Por Jânsen Leiros Jr
“14 Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e
aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram. 15 Mas alguns deles disseram:
É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios. 16 E outros, experimentando-o,
lhe pediam um sinal do céu. 17 Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes:
Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá. 18 Ora, pois, se Satanás
está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu
expulso dos demônios por Belzebu. 19 E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os
expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. 20 Mas, se é pelo dedo de
Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus. 21 Quando o valente guarda,
armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens; 22 mas, sobrevindo outro
mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que
confiava, e reparte os seus despojos. 23 Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta,
espalha.
24 Ora, havendo o espírito
imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o
encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. 25 E chegando, acha-a
varrida e adornada. 26 Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do
que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior
do que o primeiro."
Lucas 11:14-26 - JFA
Jesus já vinha incomodando os líderes
religiosos de Israel há algum tempo. Sua crescente popularidade e as multidões
que afluíam para vê-lo e ouvi-lo suscitava profundo ciúmes naqueles homens.
Tanto que alguns grupos desses líderes se deslocavam junto com a multidão, no
intuito de encontrar nele qualquer possibilidade de acusação.
É importante notar na passagem acima,
que a expulsão do demônio é secundário na narrativa, e serve apenas de cenário,
pois sua citação é contextual. "Estava
Jesus expulsando um demônio", quando... Isso porque o fato principal
dessa narrativa, é a acusação que a "tropa" religiosa fará sobre a
origem da autoridade de Jesus para expulsar demônios, estando implícito aí também
para os demais milagres que vinha realizando; uma ardilosa manobra de Belzebu, o príncipe dos demônios, para
enganar as multidões.
Dizer que Jesus expulsava demônios por
Belzebu não era motivada por uma crença sincera nessa possibilidade, mas apenas
uma alternativa falaciosa para explicar às pessoas simples entre as multidões,
de onde vinha tal poder, já que, como cita Mateus no registro paralelo do mesmo
fato, maravilhados com a libertação do endemoninhado, as pessoas se
perguntavam: Por ventura não seria esse o Filho de Davi? Era portanto uma
acusação plena de inveja e maliciosa persuasão.
E não satisfeitos com tal acusação, uma
vez desqualificada a expulsão do demônio como um engodo de satanás, entre os
mesmos acusadores surgem pedidos de sinais
dos céus, como se tais sinais, presumivelmente vindos de Deus, os convencesse
sobre o messianismo de Jesus. Nos deteremos mais sobre isso no exercício
seguinte.
Jesus argumenta que um reino não se
mantém quando há divisão. Portanto se os demônios fossem expulsos por satanás,
ele mesmo estaria enfraquecendo seu reino, que entre outras formas de
manifestação, subsiste no domínio sobre o ser humano. Além disso, expulsar demônios
também era uma prática entre os próprios religiosos. E por qual autoridade
faziam isso, perguntou Jesus desafiadoramente. Tal circunstância flagrava a
acusação infundada, repleta de ódio por parte dos religiosos; eles mesmos serão os vossos juízes.
Ora, se satanás expulsasse o demônio
que assola o endemoninhado, quem ocuparia aquela casa? Não estaria ela a mercê
de uma possessão ainda mais destrutiva? Quando o Espírito de Deus porém é quem
habita ali, não há mais como ser dominada por qualquer demônio. Pois se é pelo dedo de Deus que eu expulso os
demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
Refletindo o Exercício
Não poucas vezes somos levados a torcer o nariz diante
daquilo que desconhecemos. E mais vezes ainda costumamos demonizar aquilo que
nos afronta os princípios tradicionalmente aceitos. É preciso sempre pedir a
Deus sabedoria para avaliar propósitos e intenções.No Reino de Deus não há dúvidas.
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