Por Jânsen Leiros Jr
45 Disse-lhe, então, um dos
doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós. 46 Ele, porém, respondeu:
Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos
difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais
nesses fardos. 47 Ai de vós! porque
edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram. 48 Assim sois testemunhas e
aprovais as obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes
edificais os túmulos. 49 Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e
apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros; 50 para que a esta geração
se peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo,
foi derramado; 51 desde o sangue de Abel[1], até o sangue de Zacarias[2], que foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos
digo, a esta geração se pedirão contas. 52 Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da
ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
53 Ao sair ele dali,
começaram os escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca
de muitas coisas, 54 armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa
que dissesse."
Lucas 11:37-54 - JFA
Ainda no mesmo evento, e na seqüência do
confronto entre Jesus e os fariseus devido às suas atitudes de fachada, os chamados doutores da lei, homens cheios de conhecimento
das tradições e das leis judaicas, sentiram-se atingido pelos "ais"
pronunciados pelo Mestre. Talvez imaginassem que, por serem mestres da lei, estariam livres do confronto, uma fez que chamando-os à discussão, Jesus
estaria mexendo em casa de marimbondo.
Mas isso não os livrou de seus "ais".
Tais doutores da lei tinham a fama de
ensinar detalhadamente a lei e as tradições, e por isso muitos dos jovens
eram-lhes confiados, para deles aprenderem todo o conteúdo da religião.
Isso lhes rendia dinheiro e distinção social, que novamente lhes rendia
dinheiro e distinções. E quanto mais tais doutores demonstravam rigor e exigências
aparentemente piedosas, mais conceituados eles eram, e por isso mais procurados
pelos pais que desejavam ensinar aos filhos os princípios da religião; os seus
discípulos, ou talmidim.
Nesse movimento de se tornarem mais
rigorosos e distintos por suas exigências, muitos eram os fardos difíceis de
serem carregados; princípios difíceis de serem seguidos. Um jugo duro demais,
que em vez de os inspirarem ao amor de Deus, os lançavam na dura realidade do
cumprimento legalista e fantasioso de regras, que nem mesmos esses doutores
cumpriam, ou ajudavam seus discípulos a cumprir. Uma variação proverbial de façam o que eu mando mas nem saibam o que eu
faço[3].
Jesus continuou confrontando os
doutores da lei, mostrando o quanto a aparente honraria de edificar túmulos aos
profetas do passado, não passava de reedição de seus assassinatos, uma vez que
suas vidas e posturas se assemelhavam às de seus antepassados, que matavam os
profetas, sempre que esses discordavam de suas condutas e meios de manipular o
povo, conforme suas conveniências. Para Jesus era flagrante o que estavam
fazendo e o que planejavam fazer a seu respeito. A presente geração era,
portanto, tão culpada dos assassinatos do passado quanto, aquelas que os realizaram
efetivamente.
Não
entram, nem deixam ninguém entrar. É a confrontação
seguinte de Jesus aos doutores da lei. Eles que por profissão e posição social,
deveriam ocupar-se em orientar o povo no conhecimento da lei de Deus, de sua
justiça e de seu amor, com muitos usos e
costumes e imersos em tradições, não só não entram no reino de Deus, como
impedem os que por eles são orientados, de chegarem ao conhecimento da verdade.
Precisam manter suas convenientes posições, custe o que custar; mesmo que seja
sangue inocente.
Jesus havia mesmo mexido em vespeiro.
Aqueles homens impolutos e inchados em suas soberbas, sentiram-se diminuídos e
afrontados. Jesus claramente passava a ser uma ameaça às suas permanentes
pretensões de controle e manipulação do povo. Assim, a urgência em eliminá-lo
crescia, embora não pudesse ser tão flagrante. Precisariam confundi-lo ou
armar-lhe ciladas em que, caindo, pudesse ser acusado de crime contra a lei de
Moisés. Sabemos que jamais conseguiram. Irão matar mais um inocente.
Refletindo o Exercício
Não é de hoje que a atitude natural do ser humano é buscar
eliminar o seu contrário, o seu diferente, ou aquele ou aquilo que expõe sua
verdade mais vulnerável, ou suas intenções mais sórdidas. Em vez de identificar
em si mesmo as razões de sua miséria, volta-se contra o "espelho". O
inferno são os outros!
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