Por Jânsen Leiros Jr
“25 E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o
experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? 26 Perguntou-lhe Jesus: Que
está escrito na lei? Como lês tu? 27 Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. 28 Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás. 29 Ele, porém, querendo
justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
30 Jesus, prosseguindo,
disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores,
os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. 31 Casualmente, descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. 32 De igual modo também um
levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. 33 Mas um samaritano, que
ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; 34 e aproximando-se,
atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua
cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35 No dia seguinte tirou
dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que
gastares a mais, eu to pagarei quando voltar. 36 Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores? 37 Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia
para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo."
Lucas 10:17-24 - JFA
Não foi a primeira vez que alguém
tentou colocar uma armadilha, para apanhar Jesus em alguma falha relativamente à
lei judaica. Movidos pela inveja que os consumia, pois Jesus arrastava multidões
onde quer que fosse, os escribas e fariseus incorriam no desejo constante, de
arrumarem um jeito de poder acusá-lo de alguma coisa da qual não pudesse se
defender. Assim poderiam prendê-lo, e de quebra o desqualificariam diante do
povo. A popularidade de Jesus, porém, continuava crescendo.
Mestre,
que farei para herdar a vida eterna? - Perguntou um doutor da lei com ares piedosos. Pode parecer
uma pergunta comum, desinteressada e até nobre, dada a preocupação com a vida eterna,
mas não foi. O tema não era unanimidade entre os religiosos judeus, pois o grupo
dos saduceus não acreditava na ressurreição[1].
E isso de certa forma poderia colocar Jesus em situação embaraçosa, obrigando-o
a tomar partido desse ou daquele grupo.
Em vez de se deixar cair na armadilha
dos principais religiosos locais, Jesus inverte a condução da conversa e
pergunta ele, qual é o meio de se viver corretamente, segundo a interpretação
de tais mestres. O argüidor então discorre, demonstrando que o que deve ser vivido
é de conhecimento comum entre todos; não há inocente.
A réplica de Jesus então praticamente
diz: Ora, muito bem. Você sabe mesmo o
que fazer. Então por que não faz? Isso obriga aquele homem a justificar-se,
argumentando que lhe falta saber exatamente quem é o seu próximo.
Ao usar o samaritano como herói de sua
parábola, Jesus transmite a essência prática do que havia dito no Sermão do Monte; amar os inimigos, pois os judeus não se relacionavam bem com os
samaritanos[2].
O próximo e todo e qualquer que dependa de seu cuidado, por mais que haja
qualquer dificuldade de relacionamento com ele. Mas há um detalhe interessante
nessa parábola; odiar não é só ter pensamentos negativos contra alguém. Antes,
para isso, basta-lhe ser indiferente, pois o ódio está muito mais relacionado
com a falta de um amor pragmático, do que a um retórico ou sincero sentimento
de repulsa.
De modo que os dois primeiros homens
que passaram por aquela estrada e rejeitaram o impulso de ajudar o indivíduo, o
fizeram movidos por profunda indiferença, ou medo de se verem obrigados,
comprometidos com o cuidado que aquele homem demandaria. Ajudar causaria atraso
na viagem, trabalho em transportá-lo, cuidar de suas feridas, e arrumar-lhe hospedagem
que lhe garantisse a recuperação. Amar o próximo exige compromisso e atenção. Vai, e faze tu o mesmo.
Refletindo o
Exercício
O samaritano não pensou duas
vezes em ajudar, comprometendo-se com a vida daquele moribundo à beira do
caminho. E nós? Nos comprometemos com aqueles próximos que dependem de nosso
compromisso em cuidar deles? Ou preferimos fingir não ver, minimizar a circunstância,
ou dar de ombros por pura indiferença?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...