“Não sou juiz eleitoral. Portanto
não me cabe análise justa, senão dizer daquilo que me causa sensação de
desconforto. Assim o que digo não é um julgamento. Está mais para desabafo. E
desabafar ainda é um direito meu.”
JLjr
Há tempos venho evitando entrar na
discussão política. Sempre acreditei que minhas convicções, que considero tão particulares,
deveriam ficar restritas aos meus familiares, aos amigos mais próximos, e a
colegas de trabalho com quem divido meu dia-a-dia. Nas últimas semanas, porém, constrangido
pelo desconforto com as flagrantes e escabrosas manipulações de fatos, índices e
números, e diante da intensa polarização a que estão submetendo a população, me
senti na obrigação de me posicionar de forma contundente e clara, declarando
minhas opções, e exercendo na plenitude o meu legítimo e insofismável direito
como cidadão.
É aceitável o poder a qualquer preço? Qual
seria o limite para a manipulação das massas, com vistas a um objetivo
pretensiosamente legítimo? Há um limite? É aceitável que se manipule, por mais
nobre que se apregoe tal finalidade? Obviamente não, e a razão é muito simples;
como diria minha avó pau que dá em Chico
dá em Francisco. Por mais bem intencionada que sejam as lideranças que se
utilizam dessa prática – para não entrarmos no mérito do caráter pessoal, a
régua que define a linha tênue entre o que é bom e o que é ruim para uma nação,
jamais pode ficar na mão de um determinado grupo político, qualquer que seja
ele, independente de classe social, econômica ou tendências ideológicas a que
pertença tal grupo. É um princípio democrático que jamais deve ser quebrado.
Se um determinado grupo político,
independente de sua origem se utiliza do método da manipulação de dados e
informações, ou promove a sugestão de realidade e circunstâncias com vistas a
manipular o inconsciente coletivo, e atingir assim seus objetivos, mesmo
acreditando tal grupo que sabe o que
é melhor para o povo, esse mesmo grupo, por princípio, perde a legitimidade do
poder que lhe é outorgado. Isso por que usurpa tanto o poder como mandado
consentido, quanto à concessão que lhe é feita conceitualmente por mérito de
competência. Reafirmo; qualquer que seja esse grupo. A manipulação, portanto,
desqualifica a opção, porque realizada sobre bases propositadamente
equivocadas.
Ora, como então o Partido dos
Trabalhadores imagina legitimar-se no poder, sendo flagrado manipulando
informações, fatos e circunstâncias, como observamos principalmente nas últimas
semanas? E pior; o cinismo com que vem respondendo aos flagrantes que sofre nesses
atos voluntários de inverdades. Foi assim nas imagens da escola em Minas com
obras falsamente suspensas ou abandonadas, no estado de conservação e realidade
das obras de transposição do São Francisco onde tudo parece perfeitamente
pronto, das obras do metrô em algumas capitais, cuja conclusão foi relacionada
como realizada durante o debate na Rede Record... Pra ficar em poucas. Ademais,
a candidata se insufla a dizer que no seu governo os “maus feitos” foram investigados
e os responsáveis foram presos, quando na verdade quase todos já tiveram relaxamento
no cumprimento de suas penas, e o ex-presidente Lula insiste em dizer “... não houve mensalão”.
Não bastasse isso, o discurso do PT
vem promovendo o acirramento de uma pretensa luta de classes, dividindo os
eleitores entre “eles” e “nós”, como se não fossemos todos
brasileiros e todos desejosos de um país melhor para todos. O contágio desse
separatismo idiota é tão grande, que as conseqüências vêm sendo percebidas nas
ruas e até nas redes sociais, onde verdadeiras batalhas de ódio e intolerância
se multiplicam e fazem estragos em relações de amizade e companheirismo. Em vez
de divergentes, temos oponentes e por oponentes, inimigos. E isso já se
traduziu na votação para deputado federal e estadual. Mas isso será assunto
para outra oportunidade.
É importante ressaltar que não tomo
aqui o PSDB como partido inocente e cândido. De forma alguma. Se mexermos no
seu tonel certamente acharemos sujeiras, e das grossas! E também não serão
poucas. Porque não há nesse meio e no jogo político, partido algum que se possa
autodenominar inocente ou invariavelmente probo. Estão aí denúncias do mensalão
mineiro, de fraude no metro de SP e mais recentemente as declarações do
ex-diretor da Petrobrás, Sr. Paulo Roberto, sobre propina paga ao então
presidente do PSDB, o falecido Sérgio Guerra. Portanto não há mesmo quem possa
atirar pedra no telhado alheio entre partidos políticos. Mas o povo, que detém
o poder e lhos outorga os mandados, tem não só o direito, mas o dever de exigir
explicações.
Minha preocupação, porém, se concentra
no uso do imaginário coletivo, que historicamente, foi danoso e de graves conseqüências
para todas as nações que o sofreram. E a história está repleta de exemplos
disso! Estivesse o PSDB utilizando do mesmo expediente de forma flagrante e
escusa, se faria merecedor de igual acusação e repulsa por parte da população
brasileira. Mas não é essa a sensação que me causam. Pelo menos não nesse
momento.
Não se pode negar, obviamente, alguns
valorosos legados que o PT deixou para o país. Ao assumir o poder após a era
FHC já em declínio por diversas conjunturas – falei outro dia aqui sobre a
salutar alternância de poder para a sociedade, o Partido dos Trabalhadores
encaminhou o país num momento positivo da economia nacional, e permitiu avanços
importantes nas políticas sociais, onde melhoramos alguns importantes indicadores.
