“18 Enquanto
ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e
perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou? 19
Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros,
que um dos antigos profetas se levantou. 20 Então lhes perguntou: Mas vós,
quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
21
Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém; 22
e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja
morto, e que ao terceiro dia ressuscite.
23
Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome cada dia a sua cruz, e siga-me. 24 Pois quem quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará. 25
Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou
prejudicar-se a si mesmo? 26 Porque, quem se envergonhar de
mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier
na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos. 27 Mas em verdade vos digo: Alguns
há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o
reino de Deus."
Lucas 9:18-27 - JFA
Jesus finalmente conseguira ficar a sós
com seus discípulos, dedicando-se também à oração, como gostava de fazer sempre
que possível. Ele queria saber de seus seguidores mais próximos o que eles
haviam realizado ao serem enviados a pregar nas cidades da Judéia. Mas ele também
os surpreenderia com perguntas e declarações para as quais não haviam se
preparado. Quem dizem as multidões que eu
sou? Uma pergunta ainda tão presente.
É interessante notar que Jesus faz
essa pergunta, ainda que direcionada aos discípulos, dividida em dois universos
de possibilidades. A primeira pergunta se interessa pelo que dizem os de fora; Quem dizem as multidões? Quem dizem eles? Eles que não andam
comigo, que não têm comigo qualquer intimidade. Eles que só se interessam pelos milagres que eu faço, e por aquilo
que lhes é conveniente? Quem dizem eles
que eu sou?
As respostas refletem a percepção
difusa e ao mesmo tempo relacionada aos interesses daqueles que se aproximavam
com intenções variadas, e completamente alheias ao que lhes deveria mover
genuinamente. Eles buscavam a mágica, a oportunidade e a satisfação de suas próprias
necessidades.
Mas
vós, quem dizeis que eu sou? Perguntou Jesus em
seguida. Quem dizem vocês que
convivem comigo dia a dia, que dividem comigo o pouco que tenho e o muito que não
possuo como bens. Vocês que
participam de minhas dores e tristezas pelo ser humanos tão distante de Deus e
de sua vontade. Quem dizem vocês que
privam de minha intimidade? Pedro então lança os fundamentos da igreja, falando
da Pedra à própria Pedra: O Cristo de
Deus.
Cristo, em grego, Messias, em hebraico.
Ambos os termos se referem àquele que foi ungido para uma tarefa, que segundo
criam os judeus, era a de restaurar o reino a Israel, livrando-o do domínio pagão.
Os discípulos mais íntimos de Jesus, ainda que tão próximos, ainda assim acreditavam
estar dia a dia ao lado daquele que viria a se tornar o grande rei libertador político
de Israel, devolvendo-lhe a soberania e os tempos de glória do rei Davi.
Sinto
dizer-lhes, poderia ter iniciado a frase o Senhor ao lhes
advertir. É necessário que o Filho do
homem... seja morto. Tanto em Mateus quanto em Marcos, se registra que
Pedro tenta, nesse momento, advertir Jesus de que não diga uma coisa dessas,
pois nada viria a acontecer àquele que se tornara a esperança de restauração
nacional. E por esse mesmo motivo, por estarem aguardando um reino terreno e não
um Reino de Deus, Jesus seria, como efetivamente foi, rejeitado, humilhado e
morto pelos principais sacerdotes e
escribas.
Mas há uma segunda e mais profunda
advertência na seqüência desse mesmo discurso. Aqueles que quisessem ser
verdadeiramente seus discípulos, se
alguém quer vir após mim, deverá morrer igualmente. Sim, tomar a própria cruz não é carregar fardos
pesados como missão ou provação. Tomar a cruz é caminhar para a morte, assim
como todo condenado à morte de cruz carregava a sua até a execução. Um anúncio
de que ali jaz alguém que perderá a própria vida.
Não há opção. Não há meia decisão. Não
há morte pela metade. Ou somos inteiramente mortos para o mundo e ressuscitados
com Cristo, ou vivemos em coma, alheios à vida secular, sem jamais termos
passado ao Reino de Deus. Quem se envergonha de Cristo, vive em coma, mantido
por aparelhos. E são muitos os aparelhos.
Refletindo o
Exercício
Quem diz você ser Jesus? Vive uma
vida ressurreta, ou passa seus dias em coma? É grato pela morte em vida, para a
vida, ou luta freneticamente por se manter vivo, numa vida que jamais será
eterna?
Extremamente profunda essa reflexão... E com traços filosóficos... Rs
ResponderExcluir