Exercício 017 - Quem dizem ser você? Vivo ou morto?



18  Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou? 19 Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou. 20 Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.  

21 Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém; 22 e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.  

23 Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me. 24 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará. 25 Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo? 26 Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos. 27 Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus."
Lucas 9:18-27 - JFA

Jesus finalmente conseguira ficar a sós com seus discípulos, dedicando-se também à oração, como gostava de fazer sempre que possível. Ele queria saber de seus seguidores mais próximos o que eles haviam realizado ao serem enviados a pregar nas cidades da Judéia. Mas ele também os surpreenderia com perguntas e declarações para as quais não haviam se preparado. Quem dizem as multidões que eu sou? Uma pergunta ainda tão presente.

É interessante notar que Jesus faz essa pergunta, ainda que direcionada aos discípulos, dividida em dois universos de possibilidades. A primeira pergunta se interessa pelo que dizem os de fora; Quem dizem as multidões? Quem dizem eles? Eles que não andam comigo, que não têm comigo qualquer intimidade. Eles que só se interessam pelos milagres que eu faço, e por aquilo que lhes é conveniente? Quem dizem eles que eu sou?

As respostas refletem a percepção difusa e ao mesmo tempo relacionada aos interesses daqueles que se aproximavam com intenções variadas, e completamente alheias ao que lhes deveria mover genuinamente. Eles buscavam a mágica, a oportunidade e a satisfação de suas próprias necessidades.

Mas vós, quem dizeis que eu sou? Perguntou Jesus em seguida. Quem dizem vocês que convivem comigo dia a dia, que dividem comigo o pouco que tenho e o muito que não possuo como bens. Vocês que participam de minhas dores e tristezas pelo ser humanos tão distante de Deus e de sua vontade. Quem dizem vocês que privam de minha intimidade? Pedro então lança os fundamentos da igreja, falando da Pedra à própria Pedra: O Cristo de Deus.

Cristo, em grego, Messias, em hebraico. Ambos os termos se referem àquele que foi ungido para uma tarefa, que segundo criam os judeus, era a de restaurar o reino a Israel, livrando-o do domínio pagão. Os discípulos mais íntimos de Jesus, ainda que tão próximos, ainda assim acreditavam estar dia a dia ao lado daquele que viria a se tornar o grande rei libertador político de Israel, devolvendo-lhe a soberania e os tempos de glória do rei Davi.

Sinto dizer-lhes, poderia ter iniciado a frase o Senhor ao lhes advertir. É necessário que o Filho do homem... seja morto. Tanto em Mateus quanto em Marcos, se registra que Pedro tenta, nesse momento, advertir Jesus de que não diga uma coisa dessas, pois nada viria a acontecer àquele que se tornara a esperança de restauração nacional. E por esse mesmo motivo, por estarem aguardando um reino terreno e não um Reino de Deus, Jesus seria, como efetivamente foi, rejeitado, humilhado e morto pelos principais sacerdotes e escribas.

Mas há uma segunda e mais profunda advertência na seqüência desse mesmo discurso. Aqueles que quisessem ser verdadeiramente seus discípulos, se alguém quer vir após mim, deverá morrer igualmente. Sim, tomar a própria cruz não é carregar fardos pesados como missão ou provação. Tomar a cruz é caminhar para a morte, assim como todo condenado à morte de cruz carregava a sua até a execução. Um anúncio de que ali jaz alguém que perderá a própria vida.

Não há opção. Não há meia decisão. Não há morte pela metade. Ou somos inteiramente mortos para o mundo e ressuscitados com Cristo, ou vivemos em coma, alheios à vida secular, sem jamais termos passado ao Reino de Deus. Quem se envergonha de Cristo, vive em coma, mantido por aparelhos. E são muitos os aparelhos.


Refletindo o Exercício

Quem diz você ser Jesus? Vive uma vida ressurreta, ou passa seus dias em coma? É grato pela morte em vida, para a vida, ou luta freneticamente por se manter vivo, numa vida que jamais será eterna? 

Um comentário:

  1. Extremamente profunda essa reflexão... E com traços filosóficos... Rs

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