Isso, porém, não os legitima a manipular a população para se manter no poder e atender
sua sanha de controlar o país e o seu povo. Somos e queremos manter-nos como um
país democrático. Mesmo aqueles que por convicção e direito inalienável,
acreditam fazer a coisa certa ao votarem na candidata do PT, querem um país
democrático, tenho certeza. E aí é que tal manipulação se torna ainda mais
cruel; ao conduzir de forma obscura, a boa fé daqueles que acreditam nas inverdades
propaladas.
Por fim, corre nas redes sociais o
boato de que o PT planeja realizar movimentos calculados para gerar comoção
nacional em torno da saúde do ex-presidente Lula, sabidamente uma figura
querida em âmbito nacional, com o intuito de carregar votos para a candidata do
PT, a exemplo do que naturalmente ocorreu com a então candidata a
vice-presidente Marina Silva, após a tragédia que vitimou o ex-governador de
Pernambuco e candidato a presidência pelo PSB, Eduardo Campos. Ora, a se concretizarem
tais boatos, uma orquestração dessa magnitude e conteúdo, por si só já não
levantaria suspeita sobre as intenções que tal partido tem para se manter no
poder? Será que chegariam a tal ponto? Custo a acreditar, mas sinto muito não
poder duvidar.
Portanto, a resposta nas urnas tem que
ser: Não,
não aceitamos e não queremos ser manipulados, por quem quer que seja. Por que
motivo for, por mais nobre que possa parecer. E que tal resposta, sirva
de aviso para pleitos futuros, para que nenhum futuro aventureiro, candidato ou
partido, se pretenda a tanto mais uma vez.
Como você bem disse no SMS divergimos bastante na opção política. Concordo com tudo que você colocou no post, entendo que a ordem das coisas estão colocadas de forma a direcionar o pensamento para uma crítica primeira ao PT (que é a primeira marca que fica). Uma boa técnica de escrita aliás.
ResponderExcluirCom relação ao boato de buscar a comoção com uma possível doença do Lula, confesso não ter escutado nada a respeito (precisa ver se a fonte não é PSDBista), até por que ele está saudável e tomando a frente da campanha dela, vindo ao Rio inclusive no comício de amanhã.
Com relação ao fato do possível boato ter origem PSDBista tem um único senão que tenho em relação ao seu texto. É que de um modo geral você coloca como se esta coisa suja de manipular dados e informações fosse feita apenas por um dos lados (pelo menos é mais valorizado os maus feitos do PT) e eu tenho visto coisas do tipo partindo de todos os partidos. De resto acho isso péssimo também seja quem for fazendo, como acho péssimo o projeto de poder, que ao contrário do que o Jorge e outros tantos que conheço colocam não é um privilégio do PT não, pois o PSDB quando lá estava também o tinha (só que com outro viés) e hoje quando busca retornar é para retomá-lo.
Mas particularmente ainda creio que pior do que tudo que você aponta em relação aos dois partidos que buscam o poder são os partidos que nunca buscam o poder supremo mas estão sempre orbitando no seu entorno nas vagas de segundo e terceiro escalão onde rola a grana e o verdadeiro PODER.
Finalmente, a questão da violência não tenho visto como uma coisa insuflada ou valorizada apenas por um aldo só não. Creio que infelizmente a conotação de uma guerra política quase como sendo uma guerra de classes tomou conta de todos no país (pelo menos é o que me parece), sob as mais diversas matizes - paulistas X nordestinos, evangélicos X não evangélicos, ricos X pobres. Como conversamos ao telefone, acho isso temerário, assustador, mas também vejo um lado positivo (tudo na vida tem um lado positivo) que é as máscaras caírem. As pessoas podem identificar os preconceituosos e, principalmente identificar os seus preconceitos e se trabalhar (se assim desejarem).
Bom, é isso. No mais continuo professando meu voto crítico em Dilma, pois creio que o retrocesso será menor e ainda há uma preocupação maior com o social deste lado. Além disso, como tudo tem um lado bom, o Rodrigo Constantino e o Lobão prometeram ir embora do BRASIL se ela vencer as eleições... Hehehehehehehehehehe.
Grande abraço meu amigo!
Como é agradável o exercício do direito de se posicionar, sem que para isso haja sejamos tomados de sectarismo exacerbado. Muito bom. Da maneira com que você diverge, tenho até prazer em ser contestado. Aliás, não é isso mesmo que nos ajuda a crescer?! Se a máxima de que toda unanimidade é burra está certa, o contraditório nos fará inevitavelmente inteligentes, ampliando a capacidade de avaliar e julgar, qualquer que seja o pressuposto.
ExcluirEm termos práticos, de certa forma creio como você que os partidos chamados "de aluguel" são mesmo ervar daninhas e oportunistas, que se locupletam das migalhas do poder, se promiscuindo por cargos, verbas e orçamentos da União. De qualquer forma, porém, penso também que nada mais são, do que conveniências de alianças formadas por interesses mútuos, que de alguma forma convêm também aos partidos maiores, quer de situação, quer de oposição. Portanto, tal culpa se apresenta retroflexa ao proponente de maior poder.
Quanto aos boatos terem origem no próprio PSBD, sinto pesarosamente não poder discordar nem rejeitar seu argumento. Não é que pode mesmo!? Sim, porque não tenho, infelizmente, a menor ilusão de que haja qualquer probidade incondicional por parte deles.
O melhor de tudo, Marcão, é que agora falta muito pouco para sabermos o que a população escolherá. O importante é, independente do resultado, mantermos em alta o interesse político da população, para que paulatinamente nosso pais conte com um povo mais politizado, e interessado em acompanhar o desempenho de seus lideres e representantes.
Um forte abraço a você, Dani e nas crianças...