sábado, 4 de outubro de 2014

X Como gado ao matadouro





“Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”.
                                                                 Constituição Federal

Amanhã, 05 de Outubro, estaremos mais uma vez nos dirigindo às urnas para escolhermos os ocupantes de alguns cargos eletivos do executivo e do legislativo, quer no cenário Federal, quer no âmbito dos estados que compõem a Republica Federativa do Brasil, internacionalmente conhecido por Brazil.

Devo confessar que depois de ter vivido a ditadura militar, as Diretas Já, a volta dos exilados e o retorno da democracia, nunca foi com tanta falta de interesse e até uma pontada de tristeza, que esperei por esse momento. Logo eu que sempre vivi com alegria e expectativa o dia da votação, e que ensinei aos meus filhos sobre sua importância, representatividade e simbolismo, em um país e um continente onde os direitos civis, ainda recentemente, eram tratados como bem menor e risco aos usurpadores do poder.

Ainda não sei identificar bem o que aconteceu exatamente. Será que eu perdi completamente o interesse pela política, ou foram eles, os políticos, que me perderam e talvez a um número ainda maior de brasileiros, ao desconsiderarem por completo nossos interesses como cidadãos, que esperamos simplesmente o retorno em serviços e cuidados, dos impostos que incondicionalmente pagamos ao poder público?

Na verdade me recuso a encarar esse dualismo em que me coloco como possível culpado, porque seria o mesmo que culpar a vítima pelo crime sofrido. Uma inversão de valores que não está muito longe da realidade que estamos vivendo nesses dias. Mas, sinceramente, não fico completamente confortável em eximir totalmente o eleitor de uma, ainda que menor, culpa.

O jogo político de perpetuação do poder nas mãos desse ou daquele grupo chegou ao seu ápice. Tanto que não só as opções são pouquíssimas quando pensamos em alternativas sérias, como as chamadas renovações dos quadros políticos nos têm apresentado filhos e netos dos mesmos manda-chuvas dos quais nos cansamos, tanto quanto eles de nos iludir, subjugar e utilizar como massa de manobra, para a realização de seus projetos pessoais e enriquecimento ilícitos. Estou cansado dessa gente.

O pior de tudo, é que a situação chegou a um estado de coisas tão vil e maliciosamente orquestrado, que não podemos simplesmente nos abster de participar desse teatro. Para impedir o que entendemos ser o pior, seja lá o que entendemos, estamos indo às urnas para votar contra o que não queremos, demonstrando que, na verdade, o processo se inverteu completamente do seu principio original, onde optávamos por afinidade e crença nessa ou naquela ideologia... Ideologia? Alguém viu alguma perdida por aí?

Por fim, a sensação que tenho é que estamos escolhendo entre presentes iguais com embrulhos diferentes. Escolhendo entre livros idênticos em conteúdo, com capas diferençadas apenas por detalhes em lombadas desenhadas. Nem se deram ao trabalho de nos enganarem com um pouco mais de criatividade e fantasia.

Espero que daqui a quatro anos, quando outra vez formos chamados às urnas, minhas expectativas tenham se renovado e meus sonhos de cidadão ainda encontrem alguma ressonância, para que a tristeza de hoje, véspera da votação, não se transforme numa abstenção surda e desesperada.

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