Quem sabe um dia


Por Jânsen Leiros Jr.
Quem sabe um dia se tenha a sorte
de não precisar querer a morte
pelo azar de se ter gostado
de quem jamais se apaixonou

Quem sabe um dia se veja a morte

como um momento de alguma sorte
por na verdade nem ter sofrido
ou nem ter gostado um tanto assim

Talvez a chuva nem caia a tempo

de salvar da sede a flor
O que se sente na pele é dor
Mais vergonha e seu pavor

Talvez nunca lhe vejam a cor

nem se saiba razão da fuga
Temida é a falta de clareza
Temida sempre de quem importa


Janeiro 1992

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