equinoterapia. Ali, quase duzentas crianças são tratadas e cuidadas também com outras terapias complementares, além do cuidado que se tem com seus pais e responsáveis. Num ambiente de carinho e atenção, de expressa compaixão e dedicação, surgem significativos avanços no tratamento daquelas crianças que, sem aquele projeto, estariam mantidas reféns de suas limitações, dependendo do despreparo de seus próximos, e do descaso da sociedade que os mantém à margem.

Observando ali aquelas crianças com variados graus de necessidades especiais, por um instante pensei comigo mesmo: Tivéssemos fé do tamanho de um grão de mostarda, oraríamos por essas crianças e elas todas ficariam curadas de uma só vez; faríamos milagres... E então fui interrompido por uma voz interior, inquestionavelmente audível em tom desafiador, que me interpelou: E não é tudo isso aqui um milagre? E me coloquei a meditar naquela advertência.

Tudo considerado, não tive dúvidas de que estava diante de um impressionante milagre produzido pelo amor. Crianças carentes sendo cuidadas com extremo carinho por profissionais que se devotam além de suas remunerações. Tempo de vida doado por outros que sequer recebem pelo que fazem. Dinheiro sendo empregado sem qualquer expectativa de retorno, por pura abnegação e generosidade. Não é esse um milagre ainda maior, sendo que extrapola o poder indiscutível de Deus, e conta com o amor nos corações daqueles que se empenham em cuidar do próximo, espontaneamente? Não tenho medo algum de afirmar que sim.

Ora, ali não só crianças são tratadas em suas deficiências. Há famílias sendo recuperadas, pais sendo encorajados em suas responsabilidades, vidas sendo resgatadas em suas autoestimas, fugindo da marginalidade social iminente e inevitável, dada a crueldade com que a sociedade se coloca diante do carente, do necessitado, e do deficiente. Não era esse mesmo o papel final dos milagres operados por Jesus; resgate e restauração?

É claro, pode alguém ainda argumentar que tal não se trata de milagre, mas apenas de um louvável cumprimento de uma ordenança bíblica; amai-vos uns aos outros[3]. Acontece que o amor é o motor do milagre, sendo este uma das expressões daquele. Todo milagre nasce do amor, ao mesmo tempo que o exercício do amor é por si só um contundente e inequívoco milagre, pois toda vez que agimos por amor e compaixão, rompemos os grilhões do egoísmo e da indiferença. Quem ama ressurge da morte do isolamento, fatídico fim de quem vive exclusivamente para si mesmo e para seus próprios interesses.

... porque eu vou para o Pai. Essa foi a senha. Eu não estarei mais aqui. Motivados por ele em amor, podemos agir na recuperação de multidões de filhas de Jairo[4], de milhões de cegos Bartimeu[5], de coxos e leprosos mundo a fora. Pelo amor, podemos levar à ressurreição milhões ou bilhões de almas que, mortas, caminham para um inferno distantes de Deus.

Podemos mesmo realizar obras ainda maiores que as de Jesus, porque pelo milagre da salvação, e inspirados pelo seu Espírito em amor, somos capazes de multiplicar o cuidado de Deus no mundo, comunicando à humanidade sua redenção; dando-lhes nós mesmos o que comer.

Que o Espírito de Deus nos abra os olhos para esses milagres, fazendo-nos persegui-los todos os dias.



[1]  Provérbios 30:14-16
[2]  Mateus 15:14; Lucas 6:39
[3]  Romanos 12:10; 1 Pedro 1:22
[4]  Marcos 5: 22-43
[5]  Marcos 10:46-52

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Se a inveja acusa, o Espírito reina


Por Jânsen Leiros Jr.


14 Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram. 15 Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios. 16 E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu. 17 Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá. 18 Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu. 19 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus. 21 Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens; 22 mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos. 23 Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. 

24 Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. 25 E chegando, acha-a varrida e adornada. 26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro."
Lucas 11:14-26 - JFA

Jesus já vinha incomodando os líderes religiosos de Israel há algum tempo. Sua crescente popularidade e as multidões que afluíam para vê-lo e ouvi-lo suscitava profundo ciúmes naqueles homens. Tanto que alguns grupos desses líderes se deslocavam junto com a multidão, no intuito de encontrar nele qualquer possibilidade de acusação.

