quarta-feira, 12 de novembro de 2014

=> Desconhecidos íntimos - o milagre do Espírito em nós





“São milhares que jamais vimos. Multidões a quem nunca nos dirigimos. E somos tomados de cumplicidade e confiança, pela unidade da fé. É uma troca espontânea e intensa, em nada imposta por regras ou artifícios. Um prazer que nos embala e arrebata, porque n’Ele somos um; desconhecidos íntimos.”
                      JLjr


42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. 43 Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. 44 Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. 46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
                      Atos 2:42-47 - RA

Em tempos em que as relações se pautam por conveniências e interesses os mais diversos e suspeitos, a comunhão da igreja e o convívio espontâneo e prazeroso pela unidade da fé, soa provocante aos corações e mentes, anunciando com contundência e poder, o cuidado e a salvação que nos foi dada em Cristo, nosso Senhor.

Adolescente, ávido por viver tudo ao mesmo tempo e intensamente, e sendo vizinho da Igreja Batista de Cachambi por anos, lembro que me causava alguma estranheza ver tanta gente perder o domingo inteiro na igreja, enquanto eu e meus colegas nos divertíamos jogando bola na mesma rua. Digo alguma, porque no fundo, embora criticasse com pilhérias os crentes que ousavam passar pelo meio de nosso campo de futebol, havia em mim uma inquietante pergunta sem resposta; o que os motivava a tanta dedicação?

Não demorou muito para que, durante a semana da Escola Bíblica de Férias – EBF, eu passasse a conhecer de dentro, o que impelia aquela gente a um convívio tão continuado e intenso; o prazer. Sim, porque afirmação alguma, ou qualquer que seja o mandamento, nada supera o apelo do prazer legítimo que a comunhão gera em nossos corações. E como gosto de afirmar, sensações são mais fortes que argumentos. Por isso “Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes.” (Salmos 133:1 e 2 - RC). A comunhão é um perfume que agrada os que nos rodeiam e nos reveste de encanto.

É claro que não falo de uma mera reunião ou ajuntamento. Com certeza já participamos de grupos em que a proximidade não passava de conveniente formalidade ou atitude protocolar. Nos mais variados ambientes, e não excluo aqui os religiosos, percebemos olhares ocos, sentimos abraços frios, e amargamos apertos de mãos sem vida. Por muito tempo alegria foi sinônimo de pouco siso. Sorrisos não combinavam com piedade, e efusivas demonstrações de afetos entre os irmãos eram vistas com estranheza e suspeição. O cuidado com o outro era responsabilidade de pastores e líderes.

Que fique ainda mais claro, que também não falo de demonstrações frívolas e inconsistentes de proximidade, com palavras pré-moldadas ou frases colocadas, todas para criarem uma falsa aparência de afinidade e emoção. De nada adiantam lábios que se adulam mutuamente, com corações distantes e interesses conflitantes ou divergentes. Intimidade se constrói sobre propósitos confluentes e o prazer sincero de estarmos junto do outro, com o outro, e pelo outro. O milagre de sermos um, sendo muitos; o poder do Espírito que habita em nós.

Ora, o que é a comunhão para nós, senão o exercício legítimo da unidade da fé? E esta mesma fé não é o dom de Deus derramado em nós por sua bondade e graça, mediante o sacrifício de Jesus? Logo podemos afirmar sem qualquer medo ou insegurança, que a vivência permanente e o convívio dos santos, em amor, são uma das mais contundentes e profícuas pregações que a Igreja pode fazer ao mundo sobre tão grande salvação. A unidade da fé e a comunhão em amor são proféticas ao mundo.

Portanto não temos e não devemos nos envergonhar de nada que vivemos ou produzimos, irmanados que estamos em Deus. Vivendo em comunhão e amor, louvando e adorando o Autor da vida, pregamos a salvação. Porque se o amamos é porque Ele nos amou primeiro. E se somos um, é porque ele nos salvou. Louvado seja o nosso salvador. Amém.

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