Por Jânsen
Leiros Jr.
"
14 Porque bem sabemos que a
lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 15 Pois o que faço, não o
entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. 16 E, se faço o que não
quero, consinto com a lei, que é boa. 17 Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado
que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não
habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não
está. 19 Pois não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero, esse pratico. 20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o
pecado que habita em mim.
21 Acho então esta lei em
mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo. 22 Porque, segundo o homem
interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei
do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus
membros. 24 Miserável homem que eu
sou! quem me livrará do corpo desta morte? 25 Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que
eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado."
Romanos 7:14-25 - JFA
"
20 Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis
livres em relação à justiça. 21 E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos
envergonhais? pois o fim delas é a morte. 22 Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes
o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. 23 Porque o salário do
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus
nosso Senhor "
Romanos 6: 20-23 - JFA
para que vos torneis puros e irrepreensíveis, filhos de Deus
inculpáveis, vivendo em um mundo corrompido e perverso, no qual resplandeceis
como grandes astros no universo,."
Filipenses 2:15 - KJA
Entretanto, a vereda dos justos é como a luz da aurora, que
vai brilhando cada vez mais até a plena iluminação do dia"
Provérbios 4:18 - KJA
Seguindo na série de perguntas e tentativas
de respostas aos leitores do blog, temos diante de nós um desafio parecido com
o da questão passada, sendo agora um duelo entre duas realidades de cujas
expressões, de amplos significados, provocam em muitos uma certa dose de confusão
e também inquietação, que bem podem trazer insegurança quanto a atitude
espiritual, ou mesmo ansiedade relativamente ao futuro próximo da alma. Se Shakespeare
indagava ser ou não ser, hoje há quem
se pergunte, somos ou não somos.
Em que pese o uso da retórica e a contundência
nas pregações de diversos calibres, vários púlpitos pelo Brasil apregoam às
suas assistências, em larga maioria constituída de crentes em Cristo Jesus, que estes são pobres pecadores e miseráveis, carentes da graça de Deus. Já outros
tantos, com o mesmo fervor e persuasão, insistem em chamar seus membros de santos, aos quais prometem as inefáveis
bênçãos de Deus. Mas afinal, somos pobres
pecadores miseráveis, ou já atingimos o status de santos, a quem as recompensas do Senhor serão concedidas de forma
abundante? Que me perdoem os mais severos, eu não resisto; qual será o segredo de Tostines?
Honrando a sabedoria dos mais velhos, como
diria minha avó, nem tanto ao mar nem tanto
à terra. Entre as características do cristão bem-aventurado, está seu
sentimento de pobreza, ou se
preferir, humildade espiritual. E
sabedor dessa pobreza, pois nada tem que possa ser considerado seu de modo a
torná-lo altivo e orgulhoso, ele chora sua penúria, carente, sedento e faminto
pela justiça de Deus, a quem clama por socorro; Senhor, sê propício a mim. Mas
uma vez resgatada, toda nova criatura é separada para Deus, o que faz dela um santo em marcha para o reino dos céus.
Ou seja, não existe estado letárgico
para os que estão em Cristo, seja ele de miserabilidade
ou de santidade. Temos uma vida dinâmica,
de caminhada alegre mas trabalhosa, onde as forças nos são renovadas cotidianamente
por Deus, em bondade e graça. De modo que, seja a tal proclamada pobreza, ou mesmo a distinta santidade anunciada, pobre ou santo estamos, e não somos. Tal sentido de movimento
é indispensável por um princípio muito claro; aquele que cuida estar em pé, cuide para que não caia.
Ora, como resgatados, sabemos de nossa
incapacidade de nos apresentamos diante de Deus por nós mesmos, por nossas próprias
virtudes, o que nos faz entender que somos dependentes d'Ele, e de que nada temos
do que nos gloriarmos; por isso pobres
humildes de espírito. E se o que
demonstramos acima acerca do que somos
ser mais pertinente se considerarmos estágio
transitório, ou seja, se estamos
pobres e humildes, também é verdade que não somos
miseráveis ou pecadores. Ou não nos ensina João que aquele que tem o filho não vive pecando, ou ainda Paulo quando diz
que uma vez livres do pecado, fomos
feitos servos da justiça?
