Por Jânsen Leiros Jr
"22 E disse aos seus
discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo
que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir. 23 Pois a vida é mais do
que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário. 24 Considerai os corvos,
que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os
alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves! 25 Ora, qual de vós, por
mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? 26 Porquanto, se não podeis
fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? 27 Considerai os lírios,
como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão,
em toda a sua glória, se vestiu como um deles. 28 Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e
amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé? 29 Não procureis, pois, o
que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados. 30 Porque a todas estas
coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas. 31 Buscai antes o seu
reino, e estas coisas vos serão acrescentadas. 32 Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou
dar-vos o reino.
33 Vendei o que possuís, e
dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que
jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói. 34 Porque, onde estiver o
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração"
Lucas 12:22-34 - JFA
A ansiedade é, sem dúvida, uma dos
males que mais afetam a sociedade moderna. A competitividade desenfreada, a
busca sôfrega por sucesso e bem estar, e o extremo conceito materialista do que
é bem estar, têm provocado inquietações,
medos e crescente grau de incertezas na população em geral, não livrando nem
mesmo aqueles que em primeira análise, não precisariam ocupar-se com qualquer
tipo de preocupação, dadas as suas condições privilegiadas em relação à maioria.
Se angustias e preocupações vivem enrugando
testas pelas ruas das metrópoles, nas cidades do interior a situação não se
modifica muito. Com a globalização e a popularização dos meios de comunicação e
fontes de informação, em todo e qualquer lugar é possível ser atingido por notícias,
disputas e necessidades, antes ignoradas ou adormecidas nas populações mais
pacatas e sem ambições. Todos querem, todos precisam, todos sonham... Todos temem
frustrar seus desejos.
Nos tempos de Jesus não era muito
diferente pelo visto. A ansiedade, parece, também ocupava uma grande parcela do
tempo e dos pensamentos das gentes daqueles dias. Tanto que ele se preocupa em
tocar nesse assunto tão evidentemente presente no modelo de vida dos judeus. E
Jesus aborda o tema na sequência de sua fala sobre a confiança em Deus e no seu
cuidado. Logo depois de falar da frugalidade em se confiar nos próprios
recursos e circunstâncias aparentemente favoráveis.
Não
estejais ansiosos quanto à vossa vida, diz Jesus ao falar
do assunto. Tal ansiedade, provavelmente, era flagrante na sociedade judaica, pois
deveria ocupar grande parte do tempo e da dedicação das pessoas, que faziam de
tais ocupações, desculpas para não voltarem suas vidas às ações práticas de
cuidado e amor ao próximo, ou mesmo à devoção a Deus. Viviam ensimesmadas e
preocupadas com o que haveriam de comer
e pelo que haveriam de vestir.
Preocupações aparentemente legítimas, mas que no fundo serviam de cortina de
fumaça para um comportamento egoísta e avarento de alguns, ou de grande fardo e
angústia sincera de outros tantos.
Todas
estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.
Somos desafiados a agir diferente do homem natural, a viver em confiança. A
viver por fé. A ansiedade denuncia a inquietação de quem não confiança, não espera
e não descansa no cuidado e no amor de Deus. Ora, se ele cuida de animais e
plantas tão simples e frágeis, quanto mais de cuidará de nós, por sua bondade e
graça.
O desafio de confiança é tão claro e
direto, que Jesus nos incentiva a nos desfazermos de posses e recursos; dar o
que temos aos pobres. Viver com bolsas que não podem nada reter ou acumular.
Afinal, onde estiver o vosso tesouro, aí
estará também o vosso coração[1].
Refletindo o Exercício
Trabalhar e cuidar do próprio sustento e do sustento da família
é totalmente legítimo. Fazer disso desculpa para não dedicar tempo a Deus e ao seu
reino, é desqualificar o legítimo, tornando-o um ídolo ao que nos devotamos
diuturnamente. Não estimulo quem queira viver de brisa ou do esforço alheio,
mas o justo viverá pela confiança.
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