Por Jânsen
Leiros Jr.
"22 Assim percorria Jesus as
cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém. 23 E alguém lhe perguntou:
Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: 24 Porfiai por entrar pela
porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
25 Quando o dono da casa se
tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta,
dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; 26 então começareis a dizer:
Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; 27 e ele vos responderá:
Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
28 Ali haverá choro e
ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no
reino de Deus, e vós lançados fora. 29 Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e
reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus. 30 Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão
últimos.
31 Naquela mesma hora
chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque
Herodes quer matar-te. 32 Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que
vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei
consumado. 33 Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte;
porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém. 34 Jerusalém, Jerusalém, que
matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu
ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e
não quiseste! 35 Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que
não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em
nome do Senhor."
Lucas 13:22-35 - JFA
Senhor,
são poucos os que se salvam? A resposta de Jesus
a essa pergunta normalmente suscita controvérsia, pois há quem pense que Jesus
implicitamente diz "sim", mas há também os que consideram que não
tendo efetivamente dito "sim", ele implicitamente diz "não".
Já eu entendo que a resposta de Jesus não diz nem uma coisa nem outra, pois me
parece claro que tal quantidade, se poucos ou muitos pouco importa, pois não
será esse número de salvos o objetivo principal do reino. Afinal, o desejo do
Senhor é mesmo que todos se salvem[1].
Como imaginar então que sua resposta se pretenda a dizer qual a quantidade
comparativa de salvos e não salvos? Antes o seu alerta é para
que todos se salvem.
A resposta que o Senhor dá a essa
pergunta, não pode ser retirada de seu contexto precedente. Ao comparar o reino
de Deus ao grão de mostarda, ele o
apresenta como algo aparentemente desprezível, mas que adiante crescerá e servirá
de morada e descanso para as aves do céu. Também o compara ao fermento que misturado e escondido em
farinha, é capaz de fazer crescer toda a massa. Ou seja, por mais desprezível
ou invisível que possa parecer, o reino de Deus crescerá e será incontável,
como cita João no livro de Apocalipse[2].
Não serão as atitudes desesperadas dos fariseus e oficiais das sinagogas, que
impedirão seu crescimento.
Ora, ao responder que é preciso
empenhar-se por entrar pela porta estreita, Jesus não está dizendo que poucos serão salvos, mas que o caminho mais
fácil é o largo, que muitos preferem convenientemente porque atende aos
interesses imediatos e casuístas. Mas quando o tempo aceitável terminar, quando a porta for fechada, esses mesmos que hoje desprezam o grão de
mostarda, que se fazem cegos ao fermento que se mistura à massa, sim esses
mesmos quererão entrar pelo mesmo caminho que rejeitaram, mas não poderão. A
conveniência de hoje lhes promoverá a perdição de amanhã.
O que me parece mais relevante nesse
texto, contudo, é a indicação de que muitos próximos
e pretensos participantes desse
reino, serão lançados fora sem qualquer
mesura, sendo, essa sim, uma questão relevante. Sim, porque não obstante ser
grande a multidão que acompanhava Jesus, e que acorria para onde ele estivesse,
ele sabia que não era motivada exatamente pelos sinais que anunciavam quem ele
era, mas pelo pão que lhes saciava as
necessidades fisiológicas[3].
Ou seja, ele ainda estava entre nós e já era, para muitos, apenas uma fonte de
realização de suas necessidades e interesses pessoais, por mais nobres que
fossem tais interesses. São muitos os que aparentemente recebem Jesus, mas não
passam de interessados naquilo em que ele pode ser útil. O recebem na aparência de seus ritos, mas o rejeitam na
verdade de seus atos.
E é exatamente disso que Jesus fala a
seguir, quando lamenta sobre a Jerusalém
que mata os profetas. Porque grande é a rejeição àqueles que declaram a palavra
de Deus, e que confrontam a verdade dos corações fingidos. Nunca houve nem pode
haver qualquer convívio entre a luz e as trevas. É próprio das trevas pretenderem
sempre fugir, impedir, ou mesmo apagar a luz, para que suas obras não sejam
manifestas[4].
Ainda que o desejo do Senhor sempre tenha sido o de proteger seu povo de suas
próprias vontades e conveniências, assim como a galinha protege seus filhotes,
seus interesses pessoais sempre lhes fizeram rejeitar a mão estendida de Deus.
Por fim Jesus prediz que sua próxima
visita a Jerusalém, será aquela em que entrará aclamado, antecipando-se tal
aclamação ao seu próprio sacrifício; o Cordeiro de Deus. O que mais uma vez confrontará
a realidade do povo judeu; o que eles falam com a boca, não se traduz na
prática.
Não é difícil em nossa caminhada no
reino de Deus, nos depararmos com tempo e esforço gasto naquilo que não é
relevante. Quantidade nunca foi o interesse de Deus, mas sim qualidade, já que
os verdadeiros adoradores o adoram em espírito e em verdade. Que a verdade dos
nossos corações nos mantenham no caminho da porta estreita, e que jamais
tenhamos que ouvir "nunca vos
conheci".
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