domingo, 12 de outubro de 2014

=> Nem pão. Só circo. E cresce a multidão!





“Logo que anoiteceu, os irmãos enviaram Paulo e Silas para a cidade de Beréia. Quando chegaram lá, eles foram à sinagoga. As pessoas dali eram mais bem educadas do que as de Tessalônica e ouviam a mensagem com muito interesse. Todos os dias estudavam as Escrituras Sagradas para saber se o que Paulo dizia era mesmo verdade. Assim muitos judeus naquela cidade creram, e também não-judeus, tanto mulheres da alta sociedade como também muitos homens.”
                                                            Atos 17:10-12 - NTLH


“Foi ele quem “deu dons às pessoas”. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja. Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo. Desse modo todos nós chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. E assim seremos pessoas maduras e alcançaremos a altura espiritual de Cristo. Então não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas pessoas inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos errados. Pelo contrário, falando a verdade com espírito de amor, cresçamos em tudo até alcançarmos a altura espiritual de Cristo, que é a cabeça. É ele quem faz com que o corpo todo fique bem ajustado e todas as partes fiquem ligadas entre si por meio da união de todas elas. E, assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e se desenvolve por meio do amor.”
                                                   Efésios 4:11-16 – NTLH


“E foi isso mesmo que ele disse em todas as suas cartas quando escreveu a respeito disso. Nas cartas dele há algumas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e os fracos na fé explicam de maneira errada, como fazem também com outras partes das Escrituras Sagradas. E assim eles causam a sua própria destruição.”
                                                                    2 Pedro 3:16 – NTLH

De tempos em tempos, como é possível perceber na história da humanidade, um determinado conjunto de pressupostos se estrutura quase que involuntariamente como modelo de pensamento, caracterizando o período histórico em que está inserido, bem como determinando as tendências intelectuais de senso comum daquela época. Por tais tendências se influenciam as variadas formas de expressão do pensamento humano; artes, ciências sociais e relacionais, e por que não até a presumivelmente inamovível teologia.

A alternância dessas influências foi evidenciada nas artes, em movimentos como renascimento, iluminismo, barroco e outros, com reflexos e intercâmbio na filosofia, literatura e arquitetura, por exemplo. Divergências e antagonismos determinaram a ruptura total ou parcial com o modelo anterior, tentando criar raízes sustentáveis em seus dias. Tal ruptura exigiu sempre o estabelecimento firme de diferenças ou de um contraditório radical em relação ao pensamento e interpretação passada.

Na teologia não foi diferente. Desde o movimento da Reforma, que arranca a teologia do lugar comum e confortável, de princípios únicos e interpretações uniformes, diversos outros movimentos se alternaram ao longo dos séculos seguintes, promovendo uma onda contínua de alternância nas tendências do pensamento teológico central.

A partir da segunda metade do século XIX, porém, vimos surgirem movimentos paralelos à gangorra dogmática, que acabaram sendo incorporados às tendências teológicas vigentes, e que em vez de se extinguirem ao final de um período curto de exuberância, se mantiveram travestidos de movimentos re-avivadores, piedosos ou optantes pelo cuidado com o bem estar do fiel e de suas necessidades materiais.

É importante ressaltar aqui, que os movimentos surgidos nas cátedras teológicas jamais ficam confinados a um imaginário laboratório da fé. Pelo contrário, diferentemente do labor cientifico que cuida para que suas suspeitas sejam testadas e re-testadas antes de qualquer divulgação, o pensamento teológico toma rumos variados por igrejas, congregações e congressos, sendo abertamente difundidos e espalhados em cultos, missas, conversas e esquinas das ruas e da alma. Espalha-se por denominações e ministérios pessoais que particularizam seu conjunto de crenças, fazendo da experiência religiosa, os mais intensos e multifacetados mosaicos de crenças, certezas e verdades, que se pretendem insofismáveis e que se auto-denominam “mover de Deus”.

Ora, assim como um vírus manipulado em laboratório pode, se escapar por falha na segurança e contenção de sua proliferação, causar enorme devastação com contaminações de proporções continentais ou ainda maiores, idéias e pensamentos distorcidos sobre Deus e o seu Reino, podem influenciar multidões a viver um evangelho completamente diferente daquele pregado pelos apóstolos, e vivido pela comunidade dos salvos desde os primeiros dias após a assunção de Jesus.

Não tem sido raro assistirmos vídeos surreais de comunidades completamente histéricas e desgovernadas na caminhada e fortalecimento da fé. É paletó ungido, água que purifica, lenços que curam, danças e rodopios que me arrepiam, só de pensar que tais acreditam serem essas manifestações legítimas do Espírito Santo no seio da igreja.

Assim, o que vivemos em nossos dias é a proliferação do evangelho do espetáculo e do sobrenatural produzido e acondicionado. Os frutos do Espírito foram substituídos pela alquimia cênica e o conhecimento de Deus foi trocado pela rasa e insustentável magia da mística coletiva e sugestionada. O estudo da Palavra de Deus, foi abandonada na maioria das congregações, em favor de uma pregação fazia de testemunhos encantados “do que Deus pode fazer na vida do crente”, para que esse tenha recompensas e bênçãos que têm como fim último, uma vida melhor e próspera. E pensar que homens cheios do Espírito de Deus como Estevão, foram martirizados e em nada tinham suas vidas por preciosas...

A pregação da Palavra e o seu estudo responsável como fizeram os bereanos, precisa ser recuperado urgentemente em nossas igrejas e congregações. A busca pelo conhecimento de Deus precisa voltar a ser prática nas nossas denominações. Urge recuperarmos os frutos do Espírito como meta de uma vida de comunhão com Deus, em Jesus.

A fé é por definição mágica, porque improvável e incondicional. Mas está longe de ser um circo, uma mentira barata e manipuladora, que afasta a humanidade de Deus, e a entrega à escravidão de um transe fútil e inconsistente para o crescimento espiritual.

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