Exercício 023 - No fundo sabemos o que fazer


Por Jânsen Leiros Jr


25 E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26 Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu? 27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. 28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás. 29 Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?  
30 Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. 31 Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. 32 De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. 33 Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; 34 e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. 36 Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? 37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo."
Lucas 10:17-24 - JFA

Não foi a primeira vez que alguém tentou colocar uma armadilha, para apanhar Jesus em alguma falha relativamente à lei judaica. Movidos pela inveja que os consumia, pois Jesus arrastava multidões onde quer que fosse, os escribas e fariseus incorriam no desejo constante, de arrumarem um jeito de poder acusá-lo de alguma coisa da qual não pudesse se defender. Assim poderiam prendê-lo, e de quebra o desqualificariam diante do povo. A popularidade de Jesus, porém, continuava crescendo.

Mestre, que farei para herdar a vida eterna? - Perguntou um doutor da lei com ares piedosos. Pode parecer uma pergunta comum, desinteressada e até nobre, dada a preocupação com a vida eterna, mas não foi. O tema não era unanimidade entre os religiosos judeus, pois o grupo dos saduceus não acreditava na ressurreição[1]. E isso de certa forma poderia colocar Jesus em situação embaraçosa, obrigando-o a tomar partido desse ou daquele grupo.


Em vez de se deixar cair na armadilha dos principais religiosos locais, Jesus inverte a condução da conversa e pergunta ele, qual é o meio de se viver corretamente, segundo a interpretação de tais mestres. O argüidor então discorre, demonstrando que o que deve ser vivido é de conhecimento comum entre todos; não há inocente.

A réplica de Jesus então praticamente diz: Ora, muito bem. Você sabe mesmo o que fazer. Então por que não faz? Isso obriga aquele homem a justificar-se, argumentando que lhe falta saber exatamente quem é o seu próximo.

Ao usar o samaritano como herói de sua parábola, Jesus transmite a essência prática do que havia dito no Sermão do Monte; amar os inimigos, pois os judeus não se relacionavam bem com os samaritanos[2]. O próximo e todo e qualquer que dependa de seu cuidado, por mais que haja qualquer dificuldade de relacionamento com ele. Mas há um detalhe interessante nessa parábola; odiar não é só ter pensamentos negativos contra alguém. Antes, para isso, basta-lhe ser indiferente, pois o ódio está muito mais relacionado com a falta de um amor pragmático, do que a um retórico ou sincero sentimento de repulsa.

De modo que os dois primeiros homens que passaram por aquela estrada e rejeitaram o impulso de ajudar o indivíduo, o fizeram movidos por profunda indiferença, ou medo de se verem obrigados, comprometidos com o cuidado que aquele homem demandaria. Ajudar causaria atraso na viagem, trabalho em transportá-lo, cuidar de suas feridas, e arrumar-lhe hospedagem que lhe garantisse a recuperação. Amar o próximo exige compromisso e atenção. Vai, e faze tu o mesmo.
  

Refletindo o Exercício

O samaritano não pensou duas vezes em ajudar, comprometendo-se com a vida daquele moribundo à beira do caminho. E nós? Nos comprometemos com aqueles próximos que dependem de nosso compromisso em cuidar deles? Ou preferimos fingir não ver, minimizar a circunstância, ou dar de ombros por pura indiferença?




[1]  Marcos 12:18-23
[2]  João 4:9

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