quinta-feira, 12 de março de 2015

Divididos como homens e agindo como crianças





1 Irmãos, não vos pude falar como a pessoas espirituais, mas como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo. 2 O que vos dei para beber foi leite e não alimento sólido, pois não podíeis recebê-lo, nem ainda agora podeis, 3 porque ainda sois carnais. Visto que campeia entre vós todo tipo de inveja e discórdias, por acaso não estais sendo carnais, vivendo de acordo com os padrões exclusivamente mundanos? 4 Pois, quando alguém alega: “Eu sou de Paulo”, e outro “Eu sou de Apolo”, não estais agindo absolutamente segundo os padrões dos homens?
5 Quem é, portanto, Apolo? E quem é Paulo? Servos por intermédio dos quais viestes a crer, e isto conforme o ministério que o Senhor concedeu a cada um. 6 Eu plantei; Apolo regou; mas foi Deus quem deu o crescimento. 7 De forma que nem o que planta nem o que rega são de alguma importância, mas unicamente Deus, que realiza o crescimento. 8 O que planta e o que rega ministram de acordo com um propósito, e cada um será premiado segundo o seu próprio trabalho. 9 Porquanto nós somos colaboradores de Deus; vós sois a lavoura de Deus e edifício de Deus.
10 Segundo a graça de Deus que me foi outorgada, eu, como prudente construtor, lancei o alicerce e outro está edificando sobre ele. Entretanto, reflita bem cada um como constrói. 11 Porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que está posto, o qual é Jesus Cristo! 12 Se alguma pessoa edifica sobre esse alicerce utilizando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, 13 sua obra será manifesta, porquanto o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. 14 Se a obra que alguém construiu permanecer, este receberá sua recompensa. 15 Se a obra de alguém se queimar, este sofrerá prejuízo; ainda assim, será salvo como alguém que escapa por entre as chamas do fogo.
16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o seu Espírito habita em vós? 17 Se alguma pessoa destruir o santuário de Deus, este o destruirá; pois o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado."
                      1 Coríntios 3:1-16

Facções, tribos, grupos, turma... séquitos. A humanidade sempre conviveu com separações entre iguais. Pessoas que, espontaneamente e por variados motivos, se aproximam, se irmanam e se distinguem umas das outras, por afinidade de realidade, por semelhança de idéias e valores, ou ainda predileções outras menos identificáveis, mas não menos reais e efetivas em seu poder segregador.

Sim, segregador. Porque no que junta uns, separa os demais, escolhendo entre tantos, aqueles que apresentam os mesmos interesses e predileções, preferindo-se entre si e afastando-se dos outros. A união de uns, significa o isolamento de tantos outros, já que a quantidade dos que se unem em torno de qualquer coisa ou idéia, é sempre menor do que a quantidade daqueles que não penetram o grupo, qualquer que seja a diferença que os separa, seja tal diferença relativa a conteúdo ou forma. Nosso impulso separatista é intrínseco, não apenas por atitudes inclusivas, mas também e até, por comportamentos auto-excludentes; - isso não me representa! Pra usar um termo da moda.

Quando Paulo escreveu aos coríntios, lamentou muito não poder aprofundar seu ensino, considerando que ainda lidava com a infantilidade flagrante entre os cristãos daquela região. Havia um arraigado sentimento faccioso, uma divisão que ameaçava a unidade na fé, e por conseguinte a perenidade da igreja naquele lugar. Ora, se ainda se prendiam a rudimentos tão humanos, tão carnais, como reagiriam quando fossem atacados pelos judaizantes que vinham atrás de Paulo, tentando e até conseguindo persuadir algumas igrejas a guardarem mandamentos de homens?

A preocupação de Paulo está impregnada de seu conceito mais abrangente, de que tudo e qualquer coisa além da cruz de Cristo é por si só uma distração no caminho de salvação, e por assim dizer, uma preocupação secundária e desnecessária para a consolidação e amadurecimento da fé.

A disputa de quem era de Apolo e quem era de Paulo não passava de uma birra infantil e uma criancice. Era uma demonstração de que o apóstolo lidava com carnais, ainda inclinados a questões humanas e ultrapassadas. Quer dizer, deveriam estar ultrapassadas, caso já estivessem em um grau de amadurecimento espiritual mais avançado. Não eram, portantos, crentes espirituais. Não estava, no entanto, como insistem alguns, referindo-se a pecado ou a conversão. Isso não estava em discussão no texto.

Não importa, na carreira cristã, por quem viemos a conhecer a Cristo ou por quem somos alimentados. Isso não nos faz mais ou menos crentes, pois é Deus quem dá o crescimento. Isso é excepcional, pois retira de qualquer líder a legitimidade em se envaidecer por qualquer crescimento espiritual apresentado por seus liderados, bem como individualiza a cada cristão, a responsabilidade de dar-se ao crescimento e a dedicar-se a ele. Reflita bem cada um como constrói.

É importante ressaltar o que o apóstolo diz relativamente ao fundamento sobre o qual se edifica o edifício espiritual em que nos tornamos cada um. Sendo o alicerce um só, ninguém deve desprezar o edifício alheio por conta do material nele utilizado, seja nobre ou não. Sua robustez e consistência serão provadas, sem que contudo haja condenação àqueles cujo edifício não suportar o fogo. O fundamento da salvação é um só, e não depende de quem quer ou de quem corre, mas de ter usado Deus de grande misericórdia para conosco, por Jesus, autor e consumador de nossa fé.

Ora, comparar linhas e conceitos teológicos, pertinências e aplicações, regras, formas, métodos e doutrinas, nada têm de proveitoso para a edificação de nossa casa espiritual. Não passam de vaidades humanas, filigranas, ineficazes no fortalecimento e amadurecimento da fé, servindo apenas para dividir e desagregar-nos. Se é que fundamentados todos na graça de Deus.

Por fim, se somos templos do Espírito Santo, tanto sou templo, quanto templo é o meu irmão, que como eu crê em Jesus como seu salvador. Não tenho que lutar contra ele, nem preciso vencê-lo em discussão ou disputa alguma, por mais revestida que esteja de boas intenções. Não precisamos estar em lados opostos, muito menos nos enfrentarmos com acusações e medidas em réguas criadas pela vaidade humana; nossas carnalidades.

Que o Senhor nos inspire à unidade, independente de qualquer outro principio, entendendo que somos individualmente responsáveis por nosso crescimento, empenhando-nos com sinceridade e inteireza de coração, no firme propósito de conhecer a Deus e fazer sua vontade. Tendo para com todos grande tolerância e espírito de acolhimento. Como aprendeu Pedro num susto, não devemos considerar impuro aquilo que Deus purificou.

Terno e forte abraço...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...

Powered By Blogger