Humanidade, propósito de Deus



    
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”
Gênesis 1:26-28

Eis o ponto alto da narrativa da criação do universo... A criação do homem. A seqüência dos dias parece e efetivamente converge para esse momento. Até então o cenário vinha sendo preparado e Deus via que “era bom”, ou mais apropriadamente viu Deus que estava adequado para seu intento. Após criar a humanidade, porém, Deus diz que “era muito bom”, como se numa tradução mais livre dissesse “agora sim... está perfeito!” Perfeito?

Sim, perfeito. E não apenas porque estava adequado ao propósito, mas também porque correspondeu perfeitamente ao planejado. E isso precisa ser devidamente destacado: Planejado. E esse planejamento implícito na narrativa, convida o leitor a um olhar diferente para a criação; planejamento pressupõe objetivo, finalidade... Planejamento pressupõe propósito.

Enquanto todas as demais cosmogonias contemporâneas (mitos sobre a criação do mundo) lidavam com o surgimento do planeta como um acaso, uma conseqüência a partir de lutas e guerras entre deuses, onde os elementos nada mais eram do que derivações existenciais dos derrotados, Gênesis trata o planeta como criação planejada e propositada de Deus. E mais, o Homem deixa a condição de apenas mais um espécime animal, evoluída ou derivada de uma matéria primordial, para se tornar “imagem e semelhança de Deus”, conceito completamente novo e estranho até mesmo entre os israelitas saídos do Egito.

“Dominai sobre...”, mais que o estabelecimento de uma atribuição da humanidade, define o Homem como subordinador e não como subordinado a qualquer espécie animal, fosse ela do mar, dos céus ou da terra. Isso contrariava também os cultos aos deuses pagãos, normalmente assemelhados a animais domésticos ou selvagens, que habitavam comumente as regiões de adensamento populacional da época. A criação da humanidade narrada em Gênesis, portanto, inaugura uma visão totalmente nova do ser humano e suas possibilidades sobre a terra.

Portanto, o planeta a partir daqui deixa de ser o foco de Gênesis. No processo de concentração do geral para o particular, a narrativa dá seu primeiro salto. Esse Homem será o objeto das manifestações divinas. Deus movimentará o universo em favor desse Homem. Buscará sua proximidade, sua compreensão e seu amor, sem jamais impor a esse mesmo Homem essa condição. Ele será livre até para negá-lo, mas seu Criador jamais deixará de chamar por ele.

A redenção do ser humano é, portanto, um objetivo traçado e trabalhado por Deus desde sempre. A proclamação do seu amor realizador que busca trazer o Homem do caos à ordem, é uma tarefa nossa, que já vivemos tão grande salvação. Pois o amor de Deus nos constrange.

Que o Deus criador dos céus e da terra, inspire-nos desejo ardente e constante de anunciar a salvação que há em Cristo Jesus, apontando esse Homem como objeto de tão grande amor.

Bom treino!


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