terça-feira, 2 de dezembro de 2014

=> Por que o irmão não faz como eu?




“Deus não criou robôs, não nos fabricou em série. Cada um de nós é um ser único que revela em si mesmo uma individualidade plena, ainda que plural, porque capaz de se torna um com o outro e com muitos, sem deixar de ser único.”
                      JLjr


"4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. 5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos. 7 A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. 8 Porque a um é dada, mediante o Espírito, a palavra da sabedoria; e a outro, segundo o mesmo Espírito, a palavra do conhecimento; 9 a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; 10 a outro, operações de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um, variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. 11 Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente."
                      1 Coríntios 12:4-11 – RA


“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres,”
                      Efésios 4:11 - RA

A multiplicidade de manifestações dos dons concedidos pelo Espírito de Deus, por diversas vezes esteve na pauta de defesa de que cada um possui uma forma única e particular, no serviço do Reino de Deus, para edificação do corpo de Cristo. O que pouca gente ressalta, contudo, é que o coração humano, por vaidade ou ciúme, ou pelas duas coisas, leva determinadas pessoas a desqualificarem ou mesmo menosprezarem a importância deste ou daquele dom, na tentativa infantil de realçar o seu próprio dom, buscando com isso notoriedade e distinção.

Esse tipo de atitude, no entanto, não é nova. Muito pelo contrário. O apóstolo Paulo enfrentou esse problema na igreja de Corinto, e por essa razão ele faz a defesa de que o mesmo Espírito é que concede os diferentes dons, com a mesma importância e valor para o amadurecimento da igreja. Já naquela época e pouquíssimo tempo depois da ressurreição de Jesus, membros da igreja já se jactavam por terem algum dom que os valorizava, a ponto de lhes darem presumida importância superior e destaque no seio da igreja.

Pelo senso comum, esse comportamento é reprovado entre os grupos eclesiásticos. Na prática, porém, a situação se desdobra diferente da teoria e do aceitável. Porque ainda que diferentes dons sejam aceitos como utilidades diversificadas para a capacitação das possibilidades da igreja, o que se exige dos que participam de algumas congregações, é que seus comportamentos, seus impulsos e traços de personalidade e até a forma de adoração, sejam iguais ou se manifestem iguais aos demais. Por quê o irmão não faz como eu?

Esse maniqueísmo é sutil, mas é forte e cruel com quem se atreve a não embarcar no modelo adotado pela maioria, que é entendido como o único modelo aceitável e aferidor de piedade e firmeza espiritual. Esse dualismo que estabelece o pensamento implícito do quem não está comigo está contra mim, gera pensamento segregador, que não aceita no outro, reações, posicionamentos ou preferências diferentes, divergentes e particulares.

O que na prática não se aceita, é que as pessoas têm histórias diferentes, costumes diferentes, predileções outras, não necessariamente idênticas ou mesmo compatíveis entre si. Quem cruza os braços não é menos crente que quem levanta as mãos ao cantar. Quem solta um aleluia durante as orações ou durante a adoração, não é mais especial do que ninguém. E não; ninguém é obrigado a fazer igual na hora em que alguém diz que isso deve ou não deve ser feito. Unidade na fé não é necessariamente uma manifestação uniforme e padronizada de espiritualidade. Mas a cumplicidade e a concordância naquilo em que cremos; Cristo em vós, a esperança da glória.

Ora, se as habilidades com que somos dotados atendem a uma variedade importante no cumprimento dos propósitos de Deus, que dirão nossas personalidades e nossas histórias, que nos fazem diferentes e divergentes, num mosaico de capacitações e atitudes inerentes a qualquer grupo humano. Por isso Paulo insistia; “como resultado disso, já não existem mais judeus e não-judeus, circuncidados e não-circuncidados, não-civilizados, selvagens, escravos ou pessoas livres, mas Cristo é tudo e está em todos” (Colossenses 3:11 – NTLH). Na variedade de personalidades, etnias, condição social e comportamento, opera a multiplicidade de possibilidades de auxílio mútuo e amparo.

É necessário, portanto, aceitar que entre nós há indivíduos que respondem diferentemente aos estímulos e provocações do Espírito de Deus, que atua individualmente para que não haja absorção ou programação, mas uma resistência à uniformidade. Nossos ajuntamentos e celebrações de modo algum podem se assemelhar a exercícios de pelotões de robôs, obedientes a comandos mecânicos. Antes, pelo ensinamento de que misericórdia quero e não sacrifícios, sejamos espontâneos, voluntários e amorosos, agindo com singeleza de coração. Usando de verdade e autenticidade diante do Pai.

Que o Senhor nos sustente por sua graça, mantendo-nos na pluralidade dos dons e das atitudes, para que a riqueza de seu poder e propósitos continue a nos capacitar a atingir diferentes culturas e regiões, para a sua glória.

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