Provérbios 8:22-36 - JFA
"1 A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas; 2 já imolou as suas vítimas, misturou o seu vinho, e
preparou a sua mesa. 3 Já enviou as suas criadas a clamar sobre as alturas da cidade, dizendo: 4 Quem é simples, volte-se para cá. Aos faltos de
entendimento diz: 5 Vinde, comei do meu pão, e bebei do vinho que tenho misturado. 6 Deixai a insensatez, e vivei; e andai pelo caminho
do entendimento.
7 O que repreende ao escarnecedor, traz afronta sobre si; e o que censura ao
ímpio, recebe a sua mancha. 8 Não repreendas ao escarnecedor, para que não te
odeie; repreende ao sábio, e amar-te-á. 9 Instrui ao sábio, e ele se fará mais, sábio;
ensina ao justo, e ele crescerá em entendimento. 10 O temor do Senhor é o princípio sabedoria; e o
conhecimento do Santo é o entendimento. 11 Porque por mim se multiplicam os teus dias, e anos
de vida se te acrescentarão. 12 Se fores sábio, para ti mesmo o serás; e, se fores
escarnecedor, tu só o suportarás.
13 A mulher tola é alvoroçadora; é insensata, e não conhece o pudor. 14 Senta-se à porta da sua casa ou numa cadeira, nas
alturas da cidade, 15 chamando aos que passam e seguem direitos o seu caminho: 16 Quem é simples, volte-se para cá! E aos faltos de
entendimento diz: 17 As águas roubadas são doces, e o pão comido às ocultas é agradável. 18 Mas ele não sabe que ali estão os mortos; que os
seus convidados estão nas profundezas do Seol.
"
Nesse
capítulo identificamos uma harmonização literária muito interessante, própria
do estilo proverbial utilizado pelo sábio. A comparação entre a sabedoria e a
insensatez, que prefiro mais de chamar loucura,
utilizando-se das duas personificações reincidentes. Ele separa as observações
sobre os destinatários de seus convites, entendendo preventivamente que haverá
quem prefira dar ouvidos à loucura.
Nos
primeiros seis versículos, a sabedoria se mostra diligente, laboriosa, e
ocupada no preparo de um banquete que pretende oferecer a seus convidados; àqueles
que atenderam ao seu chamado. Sua casa está pronta e estruturada para receber
grande quantidade de convidados. Também o alimento rico e cuidadosamente preparado
está pronto para ser servido e degustado pelos participantes desse banquete. Bem
como o vinho, que para apurar sabor, foi misturado. O texto não diz, mas a
mistura se fazia com essências aromáticas que ampliavam o perfume e o sabor do
vinho. Enfim, uma fartura que pretendia saciar com aquilo que efetivamente
sustenta e pode alegrar seus convidados.
O
convite é pessoalmente feito. E não só isso. A sabedoria vai atrás de quem possa
saciar-se em seu banquete. Em vez de aguardar pelos convidados ou por quem se
interesse em participar de sua mesa, ela se esforça em trazer seus convidados,
em buscá-los nas ruas. A chamá-los em pleno desempenho de suas tarefas
cotidianas, de suas responsabilidades diárias. O convite é feito às claras e
seu chamado é necessariamente aberto ao conhecimento de todos. Até porque,
todos indiscriminadamente são chamados.
Já a
insensatez em nada se esforça. Basta sentar-se à porta. Não precisa se expor. Sedutoramente
se coloca diante de sua casa. Com gritos e chamados se oferece aos mesmos passantes
que também foram buscados pela sabedoria. Mas diferentemente da outra, a
insensata não tem nada de consistente a oferecer, senão água roubada e pão comido
às escondidas, o que deixa claro que aquilo que a loucura pode oferecer, sempre
será pior do que a oferta da sabedoria, mas obviamente sedutora pelo perigo que
intrinsecamente traz em suas ofertas. A oferta insensata é sempre ilegítima e falta
de cuidados.
