Por Jânsen Leiros Jr
"10 Jesus estava ensinando numa
das sinagogas no sábado. 11 E estava ali uma mulher que tinha um espírito de
enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo
algum endireitar-se. 12 Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre
da tua enfermidade; 13 e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e
glorificava a Deus. 14 Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no
sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve
trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado. 15 Respondeu-lhe, porém, o
Senhor: Hipócritas, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu
boi, ou jumento, para o levar a beber? 16 E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta
que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa? 17 E dizendo ele essas
coisas, todos os seus adversário ficavam envergonhados; e todo o povo se
alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
18 Ele, pois, dizia: A que
é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei? 19 É semelhante a um grão
de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore,
e em seus ramos se aninharam as aves do céu.
20 E disse outra vez: A que
compararei o reino de Deus? 21 É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou
com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada."
Lucas 13:10-21 - JFA
Este texto de Lucas reafirma o que já
havíamos dito em outros exercícios anteriores, que Jesus tinha o hábito de
frequentar a as sinagogas das aldeias e cidades por onde passava, seguindo a
tradição de compartilhar o ensino da Palavra com as pessoas da comunidade onde
se encontrava. E em que melhor lugar poderia estar para falar sobre o reino de
Deus? Isso reforça o papel da reunião
dos santos na igreja local, na instrução e edificação na Palavra. Mais tarde
Paulo apresentará o mesmo hábito em suas viagens missionárias.
E aproveitando exatamente o
ajuntamento, Jesus aplica mais uma lição nos líderes religiosos daquela sinagoga,
demonstrando que suas tradições e legalismos não se sobrepõem ao amor e ao
cuidado de Deus. E que melhor exemplo de tradição e legalismo no meio judeu, do
que a inflexível guarda do sábado
como conduta e regra a ser observada. Inflexível, é claro, conforme a conveniência
e casuísmo de quem a argumentava e requeria aplicação.
Note-se que Jesus não se desfaz ou
menospreza o mandamento da guarda do sábado[1],
mas apenas superlativa o livramento de uma mulher judia, de um mal que há tanto
sofria. A guarda do sábado, portanto, não pode ser mais importante do que o bem
estar de quem quer que seja, assim como qualquer outra posição tradicional, que
não tenha como fim último o bem e o amor[2].
Ao inverter a lógica do que importa
para Deus, Jesus não só demonstra a superioridade da graça sobre a lei como
pretensão divina, como expõe a hipocrisia e a dureza do coração daqueles
religiosos. Sim, porque eles mesmos, por terem se envergonhado da própria
advertência que proferiram, admitiram que segundo suas conveniências no trato
de seus animais transgrediam o sábado,
para garantir-lhes saúde e bem estar. Mas àquela mulher, tão filha de Abraão
quanto eles, tão mais importante que qualquer animal[3],
tanto quanto eles mesmos também o eram, aqueles religiosos queriam negar o
direito da cura no sábado, ainda que tal significasse perder a oportunidade de
se livrar de uma escravidão que já durava dezoito longos anos. Hipócritas!
Por fim Jesus faz dois
questionamentos, aos quais ele mesmo dá uma resposta improvável, mas
reveladora. Ainda que uma horta represente o pragmatismo do esforço essencial em
se manter alimentado e vivo, portanto do que é útil e funcional, o reino de
Deus pode proporcionar descanso oportuno e salvador, para quem vaga à procura
de descanso para o corpo e para a alma. O reino de Deus é superior a qualquer
fisiologismo e interesse humano.
Além disso, por maior que fosse a
contrariedade dos líderes da sinagoga com os ensinamentos e o confronto de ideias
a que Jesus os expunha, por mais que viessem a atentar contra sua vida, vindo a
sepultá-lo e mantê-lo assim por três
dias de medidas de farinha, o fermento de suas palavras já estavam
promovendo a maior e mais consistente mudança de paradigmas a que a humanidade jamais
se submetera. A retaliação dos religiosos já não teria qualquer efeito para
conter o evangelho. A massa estava em
crescimento.
Refletindo o Exercício
Não são poucas as vezes em que nos utilizamos de tradições e
ordenanças legalistas, para justificar e impor nossas convicções pessoais, sem
considerar a liberdade e o amor com que o Espírito de Deus age, através ou
apesar de nós.
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