“16 Ninguém,
pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou
de lua nova, ou de sábados,17
que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.18 Ninguém atue como árbitro
contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que
tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal,19 e não retendo a Cabeça, da
qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo
com o aumento concedido por Deus.
20 Se
morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais
ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo,21
tais como: não toques, não proves, não manuseies 22 (as quais coisas todas hão de
perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? 23 As quais têm, na verdade,
alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e
severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação
da carne.”
Colossenses 2:16-23 – NTLH
Nas
últimas semanas acirraram-se os comentários sobre o carnaval, e a participação
da IBC-Barra na programação dos blocos que desfilam no circuito do Recreio, com
seu bloco Sou Cheio de Amor. Entre
acusações e defesas que variaram de pertinentes à despropositadas, muito se
falou com argumentos de ambas as partes, fazendo dessa questão um pleito que
remetia a um tribunal inquisidor, onde intenções e propósitos foram julgados à
luz de uma "lei" ascética, e austeridades foram caluniadas como
inércia e falta de amor pelas almas. Vaidade
de vaidade, diria Salomão, tudo é
vaidade.
Confesso
que a situação também me causou certo embaraço no início, pois tendemos a
rejeitar imediata e superficialmente, tudo o que vai de encontro às nossas
predileções, hábitos e costumes. Batistão
há quase quarenta anos, ter um bloco de carnaval com integrantes de uma igreja
batista, me causou estranheza e um incômodo que beirou à perplexidade. E o
assunto foi profundamente discutido em casa, com idas e vindas em posições que
sempre davam lugar a outra argumentação mais adequada, num crescente de
percepções que foram forjando o entendimento que declaro aqui. E que fique bem
claro, é o meu entendimento, porque somente Deus pode julgar os segredos dos
corações, e o caminho dos homens.
Pela
experiência de vida no tempo e pelo exercício cotidiano da fé, e tendo ainda
vivenciado diversas oportunidades em que Deus agiu soberanamente alheio aos
nossos postulados e pretensos rigores da forma e do método, tenho a convicção
de que Ele é soberano em seus propósitos e não se permite engessar, conquanto
se mantém fiel ao seu amor pela humanidade, e ao interesse por sua conversão.
“24 Passados uns três meses, foram
levar notícias a Judá: “Eis que tua nora Tamar prostituiu-se e ficou grávida
por causa de sua má conduta!” Então Judá ordenou: “Tirai-a para fora de casa e
que seja queimada viva!”.25
Assim que a agarraram, ela mandou dizer
a seu sogro: “Sim! Estou grávida do homem a quem pertence isto. Vê se o senhor
reconhece a quem pertence este selo, este cordão e este cajado”. 26 Judá os reconheceu e declarou: “Ela é mais
justa do que eu, porquanto não cumpri minha palavra, dando-a como esposa ao meu
filho Selá”. E nunca mais teve relações sexuais com ela.”
Gênesis 38:24-26 – KJA
“13 E, em seguida, uma voz lhe
ordenou: “Levanta-te, Pedro! Sacrifica e come”.
14
Porém, Pedro replicou: “De maneira alguma, Senhor! Porquanto jamais comi alguma
coisa profana ou impura”.15
Contudo, a voz insistiu pela segunda vez: “Não consideres impuro o que Deus
purificou!”
Atos 10:13-15 – KJA
“Eram tão-somente
ordenanças que tratavam de comida e bebida e de várias cerimônias de
purificação com água; esses mandamentos exteriores foram impostos até a chegada
do tempo da nova ordem.”
Hebreus 9:10 – KJA
Não
gosto de carnaval e nunca gostei. Não gosto de bloco e nem de aglomerações. Mas
esse é um pensamento e costume MEU! Não posso ser presunçoso ou pretensioso
a ponto de achar que MEUS gostos e MEUS pensamentos sejam espelho
ou régua do pensamento e dos propósitos de Deus. Pedro foi advertido pelo anjo,
após ter chamado de "impuro" aquilo que Deus havia purificado,
referindo-se ao evangelho ser anunciado aos gentios. Tamar suscitou herdeiros
ao filho mais velho de Judá, cumprindo mais a justiça do que Judá que obedecia
à lei, requerendo sua morte devido a presumida prostituição.
A
própria Bíblia contém significativas narrativas de circunstâncias em que o que
se imaginava incorreto ou contrario à lei, prevaleceu sobre a lei ou as tradições religiosas do momento. Lembrem-se o quanto Jesus quebrou
de paradigmas contrariando fariseus e escribas, colocando-se contrário a eles
na interpretação da lei, sendo firme no propósito de acolher o pecador. Em
Cristo, a humanidade tomou ainda maior importância diante de Deus, estando a
lei e as ordenanças completamente inoperantes e incompetentes para a salvação
da humanidade.