Note-se
que a insensatez, não se ocupa de nada. O ócio é seu cenário mais constante. Enquanto
a sabedoria se ocupa daquilo que pretende oferecer, a loucura oferece o que
nada lhe custou, nem mesmo trabalho. Talvez porque não haja mesmo muito
trabalho para encontrar quem lhe prefira em lugar da sabedoria. Basta-lhe
chamar e se oferecer a quem passa. A quem já tem mesmo grande inclinação a
ouvir, e dar atenção ao seu convite encantador da alma humana. Seu sucesso em
encontrar seduzidos, está na grande
quantidade de seduzíveis que ao seus
encantos se oferecem. E são muitos os seus ardis. Mas quase nem precisa muito
deles. Enganados, caminham todos para o mesmo fim de seus convidados anteriores;
a morte.
Mas o
mais interessante nesse capítulo se encontra nos seis versículos do meio, pois
aí estão os passantes. Aí estão aqueles que receberão, tanto da sabedoria
quanto da insensatez, um convite para entrar e vivenciar experiências. Um para
um banquete que os alimentará e sustentará para a vida. O outro para momentos
desprezíveis, de prazeres furtivos, que trarão prazer fugaz e morte inevitável.
São os inexperientes e sem juízo.
Vejam
que os convidados já estão previamente classificados, e as orientações são
passadas às criadas da sabedoria. Porque não é a qualquer um que a sabedoria
pode ser oferecida. Avançando no tempo, elas poderiam ser orientadas a não atirarem pérolas aos porcos. A não
se gastarem em convidar quem claramente rejeitará o convite da sabedoria, e está
num caminho determinado à casa da mulher insensata. Mas como saber quem é o
escarnecedor? Como saber quem é o insensato profissional?
Não há
como saber. E por isso o sábio manda suas criadas fazerem o convite
pessoalmente. Para conhecer o convidado. Para saber dele e de suas pretensões
existenciais mais íntimas. O que pretendem? Até onde querem ir? Pois aos que
buscam sabedoria, toda instrução é bem vinda. Até a repreensão lhes interessa,
pois agir sabiamente lhes é prazeroso e reconfortante. Mas os que são loucos
desprezam claramente a sabedoria, e dela fazem pouco caso. Eles estão tão ávidos
por cometerem suas loucuras, que resistem agressivamente ao convite da sabedoria.
Preferem o erro. Buscam suas recompensas. De certa forma isso lhes atrai,
inclusive, muito mais que o convite da sabedoria.
Por fim
o sábio reforça o conceito individual, tanto da escolhas, quanto de suas conseqüências.
Sim, embora historicamente Deus tratasse naqueles dias com a nação de Israel,
quer julgando-os, quer os abençoando-os, quer libertando-os, quer advertindo-os,
nesse momento o sábio alerta para o fato de que aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Ou seja, o sábio
que sabiamente se portar, escolhendo as atitudes conforme o temor do Senhor,
esse terá para si os seus resultados; vida e anos acrescidos à sua existência. Também
o louco suportará individualmente as conseqüências de suas loucura. E só ele,
sem qualquer transferência ou divisão de responsabilidades, receberá a
recompensa de sua insanidade.
Portanto,
nada novo ainda que renovador. Quem tiver
ouvidos para ouvir ouça. Aquele que teme a Deus se farta no banquete da
sabedoria, sendo-lhe acrescido em conhecimento e prudência, além do reforço na
alegria. Mas o que o rejeita e insiste nessa loucura, se manterá envolvido e
seduzido pela insensatez. Seu trágico fim é a morte.
Parece óbvia
a escolha certa a se fazer? Então me diga porque a loucura, a imprudência e a
insensatez, crescem tanto em nossos dias, multiplicando suas vítimas a cada pôr-do-sol?
gostei dessa postagem é só sabedoria falou de Deus estou no meio
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