I
– História das origens do universo e da humanidade (1:1 – 11:32)
A. A criação do universo e da vida (1:1 – 2:3)
Capítulo 1
ü Quarto dia: O sol, a lua e as estrelas
14 Disse também Deus: Haja luzeiros[1]
no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam
eles para sinais, para estações, para dias e anos. 15
E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para alumiar a terra. E assim se
fez. 16 Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar
o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas. 17 E os colocou no firmamento dos céus para alumiarem
a terra, 18 para governarem o dia e a noite e fazerem
separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom. 19 Houve tarde e manhã, o quarto dia.
ü Quinto dia: Vida animal, no mar e no céu
20 Disse
também Deus: Povoem-se[2] as águas de enxames de seres viventes; e voem as
aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus. 21 Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos
e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as
suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Deus que isso
era bom. 22 E Deus os
abençoou, dizendo: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e,
na terra, se multipliquem as aves. 23
Houve tarde e manhã, o quinto dia
ü Sexto dia: Os animais terrestres
24 Disse
também Deus: Produza a terra seres viventes[3], conforme a sua espécie: animais domésticos,
répteis e animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez. 25 E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie,
e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra,
conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.
[1] (1:14-18)
Haja luzeiros...
E
Deus então cria os luminares (Ne. 9:6; Sl. 74:16; 136:7-9; Is. 40:26). Não
podemos esquecer que o interesse do narrador é teológico. O autor enfatiza os
propósitos existenciais de tais astros como reguladores dos tempos de
festividades e solenidades (1 Sm. 20:5; 1 Cr. 23:31; Sl. 81:3; 104:19; 136:8,9;
Jr.31:35), definindo-os como criaturas de Deus, evitando até mesmo chamá-los
pelos nomes, para que o povo de Israel não os viesse a adorar como faziam os
povos pagãos, e mesmo os israelitas fizeram mais tarde (Lv. 26:30; Dt. 4:19;
17:3; 2 Rs.21:3,5; 23:5,11; Jó 31:26; Jr. 19:13). Estes luzeiros têm a função
específica e temporal de iluminar a Terra e de servirem de reguladores da
passagem de tempo (Is. 60:19; Ap. 21:23; 22:5). Mais tarde o apóstolo Paulo
reafirma isso, comparando a tarefa dos luminares no céu, com a função do
cristão no mundo (Fl. 2:15).
Não
podemos esquecer que a luz já existia desde o primeiro dia da criação, o que
significa mais enfaticamente que a luz criada naquela ocasião nada tinha haver
com o sol (ver 1:4 – nota). Em Sl. 74:16, o salmista parece fazer distinção da
luz e do sol, colocando ambos como criações isoladas de Deus e não as
subordinando a causa e efeito.
[2] (1:20-23)
Povoem-se as águas... de seres viventes; e voem as aves...
Deus
cria a vida animal na Terra. A narrativa
é genérica falando de seres viventes e aves. No v. 21, o narrador fala de
grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, citando os
dois extremos para encerrar a totalidade dos seres que vivem nas águas, como
fez com “céus e terra” no v. 1. O mesmo princípio se aplica em “voem as aves
sobre a terra”.
Um
outro aspecto evidenciado pela narrativa, é o fato de diferenciar e determinar
como produto acabado, cada espécie existente dos animais criados nesse ato
divino. A expressão “segundo suas espécies” individualiza cada uma das espécies
criadas, não dando margem a especulações quanto a evolução de espécies.
Há,
contudo, uma outra evidência na narração do quinto dia. A citação de que os
“grandes animais marinhos” (hebr. cnynth) foram criados, é uma afirmação
teológica que as inclui entre as
criaturas de Deus, contrariando a crença pagã de que estes animais mitológicos
(dragões ou serpentes), poderiam ser a antítese do Deus criador como seres
preexistentes.
[3] (1:24-25)
Produza a terra seres viventes...
O
cenário estava se completando. Agora Deus estava providenciando todos os seres
que habitariam com o ser humano. Estariam, ainda que subjugados ao seu domínio,
dividindo com ele o mesmo espaço e lhe servindo de contexto existencial, no
exercício de sua vida cotidiana. Segundo a sua espécie... pois cada um teria
sua própria linha de reprodução e suas características mantidas para realização
de suas funções no ecossistema planejado
por Deus, cumprindo cada um o seu papel dentro dos propósitos divinos para a
vida na Terra, não obstante suas variações de tamanho, cores e capacitações.
Essa
citação é quase uma apologia teológica, pois define tais seres viventes, como
formas acabadas e estabelecidas de vida, não deixando brecha para o conceito
evolucionista das espécies, ainda que não determine que muitas delas não possam
ter se extinguido, ou mesmo não terem existido simultaneamente, no intervalo de
tempo indeterminado que separa sua criação, da criação do ser humano, devido ao
próprio processo de preparação do ambiente ideal para a existência da
humanidade, tendo os mesmos cumprido seus respectivos papéis nesse processo.
Tais ciclos de existência e extinção, bem podem ter atendido à providência
divina no que se refere às necessidades futuras do Homem em sua existência e
progresso.
É
importante ressaltar ainda, que nenhum desses seres dão origem ao ser humano,
que será criado mais adiante, sobre conceitos existenciais distintos e
especiais. Por essa razão, o autor reforça em sua narrativa, relativamente aos
seres viventes, produza a terra. Todos os animais e demais seres viventes são
produção cíclica e continuada da natureza criada, ainda que não sem seu cuidado
e providência, pois ...e fez Deus...
todos.
Toda
a narrativa da criação permite a percepção de um ordenado, e cuidadoso processo
seqüenciado, em que cada etapa que se sucede ou dia da criação, prepara as
condições para que a seguinte possa se tornar realidade. Cada novo instante da
criação é precedido de um momento anterior, que lhe sustenta e propicia a
realização, o que demonstra planejamento inteligente e proposital, que coíbe
condições inadequadas ou processos imperfeitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...