“28 E Deus os abençoou e lhes
disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja
pela terra. 29
E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se
acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente;
isso vos será para mantimento. 30
E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis
da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento.
E assim se fez. 31
Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o
sexto dia”
Gênesis
1:28-31 - RA
Finalizando o primeiro capítulo de
Gênesis, chegamos aos versículos em que a narrativa conclui o evento da
criação. E nessa conclusão, Deus faz algumas recomendações e observações que
trazem historicamente certas dificuldades à interpretes e exegetas.
Principalmente ao que se refere aos versículos 29 e 30, onde a tradução
literal fala sobre aquilo que ao homem estava autorizado usar para mantimento,
ou seja, aquilo que poderia e deveria utilizar para se alimentar.
Em pesquisa pela internet encontrei
diversos sites onde grupos ligados a ciência da nutrição, defendem que esses
versículos sustentam a existência de uma dieta alimentar, que acreditam ser a
dieta perfeita. Essa dieta consiste exclusivamente de vegetais naturais em suas
variações de origem e possibilidades. Há defesas consistentes e tecnicamente
bem sustentadas, que somadas a argumentos ideológicos convincentes, quase me
fizeram optar por abandonar fraldinhas,
contra-filés e picanhas. Ainda mais na minha idade, quando começamos a buscar tudo
que possa ajudar a retardar o estrago que o tempo e as vicissitudes da vida
cotidiana, fazem no corpo e na disposição para o dia-a-dia.
Não obstante as vantagens óbvias que
uma alimentação saudável traz à vida de quem pode adotá-la, aliada a uma rotina
de vida equilibrada e a hábitos que controlem o estresse da vida moderna, o
texto bíblico certamente não tem tal conceito como objeto de sua exposição. Ao
contrário, a idéia é apresentar diferenças profundas entre a vida contemporânea
que os israelitas tinham à época em que o texto foi escrito, e à vida que
anteriormente havia sido planejada para a humanidade, antes da queda pelo
pecado.
“1 Abençoou Deus a Noé e a seus
filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra. 2 Pavor e medo de vós virão
sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se
move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues. 3 Tudo o que se move e vive
ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora. 4 Carne, porém, com sua vida,
isto é, com seu sangue, não comereis. 5
Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o
requererei, como também da mão do homem, sim, da mão do próximo de cada um
requererei a vida do homem. 6
Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque
Deus fez o homem segundo a sua imagem. 7
Mas sede fecundos e multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela.”
Gênesis
9:1-7 - RA
É importante perceber que os
versículos de 28 a 31 do capítulo 1, se repetem em
estrutura, abordagem e objetivo em Gênesis
9:1-7 como podemos observar comparativamente. Mas o mais importante nesses
dois textos, é que eles se repetem em circunstâncias semelhantes; o começo e o recomeço de uma geração. O que foi dito a Adão e Eva, é repetido a
Noé e sua família. Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a.
Algumas versões trazem frutificai.
O que podemos extrair em primeira
análise, é que ambas as dietas estão intimamente ligadas a um mandado. Para que
a ordem de frutificar e se multiplicar pudesse ser cumprida, era necessário
pensar na manutenção do corpo. Somente bem nutridos e com o alimento adequado,
seria possível realizar a tarefa de frutificar. Ninguém pode frutificar se
não for antes alimentado. E a qualidade de seus frutos dependerá da qualidade e
consistência de seu alimento.
No início de tudo, quando o ser humano
foi criado, apenas vegetais e frutas seriam necessários para seu sustento, de
modo que a ordem de frutificar, poderia ser plenamente realizada com um
alimento leve. Mas após o dilúvio, à uma família que necessitaria realizar a
mesma tarefa em circunstâncias mais adversas do que Adão e Eva tinham no
paraíso, Deus lhes acrescentou na dieta alimentos mais pesados e densos em suas
constituições.
Há ainda uma outra questão. Se é
verdade que um corpo não frutifica sem o alimento, também não é possível
multiplicar sem antes frutificar. Não é sem propósito que ambos os deveres são
dispostos em seqüência nos dois textos de Gênesis. “...sede fecundos e multiplicai-vos.”,
foi a ordem dada por Deus. - Dêem frutos
e então naturalmente multipliquem, poderíamos parafrasear, numa
interpretação simples e sem esforço.
Ora, o que vemos em muitos lugares é
essa seqüência sendo desrespeitada, ou desconsiderada. Há uma sôfrega busca
pela multiplicação sem a devida frutificação, que por sua vez não ocorre por
falta de alimento adequado e sólido, consistente, que possa conduzir o corpo a
frutificar fortalecido, produzindo frutos no tempo certo.
A dieta espiritual ideal consiste em
conhecermos sua palavra e aplicá-la em nosso dia-a-dia, frutificando para o
testemunho da salvação, que nos transforma os corações em Cristo. A dieta
espiritual eficaz permite fortalecer-nos o espírito, para então multiplicarmos
sustentados de fé em fé.
Que nossas refeições sejam completas e
plenas de nutrientes. De modo que qualquer fraqueza seja revertida em força e
confiança em Deus.
Um
forte abraço.
Então temos que nos alimentar bem espiritualmente para então podermos frutificar.
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