segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Se a inveja acusa, o Espírito reina


Por Jânsen Leiros Jr.


14 Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram. 15 Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios. 16 E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu. 17 Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá. 18 Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu. 19 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus. 21 Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens; 22 mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos. 23 Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha. 

24 Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. 25 E chegando, acha-a varrida e adornada. 26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro."
Lucas 11:14-26 - JFA

Jesus já vinha incomodando os líderes religiosos de Israel há algum tempo. Sua crescente popularidade e as multidões que afluíam para vê-lo e ouvi-lo suscitava profundo ciúmes naqueles homens. Tanto que alguns grupos desses líderes se deslocavam junto com a multidão, no intuito de encontrar nele qualquer possibilidade de acusação.

É importante notar na passagem acima, que a expulsão do demônio é secundária na narrativa, e serve apenas de cenário, pois sua citação é contextual. "Estava Jesus expulsando um demônio", quando... Isso porque o fato principal dessa narrativa, é a acusação que a tropa religiosa faz sobre a origem da autoridade de Jesus para expulsar demônios, incluindo aí os demais milagres que vinha realizando. A ideia do grupo era caracterizar todos os milagres e feitos de Jesus, como uma ardilosa manobra de Belzebu, o príncipe dos demônios, para enganar as multidões.

Dizer que Jesus expulsava demônios por Belzebu, não era uma acusação motivada por uma crença sincera nessa possibilidade. Na verdade, não passava de uma alternativa falaciosa para explicar às pessoas simples do povo, a razão de todo aquele poder, já que, como cita Mateus no registro paralelo do mesmo evento, maravilhadas com a libertação do endemoninhado, as pessoas se perguntavam: Por ventura não seria esse o Filho de Davi? Era portanto uma acusação eivada de inveja e maliciosa persuasão. Paulo mais tarde falará dos seus perseguidores, que por conta de semelhante inveja, pregavam a salvação, para lhe causar ainda mais problemas, por tumultuarem assim a paz nas regiões por onde passavam.

E não satisfeitos com tal acusação, uma vez desqualificada a expulsão do demônio como um engodo de satanás, entre os mesmos acusadores surgem pedidos de sinais dos céus, como se tais sinais, presumivelmente vindos de Deus, os pudesse convencer do messianismo de Jesus. Obviamente isso não era verdade. Eles apenas imaginavam que tal desafio o pudesse constranger a dar provas de si mesmo. E essa necessidade o faria incorrer no pecado da vaidade, e de pretender ser igual a Deus, a exemplo da tentação que sofrera no deserto quando faminto.

Jesus argumentou que um reino não se mantém quando dividido. Portanto se os demônios fossem expulsos por satanás, ele mesmo estaria enfraquecendo seu reino. Ora, dessa forma como conseguiria dominar o ser humano? Além disso, expulsar demônios também era uma prática entre os próprios religiosos. E por qual autoridade faziam isso, perguntou Jesus desafiadoramente. Tal circunstância flagrava a acusação infundada, repleta de ódio por parte dos religiosos; eles mesmos (os que entre vocês expulsam demônios) serão os vossos juízes.

Ora, se satanás expulsasse o demônio que assolava o endemoninhado, quem ocuparia aquela casa? Não estaria ela a mercê de uma possessão ainda mais destrutiva? Quando o Espírito de Deus porém é quem habita ali, não há mais como ser dominada por qualquer demônio. Pois se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.

Havia ainda uma outra face de Jesus que incomodava e suscitava inveja nos líderes religiosos. Todos os seus milagres, fossem as expulsões de demônios, curas de enfermos, ou ressurreição de mortos, demonstravam que Jesus tinha cuidado com as multidões, cuidado com as pessoas. Em vez de lhes acumular obrigações e deveres que pesavam como fardos pesados, ele lhes oferecia uma recuperação, uma redenção de seus estados de miserabilidade social, resgatando-lhes do abandono e do isolamento. Venham a mim todos os que estão cansados e oprimidos; eu os aliviarei[1]. Seu cuidado atraía a todos.

A grande dificuldade daqueles religiosos, era reconhecer que Deus estava agindo à parte de suas tradições e fora dos seus pretensos controles. A ação do Espírito de Deus estava ultrapassando seus limites convenientemente estabelecidos de controle do povo, que passava a crer em uma possível relação com Deus, que não dependia de suas lideranças, ou mesmo de suas orquestrações. O povo estava prestes a se libertar de seus fardos e jugos, e obviamente isso lhes traria enormes prejuízos, pois grande era o lucro com a fé das multidões. Conhecemos algo assim hoje?

Não poucas vezes somos levados a torcer o nariz diante daquilo que desconhecemos. Somos sugestionados a rechaçar tudo o que extrapola nossa confortável insistência no erro, na mesmice, ou no conveniente. E mais vezes ainda costumamos demonizar aquilo que nos afronta os princípios tradicionalmente aceitos. É preciso sempre pedir a Deus sabedoria para avaliar pensamentos, propósitos e intenções[2]. No Reino de Deus não há dúvidas nem mesmo divisões; quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.



[1]  Mateus 11:28
[2]  Hebreus 4:12

2 comentários:

  1. Boa noite, meus parabéns pelo texto, que Deus continue te abençoando. Gosto de mais de ler sobre Jesus, como sempre quebrando protocolos. Glória a Deus por Jesus Cristo

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  2. Olá Jonathan. Obrigado pelo incentivo e motivação de sempre. Vocês me abençoam muito acompanhando esse trabalho, sendo na prática, a alegria que conforta o coração. Que o Senhor abençoe seu coração e mente, lhe inspirando confiança e paz. Um forte abraço!!

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