“Todo
poder emana do povo e em seu nome será exercido”.
Constituição Federal
Amanhã, 05 de Outubro, estaremos mais
uma vez nos dirigindo às urnas para escolhermos os ocupantes de alguns cargos
eletivos do executivo e do legislativo, quer no cenário Federal, quer no âmbito
dos estados que compõem a Republica Federativa do Brasil, internacionalmente
conhecido por Brazil.
Devo confessar que depois de ter
vivido a ditadura militar, as Diretas Já, a volta dos exilados e o retorno da
democracia, nunca foi com tanta falta de interesse e até uma pontada de
tristeza, que esperei por esse momento. Logo eu que sempre vivi com alegria e
expectativa o dia da votação, e que ensinei aos meus filhos sobre sua importância,
representatividade e simbolismo, em um país e um continente onde os direitos
civis, ainda recentemente, eram tratados como bem menor e risco aos usurpadores
do poder.
Ainda não sei identificar bem o que
aconteceu exatamente. Será que eu perdi completamente o interesse pela
política, ou foram eles, os políticos, que me perderam e talvez a um número
ainda maior de brasileiros, ao desconsiderarem por completo nossos interesses
como cidadãos, que esperamos simplesmente o retorno em serviços e cuidados, dos
impostos que incondicionalmente pagamos ao poder público?
Na verdade me recuso a encarar esse
dualismo em que me coloco como possível culpado, porque seria o mesmo que
culpar a vítima pelo crime sofrido. Uma inversão de valores que não está muito
longe da realidade que estamos vivendo nesses dias. Mas, sinceramente, não fico
completamente confortável em eximir totalmente o eleitor de uma, ainda que
menor, culpa.
O jogo político de perpetuação do
poder nas mãos desse ou daquele grupo chegou ao seu ápice. Tanto que não só as
opções são pouquíssimas quando pensamos em alternativas sérias, como as
chamadas renovações dos quadros políticos nos têm apresentado filhos e netos
dos mesmos manda-chuvas dos quais nos
cansamos, tanto quanto eles de nos iludir, subjugar e utilizar como massa de
manobra, para a realização de seus projetos pessoais e enriquecimento ilícitos.
Estou cansado dessa gente.
O pior de tudo, é que a situação
chegou a um estado de coisas tão vil e maliciosamente orquestrado, que não podemos
simplesmente nos abster de participar desse teatro. Para impedir o que
entendemos ser o pior, seja lá o que entendemos, estamos indo às urnas para
votar contra o que não queremos, demonstrando que, na verdade, o processo se
inverteu completamente do seu principio original, onde optávamos por afinidade
e crença nessa ou naquela ideologia... Ideologia? Alguém viu alguma perdida por
aí?
Por fim, a sensação que tenho é que
estamos escolhendo entre presentes iguais com embrulhos diferentes. Escolhendo
entre livros idênticos em conteúdo, com capas diferençadas apenas por detalhes
em lombadas desenhadas. Nem se deram ao trabalho de nos enganarem com um pouco
mais de criatividade e fantasia.
Espero que daqui a quatro anos, quando
outra vez formos chamados às urnas, minhas expectativas tenham se renovado e
meus sonhos de cidadão ainda encontrem alguma ressonância, para que a tristeza
de hoje, véspera da votação, não se transforme numa abstenção surda e
desesperada.
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