É importante notar na passagem acima, que a expulsão do demônio é secundária na narrativa, e serve apenas de cenário, pois sua citação é contextual. "Estava Jesus expulsando um demônio", quando... Isso porque o fato principal dessa narrativa, é a acusação que a tropa religiosa faz sobre a origem da autoridade de Jesus para expulsar demônios, incluindo aí os demais milagres que vinha realizando. A ideia do grupo era caracterizar todos os milagres e feitos de Jesus, como uma ardilosa manobra de Belzebu, o príncipe dos demônios, para enganar as multidões.

Dizer que Jesus expulsava demônios por Belzebu, não era uma acusação motivada por uma crença sincera nessa possibilidade. Na verdade, não passava de uma alternativa falaciosa para explicar às pessoas simples do povo, a razão de todo aquele poder, já que, como cita Mateus no registro paralelo do mesmo evento, maravilhadas com a libertação do endemoninhado, as pessoas se perguntavam: Por ventura não seria esse o Filho de Davi? Era portanto uma acusação eivada de inveja e maliciosa persuasão. Paulo mais tarde falará dos seus perseguidores, que por conta de semelhante inveja, pregavam a salvação, para lhe causar ainda mais problemas, por tumultuarem assim a paz nas regiões por onde passavam.

E não satisfeitos com tal acusação, uma vez desqualificada a expulsão do demônio como um engodo de satanás, entre os mesmos acusadores surgem pedidos de sinais dos céus, como se tais sinais, presumivelmente vindos de Deus, os pudesse convencer do messianismo de Jesus. Obviamente isso não era verdade. Eles apenas imaginavam que tal desafio o pudesse constranger a dar provas de si mesmo. E essa necessidade o faria incorrer no pecado da vaidade, e de pretender ser igual a Deus, a exemplo da tentação que sofrera no deserto quando faminto.

Jesus argumentou que um reino não se mantém quando dividido. Portanto se os demônios fossem expulsos por satanás, ele mesmo estaria enfraquecendo seu reino. Ora, dessa forma como conseguiria dominar o ser humano? Além disso, expulsar demônios também era uma prática entre os próprios religiosos. E por qual autoridade faziam isso, perguntou Jesus desafiadoramente. Tal circunstância flagrava a acusação infundada, repleta de ódio por parte dos religiosos; eles mesmos (os que entre vocês expulsam demônios) serão os vossos juízes.

Ora, se satanás expulsasse o demônio que assolava o endemoninhado, quem ocuparia aquela casa? Não estaria ela a mercê de uma possessão ainda mais destrutiva? Quando o Espírito de Deus porém é quem habita ali, não há mais como ser dominada por qualquer demônio. Pois se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.

Havia ainda uma outra face de Jesus que incomodava e suscitava inveja nos líderes religiosos. Todos os seus milagres, fossem as expulsões de demônios, curas de enfermos, ou ressurreição de mortos, demonstravam que Jesus tinha cuidado com as multidões, cuidado com as pessoas. Em vez de lhes acumular obrigações e deveres que pesavam como fardos pesados, ele lhes oferecia uma recuperação, uma redenção de seus estados de miserabilidade social, resgatando-lhes do abandono e do isolamento. Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos; eu os aliviarei[1]. Seu cuidado atraía a todos.

A grande dificuldade daqueles religiosos, era reconhecer que Deus estava agindo à parte de suas tradições e fora dos seus pretensos controles. A ação do Espírito de Deus estava ultrapassando seus limites convenientemente estabelecidos de controle do povo, que passava a crer em uma possível relação com Deus, que não dependia de suas lideranças, ou mesmo de suas orquestrações. O povo estava prestes a se libertar de seus fardos e jugos, e obviamente isso lhes traria enormes prejuízos, pois grande era o lucro com a fé das multidões. Conhecemos algo assim hoje?

Não poucas vezes somos levados a torcer o nariz diante daquilo que desconhecemos. Somos sugestionados a rechaçar tudo o que extrapola nossa confortável insistência no erro, na mesmice, ou no conveniente. E mais vezes ainda costumamos demonizar aquilo que nos afronta os princípios tradicionalmente aceitos. É preciso sempre pedir a Deus sabedoria para avaliar pensamentos, propósitos e intenções[2]. No Reino de Deus não há dúvidas nem mesmo divisões; quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.



[1]  Mateus 11:28
[2]  Hebreus 4:12
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