Não
bastasse isso, também aprendi que cada um com seu dom, contribui para o
crescimento da igreja e para a pregação do evangelho. Eu preferencialmente me
gasto em testemunho de fé pela pregação e o ensino da Palavra. Gosto do
discurso do amor incondicional, e de anunciar o amor de Deus em Jesus, falando,
ensinando e discipulando. Mas, outra vez, é um caso de preferência, pois é o meu
dom. Há multiplicidade de dons, e cada um serve a Deus com aquilo que lhe foi
concedido.
Não gosto de carnaval e nem iria a qualquer
bloco. Mas isso é gosto e não posição
teológica ou espiritual. Como estratégia de evangelização também não usaria,
porque tendemos a utilizar o que gostamos de fazer e que nos dá prazer. Mas
quem pode em sã consciência negar que Deus pode agir e efetivamente age como quer
e bem entender? Repito, só o Senhor poderá julgar as intenções. Não devemos
jogar fardos sobre os outros, ou determinarmos julgo que não pretendem ou não
lhes é próprio carregar. Não me cabe impor quaisquer predileções minhas e
particulares visões a quem quer que
seja. Principalmente porque falo de irmãos na fé, de quem presumo estarem sob a
mesma unção que nos foi dada quando da fé na ressurreição de nosso Senhor e
Salvador. Ou julgaremos também suas conversões e dedicação a Deus?
Portanto,
se eu não gosto da idéia, tampouco dela desgosto. E se não vou ao bloco por
questão de gosto e costume pessoal, orarei a Deus para que os corações sejam
alcançados pelo trabalho e dedicação daqueles que ali se juntam para
proclamá-lo com ousadia e temor, tendo como firme o propósito anunciado de
testemunhar da salvação em Jesus.
Como
bem disse a Fernanda Brum em seu comentário, e o autor de Hebreus no texto
acima, tudo isso é vão e acabará quando Jesus se manifestar. E toda diferença
será nada. Portanto o que nos une é sempre mais forte e infinitamente mais
importante do que aquilo que eventualmente nos separe. E olha que nem separa
tanto assim!
Ora,
discutir o que seria certo ou errado, é totalmente irrelevante, diante
do que o Senhor pode realizar, independentemente dos meus gostos ou
preferências. Nossa luta não é contra a
carne. Temos horizontes muito mais amplos nos quais devemos lançar nossos
olhares. Uma nação imensa para evangelizar. Desafios muito mais profundos, como
o crescimento espiritual individual, porque cada um deve cuidar de como cresce
e frutifica.
Os
irmãos que vêem falando contra a ação da IBC-Barra, falam do que não conhecem
ou tentam implementar ascetismo frívolo e fora de contexto, contra o qual Paulo
brigava profundamente. É preciso lembrar que em momento algum se falou em
"brincar o carnaval" num bloco alternativo. É antes um movimento de
inserção num ambiente hostil e num momento difícil, em que o objetivo é
anunciar a salvação e um encontro com Deus, a quem, perdido, tenta loucamente
satisfazer seus vazios e questionamentos em bebedeiras, sexo casual e drogas.
Não fizemos a mesma coisa na época do primeiro Rock in Rio, distribuindo
folhetos na porta do evento? Não fomos tantas vezes para dentro de presídios
levar a mensagem do evangelho a bandidos perigosos. Lembro que fazíamos essas
coisas com o coração repleto de desejo pela salvação daqueles que nos iriam
escutar...
A
IBC-Barra tem esse perfil evangelístico e o bloco Sou Cheio de Amor não fere em
nada esse seu perfil. Além disso, não obstante minhas predileções, defenderia
até minha ultima gota de sangue o direito de seus membros de implementarem a
estratégia que melhor lhes pareça utilizar, porque não sabemos o que Deus
prepara para alcançar essa ou aquela pessoa. Quem somos nós para dizermos por
quais caminhos Deus deve de trilhar, ou que metodologia utilizar, para chamar
alguém para perto de si mesmo? Ou queremos nós dizer como o Senhor deve ou não agir?
Somos mandantes ou mandatários no dever da evangelização?
De
modo que Deus não se deixa frustrar. Sua vontade sempre prevalecerá. E quaisquer
que sejam nossas opiniões, estratégias, convicções ou suspeitas, elas jamais
operarão a bondade, o amor e a misericórdia do Senhor, em quem todas as nossas
divagações, são apenas reflexos embaçados da verdade prevalente e sempre
perfeita de Deus.
Portanto,
quem for de bloco que vá e se esmere
em Cristo com temor e singeleza de coração. Quem não for, que os sustente em
oração. Em tudo seja o Senhor louvado!
Um
forte abraço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...