segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Pode o dinheiro definir a fé?



3 Se alguém ensina alguma doutrina diferente e não concorda com as verdadeiras palavras do nosso Senhor Jesus Cristo e com os ensinamentos da nossa religião, 4 essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada. Discutir e brigar a respeito de palavras é como uma doença nessas pessoas. E daí vêm invejas, brigas, insultos, desconfianças maldosas 5 e discussões sem fim, como costumam fazer as pessoas que perderam o juízo e não têm mais a verdade. Essa gente pensa que a religião é um meio de enriquecer. 6 É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com o que tem. 7 O que foi que trouxemos para o mundo? Nada! E o que é que vamos levar do mundo? Nada! 8 Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. 9 Porém os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e na destruição. 10 Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos.
                                      1 Timóteo 6:3-10 - NTLH

Temos vivido tempos difíceis, em que a necessidade de avaliar os fatos e as intenções por detrás dos fatos, tem consumido uma importante parcela do tempo e da meditação responsável, de todo aquele que se pretende atento às astutas ciladas e armadilhas que se armam diante de nossos pés. Não há um só dia em que se possa relaxar e deixar a mente flutuar por um vazio revigorante e pretensamente merecido. É preciso estar alerta. O mais incômodo e preocupante, no entanto, é que esse estado de sentinela não tem podido adormecer sequer nas reuniões dos santos.

Não é de hoje que assistimos diversos movimentos invadirem as igrejas por suas portas e janelas, reivindicando para si um caráter profético, revelador ou mesmo inspirado “da parte de Deus”, em que o hedonismo e os interesses materiais e de enriquecimento, se travestem de piedosas convicções, com argumentos frívolos, mas de efeito retórico, que apresentam em uma de suas mãos promessas divinas de prosperidade, e na outra, caminhos fáceis e rasos para o progresso social e o sucesso financeiro.

Ora, isso de jeito algum é novo. O apóstolo Paulo ainda no primeiro século, poucos anos após o surgimento da igreja, percebeu movimentos como esses no seio da igreja em que Timóteo havia sido colocado como líder. E ele não só se indignava com tais pessoas que promoviam essas perturbações das sãs doutrinas, como requereu do próprio Timóteo que combatesse insistentemente essas ideologias, que jamais poderiam promover verdadeira integridade espiritual na vida de quem quer que fosse.

O mais interessante, contudo, é que Paulo percebia com ainda maior clareza a verdadeira intenção camuflada por todas as novidades trazidas à tona como verdades espirituais mais genuínas e condizentes com esse ou aquele principio ou especificidade da tradição oral; a de transformar a religiosidade num negócio rentável e lucrativo. Lembrem-se, estamos falando do primeiro século. Mas tenho certeza de que muitos de nós somos capazes de identificar coisas como essas em nossos dias.


“Um escravo não pode servir a dois donos ao mesmo tempo, pois vai rejeitar um e preferir o outro; ou será fiel a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro.”
                                      Mateus 6:24 - NTLH


20 Replicou-lhe o jovem: Tudo isso tenho observado; que me falta ainda? 21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me. 22 Tendo, porém, o jovem ouvido esta palavra, retirou-se triste, por ser dono de muitas propriedades.”
                                      Mateus 19:20-22 - RA

É claro que a vida cristã tem como promessa uma vida de prosperidade, mas de modo algum está essa prosperidade relacionada a dinheiro ou status social. Muito pelo contrário. A riqueza quase sempre esteve ligada a uma condição espiritual perigosa e temerária, uma vez que o apego ao dinheiro pode trazer dificuldades e constrangimentos àquele que o possui. Não foi sem razão que o próprio Jesus fez os alertas acima.

Tanto Paulo quanto o autor de Hebreus, nos ensinam que a vida deve ser vivida com ações de graça. Ou seja, com gratidão pelo que se tem, e na confiança de que Deus supre as necessidades e acrescenta aquilo que lhe convier. Quem vive para buscar ter mais, não pode por definição estar satisfeito com o que tem. Mas como Paulo ressalta, tendo com que se manter fisicamente e estando abrigado, é para ele motivo de grande contentamento. A felicidade nasce exatamente de um coração grato, independente das circunstâncias.


“Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.”
                                      Filipenses 4:11 - RA


5 Não se deixem dominar pelo amor ao dinheiro e fiquem satisfeitos com o que vocês têm, pois Deus disse: “Eu nunca os deixarei e jamais os abandonarei.” 6 Portanto, sejamos corajosos e afirmemos:
“O Senhor é quem me ajuda,
e eu não tenho medo.
Que mal pode alguém me fazer?”.”
                                      Hebreus 13:5-6 - NTLH

Portanto, não podemos, tanto quanto Paulo, camuflar as verdadeiras intenções de tais manifestações e lideranças que vêem grassando nossas igrejas e enganando a muitos; o enriquecimento próprio utilizando-se do despreparo bíblico da maioria de nossa gente, que se ilude seduzida igualmente pela possibilidade de também obter vantagens com a piedade. A ganância é a motivação daqueles que distorcem o evangelho com ideologias mundanas, oferecendo aquilo que não trará qualquer frutificação, qualquer benefício espiritual. Trocam verdadeiramente a benção por um prato de lentilha.


“Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.”
                                      Jeremias 2:13 - RA

Manter-se com integridade na sã doutrina de Jesus teve para Paulo um custo pessoal, mas também, e ainda mais excelente peso de glória. Ele jamais se permitiu usar da boa fé dos irmãos que o recebiam ou mesmo ajudavam em sua missão evangelística. Antes confiou por todo o tempo no cuidado proveniente de Deus, para mantê-lo vivo e sustentado com aquilo que lhe fosse necessário. Pois Aquele que nem mesmo ao seu próprio Filho poupou, não nos dará gratuitamente todas as coisas? (Romanos 8:32).

Que os nossos corações e mentes estejam sempre atentos aos lobos travestidos de pastores, que não querem cuidar de ovelhas, mas se servirem de seus rebanhos, não lhes oferecendo em troca nada além de circo. Nem pão...


Um forte abraço.

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