É comum utilizar o texto acima para sustentar
que somos miseráveis, considerando que uma guerra interior se trava entre o bem do espírito e o mal no corpo, na carne. Porém, ao utilizar essa anatomia das pulsões
humanas e nossa tendência pecaminosa, o apóstolo está demonstrando que, para o
homem natural, que tenta viver corretamente a partir da lei, qualquer que seja
essa lei, para esse sim há um futuro de morte, pois a ele, que confia em seu
poder de autocontrole para resistir às tentações, para esse miserável não há qualquer chance de vitória.
Miserável homem que sou (sou se
referindo ao que é o ser humano), quem me
livrará desse corpo de morte? E por isso ele dá graças a Deus, por Jesus
Cristo, seu resgatador pela graça, pois a partir dela, a inclinação para o
pecado não tem mais qualquer poder. Portanto, finda nossa condição de miséria e pecado.
Ora, diante disso então podemos considerar
que somos santos inculpáveis e irrepreensíveis,
donos de um corpo e mente incorruptíveis? De modo algum, pois também a
santidade não é um estado de sermos,
mas de perseguirmos. Sede santos, diz o texto. Ora, se ele
diz para sermos, um estado mais ali,
então é porque não somos ainda aqui. A
santidade é aquilo que perseguimos, até chegarmos à estatura completa de
Cristo.
Assim, nem somos mais pecadores, considerando estado perene
que demande constante estado de lamúria, pois andamos em novidade de vida; o
Senhor é a nossa salvação, mas também não somos santos ainda, no sentido de uma vida livre de pecados ou máculas pelo
confronto da lei. Muitos há, porém, que mantêm suas assistências submissas a
essa oscilação de euforia e depressão, tornando-os cativos de suas afirmações histriônicas.
Para conveniências pessoais e interesses, sabe-se lá de que ordem, ora eles os
fazem lastimar depressivamente seus estados de miserabilidade e total dependência
de suas pessoais benesses, ora eles os lançam no mais efusivo estado de euforia,
sustentado por uma crença de que já estão fora do alcance do mal. Príncipes e
princesas, uma nobreza de vaidade e auto suficiência.
Então quer dizer que não somos nem
pecadores nem santos? Sim e não. Não somos mais pecadores e somos santos porque
justificados em Cristo, pela graça, que nos reconcilia com Deus. Mas por outro
lado, somos pecadores e não somos santos ainda, porque em marcha caminhamos
para nosso alvo; o reino de Deus, por Cristo Jesus, Senhor nosso. De modo que
seguimos pecadores pois passíveis de cometê-los. Mas separados para Deus somos
santos, separados para toda boa obra. De modo que quer estejamos santos, quer
estejamos sujeitos a deslizes, temos um advogado que é Cristo. E nisso descansa
nossa esperança, e temos o Espírito por penhor da nossa salvação.
Não há ninguém que possa desfazer
nossa condição de justificados. Não há quem possa se ufanar de não depender de
Deus. Santidade e pecado se alternam inversamente proporcionais à medida que marchamos.
Perseguimos aqui e agora o que somente seremos em definitivo no reino de Deus. A
quem damos honra, glória e louvor, por tão grande salvação. Porque se dos pecados
ora cometidos somos culpados, quem nos intentará acusação? Ou quem nos separará
do amor de Deus?
Que o Senhor nos descanse o coração em
confiança e graça, buscando a santidade, e nos ensinando a nos levantarmos
sempre, certos de seu cuidado e amor. Como disse lá atrás nem tanto ao mar nem tanto à terra, e agora completando, mas a caminho do céu.