Exercício 028 - Sinais, de conveniência e fé


Por Jânsen Leiros Jr


29 Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas; 30 porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração. 31 A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão. 32 Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas."
Lucas 11:29-32 - JFA

Geração perversa é esta, diz Jesus daqueles que lhe pediam sinais do céu. Perversa, e poderíamos acrescentar cínica, uma vez que estavam pedindo um sinal dos céus, na seqüência de múltiplos sinais realizados por Jesus, registrados nos capítulos que lemos até aqui. Perversa e hipócrita, já que tentou desqualificar tudo o que Jesus acabara de realizar, acusando-o de fazê-lo pela autoridade de Belzebu.

Mas que sinais eram esses que tanto queriam? Que sinais eram esses que, sendo-lhes dado os faria crer que Jesus era o Messias? O endemoninhado mudo acabara de ser curado. Não havia muito tempo muitos haviam sido curados de suas enfermidades. Houve ressurreição de mortos, cegos viram e paralíticos andaram. Cinco mil homens haviam comido a partir de cinco pães e dois peixes. Que outros e maiores sinais seriam capazes de os convencer?

Na verdade sinal algum os convenceria. Ao pedir um sinal do céu, porque entendiam em sua arrogância que lhe seria impossível realizar algo tão grandioso, eles apenas demonstraram suas intenções de causar constrangimento e afronta a Jesus, na tentativa de diminuí-lo diante da multidão que, flagrantemente, já o entendia minimamente como um enviado de Deus.

E nenhum sinal se lhe dará, afirma Jesus categoricamente. Ele não está negando sinais de sua autoridade e messianismo, mesmo porque muitos já haviam sido dados, bem como tantos outros ainda se dariam. Porém Jesus lhes percebia os corações cínicos e hipócritas. Eles em nada creriam, porque eles criam apenas no que lhes era conveniente crer. Aqueles escribas e fariseus, doutores da lei, estavam diante de um iminente risco às suas condições de proeminência na sociedade judaica. Temiam por seus privilégios e vantagens diversas, além do poder que exerciam sobre os mais comuns e humildes daquela sociedade. Crer, ou mesmo apenas admitir que Jesus era o Cristo de Deus, seria prejudicial a todos os seus interesses. Normalmente se crê no que se convém.

Aquela geração só teria como sinal o mesmo de Jonas. Essa era uma alusão à sua morte e ressurreição. Uma alusão óbvia para nós hoje, mas uma incógnita para seus ouvintes. Porém isso não os desculpa, pois o que lhes condena é exatamente a arrogância do coração. Pois se houve arrependimento em Nínive, pela pregação de Jonas, como não aceitar a mensagem de quem é maior que Jonas. E se houve quem transpusesse tamanhas distância para ouvir Salomão, como não esforçar-se para ouvir e observar o que fala quem é maior que Salomão. Aquela geração creu apenas no que lhes foi conveniente crer.


Refletindo o Exercício

Somos naturalmente tendenciosos. Fazemos quase sempre e preferencialmente aquilo que atende apenas aos nossos interesses e conveniências. Mas crer apenas no que convém, mais do que uma atitude egoísta, é uma atitude hipócrita e cínica, típica dos manipuladores de si mesmo e da fé de terceiros.

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