Um discurso assustador




“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”
João 6:60

Duro é esse discurso! Os que ouviram as declarações de Jesus em uma sinagoga em Cafarnaum, ficaram atônitos tanto com o conteúdo quanto com a maneira clara e aberta com que Jesus afirmava coisas difíceis, não tanto de serem entendidas, mas principalmente de serem aceitas.

O Sermão do Monte apresenta a mesma característica. É um discurso de extremos, em que a lei de Moisés e seus desdobramentos são confrontados com exigências ainda maiores e mais severas. Ouvistes o que foi dito... Eu porém vos digo. Havia nessa fórmula uma aparência de antagonismo entre o que a lei determinava e o que Jesus discursava. Porém, Ele não só não a confirma como a aprofunda.


17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir... 20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.”
Mateus 5:17 e 20

Os chamados mestres da lei, que impunham aos seus seguidores pesados jugos e fardos de imposições e ordenanças, haviam desdobrado a lei de Moisés em 613 regras sustentadas por 1521 emendas. Mas o que poderia parecer um aumento significativo de severidade em relação à lei primordial, era na verdade um intrincado novelo de pequenas burlas e concessões, que objetivavam facilitar seu cumprimento, mediante a dureza do coração do homem. Tais regras encorajavam o comportamento hipócrita de tais mestres, que se orgulhavam de cumprir à risca os mandamentos da lei.

O que Jesus faz nesse sermão, é aprofundar o sentido de justiça. Ele retira o foco do cumprimento da lei em sua letra fria e sua forma legal, e o coloca na intenção do coração do homem, desnudando as atitudes aparentes e o comportamento calculado para fazer parecer, aquilo que na prática e em verdade não é.

Diante desse extremismo proposto à lei, quem poderia se julgar capaz de cumpri-la? E que lei é essa em que se é estimulado a orar pelo soldado romano que oprime os judeus, que abusa de seu poder e lhe toma os pertences... Sede perfeitos, assim como perfeito é o Pai que está nos céus! Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e segue-me... Duro é esse discurso.

Quando Jesus aprofunda a lei, demonstrando que aquilo que importa para Deus não é tanto seu comprimento, mas antes a intenção do coração, ele torna o cumprimento dessa lei ainda mais difícil e por assim dizer impossível. Arranca o seu olho, oferece a outra face, entrega também a túnica. Qual seria o objetivo de demonstrar ser impossível cumprir a lei? Não vejo outra possibilidade, senão a de demonstrar que somente pela graça de Deus seria a humanidade aceita por Deus, já que jamais haverá qualquer ser capaz de dizer a Deus: Eu cumpri tudo o que deveria ser cumprido. Você tem a obrigação de me aceitar em seu Reino.

O Reino de Deus é assim constituído por pessoas salvas pela graça. A quem Deus amou primeiro. Ninguém tem nada do que se orgulhar ou se sentir merecedor, por seus próprios méritos, das recompensas que o Pai possa lhe conceder. A chuva cai sobre justos e injustos.  

Portanto não teremos adiante qualquer texto simples de fácil interpretação ou aceitação. Encontraremos pedras nesses sermão e poderão doer um pouco. Algumas exigirão de nós redobrada atenção e cuidado. Mas de uma coisa tenho total convicção. Sairemos todos desse sermão, muito mais amadurecidos. O seu conteúdo se presta a nos apresentar mais de Deus e de seu amor por nós.


Um forte abraço.


2 comentários:

  1. Glória a Deus !
    Que Deus continua te usando grandemente!

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    Respostas
    1. Oi Jonathan! Obrigado pelo carinho e o incentivo. É ótimo saber que conto com suas orações. Que o Senhor em tudo seja louvado. Sinta-se sempre a vontade para comentar o que quiser. É bom contar com a participação de cada um de vocês. Um forte abraço...

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