quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ano novo vida bem mais. Quer dizer...


         

“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.”
                      Eclesiaste 1:9 - RA

Mais um ano chega ao fim, e com ele a rotineira onda de reflexão coletiva, onde balanços pessoais são proclamados, novos propósitos são definidos, e esperança de melhores oportunidades e condições são mutuamente desejadas. Uns por retribuição, mas outros com sinceros desejos e boa vontade.

É natural e não há nada de errado com isso. A vida é um suceder de ciclos, e desejar que um novo ciclo possa trazer melhores notícias e renovadas alegrias, é um reverdejar de esperanças que faz muito bem ao senso comum e à vida em sociedade. Em termos práticos, porém, nada há de novo debaixo do sol.

A verdade é que um ano novo surge a cada doze meses, como cada novo mês surge a cada trinta dias, e um novo dia a cada amanhecer. Portanto novas oportunidades nos são apresentadas dia-a-dia, no cotidiano de nossas vidas e lutas diárias, constantemente. Mas o que esperamos, no fundo, é que por alguma circunstância mágica, novas condições se alinhem ou realinhem para nos oferecer uma vida melhor, como se a simples mudança de ciclo nos presenteasse com mais prósperas possibilidades.

O que ninguém gosta muito de ler e ouvir, o que obviamente é muitíssimo impopular, é que nossa virada de vida não depende de circunstâncias, mas de atitudes e decisões, para as quais não precisamos necessariamente aguardar o último dia de dezembro para tomá-las. Cada instante vivido é um ciclo a ser virado e cada momento de reflexão, uma oportunidade de renovação de possibilidades e decisões. Um mundo novo pode surgir a cada piscar de olhos. Dependerá sempre do que fazemos com cada oportunidade.

Diferentes e muitos setores da vida são influenciados por nossas decisões. Mas quero me deter naquilo que permeia tudo e toda nossa existência; nossa compreensão de Deus e nossa relação com Ele.

Nada seria mais impopular do que falar de Deus num cenário social como o nosso, onde a simples menção desse vocábulo tende a soar constrangedor, tanto para quem ouve, quanto para quem fala. Ao primeiro porque achará sempre inapropriado e incômodo o tema, e para o segundo porque sofrerá inevitável discriminação velada e cruel. Tudo porque atravessamos um período de ateísmo disfarçado e camuflado de esoterismo e misticismo, onde na prática Deus não passa de uma energia cósmica conveniente, que aplaca a culpa e nos insere numa passiva existência religiosa, incapaz de nos provocar qualquer reflexão mais contundente, ou de exigir um posicionamento comprometedor e contundente.

Por mais que se relute, porém, somos todos diariamente provocados por Deus a uma decisão, por mais sutil que ela possa ser, ou mais despercebida que ela possa se dar. A cada instante em que Sua existência e nossa existência se esbarram pelas esquinas de nossa caminhada, escolhemos ficar com Ele ou lhe darmos as costas. Isso acontece com uma freqüência tão absurdamente grande, que Paulo cita em sua segunda carta aos coríntios; “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação”. É a vida o instante aceitável. São nossos dias o tempo oportuno.

Assim, se alguém deseja renovadas oportunidades, novas possibilidades e outras condições, deve começar por fazer-se novo e renovado, mudando a própria mente, e renovando as próprias emoções, vivendo uma relação nova e reconciliada com o Senhor de todas as coisas. Não para que assim tenha uma vida melhor, com novas condições e possibilidades, como numa barganha oportunista. Mas para que viva melhor, incondicionalmente, com a confiança e a esperança que produz a paz e o descanso em Deus.


1 Portanto, meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. 2 Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele.”
                      Romanos 12:1-2 – NTLH

Que nos novos dias pelos quais avançam a vida e os nossos devaneios, Deus nos inspire a uma vida de comunhão real, plena e revigorante ao seu lado.

2 comentários:

  1. Embora eu tenha uma visão muito diferente da sua em relação à Deus, eu gostei muito do texto. Você tem o tipo de narrativa que eu gosto: fluída, bem pontuada e com vocabulário oportuno. És um grande escritor! :)

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    1. Obrigado pelo incentivo. Uma mais insofismáveis liberdades que exite no mundo, é a liberdade que o ser humano tem de pensar sobre e de Deus o que bem entender e convier. Ainda que a verdade sobre seu ser e sua existência não se altere na conformidade de nosso pensamento a cerca do divino, Deus concede a liberdade inexorável, sem a qual qualquer aproximação e adoração, por imposição ou sugestionamento, teria todo o seu valor pedido na origem, e portanto sem qualquer valor de relacionamento mútuo.
      O que aprendi de Deus em minha experiência de vida, é que deseja que o ser humano o prefira por espontaneidade e amor, pois como ser pessoal, me aguarda com atitudes pessoais e livres. Livres de ritual, de ordenanças e modelos pré-concebidos.
      Alguns me atacam me chamando de liberal. Eu prefiro dizer-me relacional, uma vez que aquilo que me for imposto, jamais poderá ser chamado de amor. E se em toda a Bíblia Deus é amor, então ele só pode me querer livre para amá-lo por incondicional escolha e predileção.
      Portanto, não importa muito o que você tenha como percepção sobre Deus. Ele lhe permite essa condição e a respeitará sempre, ainda que deseje ardentemente que você se chegue a ele. Gosto dessa liberdade, pois somente nela pode atuar o amor verdadeiro e desinteressado.
      Um forte abraço...

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