Exercício 041 - Sábado de cura e disputas

Por Jânsen Leiros Jr

"1 Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando. 2 Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico. 3 E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não? 4 Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou, e o despediu. 5 Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? 6 A isto nada puderam responder.  

7 Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola: 8 Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; 9 e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar. 10 Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa. 11 Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado."

Lucas 14:1-11 - JFA

Mais uma vez Jesus desafia o comportamento legalista dos fariseus. O cumprimento irrestrito da lei lhes inchava de um orgulho religioso frágil e falso, uma vez que não atendia, senão, às suas necessidades de se vangloriarem diante das pessoas comuns, que pela realidade de suas vidas cotidianas, sabiam de si mesmas como não cumpridoras irrestritas da lei e da tradição judaica.

Esse falso orgulho proporcionava aos líderes privilégios sociais e proeminência, que Jesus em outra passagem chama de toda a recompensa; o que receberiam por suas atitudes. Mas é interessante ressaltar que nesse episódio Jesus não espera pela crítica, até porque talvez ela não chegasse mesmo a ser expressada, mas ele lhes conhecia os corações. Já haviam confrontados em situação semelhante anterior. Não correriam o mesmo risco dessa vez, embora lhe houvessem, sem dúvida, condenado em seus corações por fazer bem ao hidrópico num sábado.

A crueldade da falsidade religiosa é novamente exposta então. Pois certamente a tradição dos fariseus os impedia fazer qualquer coisa no sábado, inclusive qualquer bem a alguém, a quem quer que fosse. Mas aos seus próprios interesses, fosse qual fosse, eles em segredo atenderiam sem titubear. Sim, em segredo, pois não poderiam ser flagrados transgredindo as regras com as quais constrangiam e mantinham subservientes os leigos da época.

E ainda nesse mesmo cenário, Jesus continua a desafiar o comportamento fariseu, expondo a ansiedade por reconhecimento social e deferências. Uma simples ocasião de reunião para se alimentar, foi o bastante para provocar entre eles, disputas por quem ficaria com os pretensos melhores lugares, não porque o fossem realmente, mas porque assim eram considerados. Sentar aqui ou ali era sinal de prestígio, e por esse prestígio brigavam aguerridamente.

Jesus então lhes adverte naquele mesmo princípio do quem a si mesmo se exalta será humilhado, da mesma forma que aquele que a si mesmo se humilha será exaltado. Mas é importante entender que ele não está falando de uma falsa modéstia, nem mesmo de humildade piegas. Ele fala de um coração humilde e puro, que se reconhece dependente de Deus, de quem espera misericórdia diante de sua realidade. Além disso, essa exaltação ao humilhado não é necessariamente uma exaltação humana ou social, mas divina, que o exaltará a seu tempo e à sua maneira, com vistas ao seu reino.

Refletindo o Exercício

Vivemos ainda hoje atrás do reconhecimento em tudo e por tudo que fazemos. Isso não excetua o ambiente religioso, onde a distinção e o reconhecimento é ainda mais buscado, já que além da boa realização, qualquer elogio toca a exuberância de caráter com que se pretende afrontar terceiros. Pretensão dos "indefectíveis". Certo ou errado, no final, atende apenas às nossas conveniências cotidianas.