sexta-feira, 17 de outubro de 2014

=> O imprevisto é certo. Tanto quanto o socorro!





“A vida é como um cavalo chucro. Não obedece prognósticos, não segue vaticínios, não possui lógica. Quando puxamos à direita, segue em frente, quando deixamos as rédeas cederem, acreditando que o cavalo continuará, ele empaca, teimoso. Desperdiçamos enormes pedaços de nossa existência na ânsia de encabrestar esse tal potro selvagem. Mas controlar a vida se torna um desafio estafante, um delírio de nossa falsa onipotência”

                      Ricardo Gondim em Pra Começo de Conversa – pág. 189


Imprevisível. Uma das características mais inquietantes e assustadoras da vida. O mundo contemporâneo nos obriga a viver em sobressaltos, sempre a mercê das intempéries existenciais que, contra nosso gosto, nos sacode as emoções, convicções e crenças, nos lançando inexoravelmente em um roda-moinho de sensações, muitas vezes novas ou indesejadas.

É claro que também há imprevistos ótimos que nos causam grande felicidade. Mas esses não nos causam temores. Ao contrário, torcemos sempre por tais imprevistos e por eles até sonhamos.

Os sustos, porém, nos amedrontam. E no desejo de jamais passarmos por isso, no anseio de termos o controle da vida, desenvolvemos mecanismos diversos, que tentam blindar-nos das surpresas. Os mais variados segmentos da sociedade se dedicam e gastam muitos recursos para conter e limitar as possibilidades imprevisíveis. Ciência e tecnologia estudam e municiam a sociedade de certas previsões que tentam diminuir a sensação de insegurança ou dando um certo conhecimento do futuro. Daí os institutos de meteorologia, por exemplo, ajudando variados setores da economia, bem como a medicina diagnóstica, que permite antever e prevenir doenças ou avanços, o que seria impossível há poucas décadas.

Nesse afã de nivelar os montes, a religião não fica para trás. Em resposta a angustia pelo imprevisto, ela oferece fórmulas para blindar a vida contra o inesperado. Como se passar por percalços fosse sinal de pouca fé ou garantia de felicidade. O que tentam nos oferecer, é uma vida sem dor e sem lágrimas, que na verdade nos está prometida no porvir. Não agora, não aqui, não nesse corpo.

O que se esquece, é que nenhuma promessa foi feita no sentido de termos uma vida tranqüila e livre de sustos. Muito pelo contrário. “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (Jo 16:33). Ora, se Jesus venceu o mundo onde ocorrem as aflições que nos atingem, muito mais nos fortalecerá para suportarmos tais aflições. Não é que não as sentiremos. Sim, sentiremos. Sim, vai doer. Mas vai passar. Não desanime! O bem final do amor de Deus na vida de uma pessoa é sua transformação interior, seu amadurecimento espiritual. Não seu bem estar físico-social.

A idéia não é nos poupar de eventualidades ou do contingencial. Pelo contrário, precisamos ser experimentados em tudo, na paciência e na esperança, para que a fé se fortaleça e a confiança se aprimore em Deus, pelo poder consolador do Espírito Santo.

Portanto tenhamos confiança diante dos imprevistos. Eles existem e continuarão existindo. O imprevisível continuará a nos surpreender. Mas a confiança no cuidado e no amor de Deus nos fortalecerá em tudo, nos graduando espiritualmente a um coração cheio de fé e devotado a Deus. Sabendo confiadamente que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus. Afinal, “tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4:13).


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