Provérbios - Lição XX


Provérbios 10:1-32 - JFA


"1 Provérbios de Salomão. Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua mãe.
2 Os tesouros da impiedade de nada aproveitam; mas a justiça livra da morte.  
3 O Senhor não deixa o justo passar fome; mas o desejo dos ímpios ele rechaça.  
4 O que trabalha com mão remissa empobrece; mas a mão do diligente enriquece.  
5 O que ajunta no verão é filho prudente; mas o que dorme na sega é filho que envergonha.  
6 Bênçãos caem sobre a cabeça do justo; porém a boca dos ímpios esconde a violência.  
7 A memória do justo é abençoada; mas o nome dos ímpios apodrecerá.  
8 O sábio de coração aceita os mandamentos; mas o insensato palrador cairá.  
9 Quem anda em integridade anda seguro; mas o que perverte os seus caminhos será conhecido.  
10 O que acena com os olhos dá dores; e o insensato palrador cairá.  
11 A boca do justo é manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência.  
12 O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões.  
13 Nos lábios do entendido se acha a sabedoria; mas a vara é para as costas do que é falto de entendimento.  
14 Os sábios entesouram o conhecimento; porém a boca do insensato é uma destruição iminente.  
15 Os bens do rico são a sua cidade forte; a ruína dos pobres é a sua pobreza.  
16 O trabalho do justo conduz à vida; a renda do ímpio, para o pecado.  
17 O que atende à instrução está na vereda da vida; mas o que rejeita a repreensão anda errado.  
18 O que encobre o ódio tem lábios falsos; e o que espalha a calúnia é um insensato.  
19 Na multidão de palavras não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente.  
20 A língua do justo é prata escolhida; o coração dos ímpios é de pouco valor.  
21 Os lábios do justo apascentam a muitos; mas os insensatos, por falta de entendimento, morrem.  
22 A bênção do Senhor é que enriquece; e ele não a faz seguir de dor alguma.  
23 E um divertimento para o insensato o praticar a iniqüidade; mas a conduta sábia é o prazer do homem entendido.  
24 O que o ímpio teme, isso virá sobre ele; mas aos justos se lhes concederá o seu desejo.  

25 Como passa a tempestade, assim desaparece o impio; mas o justo tem fundamentos eternos.  
26 Como vinagre para os dentes, como fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam.  
27 O temor do Senhor aumenta os dias; mas os anos os impios serão abreviados.  
28 A esperança dos justos é alegria; mas a expectação dos ímpios perecerá.  
29 O caminho do Senhor é fortaleza para os retos; mas é destruição para os que praticam a iniqüidade.  
30 O justo nunca será abalado; mas os ímpios não habitarão a terra.  
31 A boca do justo produz sabedoria; porém a língua perversa será desarraigada.  
32 Os lábios do justo sabem o que agrada; porém a boca dos ímpios fala perversidades."

Segundo alguns comentadores, como Derek Kidner por exemplo, a partir desse capítulo e até 22:16, temos um conjunto de provérbios conhecidos propriamente como Provérbios de Salomão.

Pela própria estrutura que vemos acima, não há parágrafos longos que desenvolvam qualquer explicação ou detalhamento do ensino aplicado. Tal estilo pode induzir-nos a pensar em primeira análise, que um provérbio é isolado totalmente do outro que vem a seguir. Mas tal avaliação logo se apresenta insustentável, pois o assunto se estende pelo capítulo, fazendo com que um provérbio reitere com outra roupagem, aquilo que foi aludido em provérbios anteriores.

Qual é o filho sábio, senão aquele que ouve pai e mãe? E qual é o tolo, senão o que se faz surdo às instruções de ambos? Desse modo essa introdução não separa as sensações causadas no pai, das que são causadas na mãe, mas apenas inaugura o dualismo que impregnará todo o texto que se seguirá. O que é bom em contraste absoluto com o que é mal.

Novamente Salomão se ocupa em reafirmar que, embora haja aparente vantagem em usar de perversidade e todas as suas variáveis facetas para construir segurança, prosperidade e riquezas, tudo aquilo que o perverso obtém lhe será por armadilha. Já em contrapartida, o justo, em sua prudência e bondade se manterá sustentado por Deus, que em tempo oportuno lhe será propício e recompensará o bem com bem ainda mais pleno e superior. Os tesouros da impiedade de nada aproveitam. Não há do que se lamentar em fazer o que é certo, nem ao menos invejar o tolo, violento e perverso. É preciso ter convicção pelas escolhas realizadas, pois a justiça livra da morte.

Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão. Assim o salmista afirma o que o sábio aqui reafirma; Deus jamais permite que o justo tenha necessidade. O Senhor não deixa o justo passar fome, o que mais do que uma promessa, é a afirmação de que Deus jamais deixará de socorrer aquele que opta dar ouvidos à sabedoria. Porém a cobiça dos ímpios será rechaçada. Assim, concluiria o sábio, não há qualquer vantagem na maldade.

Repetindo o dualismo, preguiça e empenho são confrontados. Os versículos 4 e 5 são correlatos e se complementam mutuamente, pois a mão remissa que empobrece, é a mesma que dorme exatamente na hora em que deveria colher o resultado do próprio trabalho. Já o diligente que enriquece, é aquele que não obstante o tempo de fartura, prudentemente guarda o que lhe sobeja. Uma prudência que em uma região árida como o oriente médio, pode em certas condições custar a própria vida.

Nos versículos 6 e 7, Salomão fala de reputação, ou mais apropriadamente, sobre aquilo que se falará sobre alguém, pelo que foi sua vida em sua trajetória. E fica claro que separa uma vida bondade, de uma vida de maldade. A memória do justo é abençoada, é a demonstração de que aqueles que se conduzem pela prudência e bondade, vivendo sabiamente no temor do Senhor, serão lembrados com honra e lembranças boas. O que em certa medida, é o desejo de quase todos os viventes. É uma espécie de perpetuação da própria vida. Já o homem violento e mal, é lembrado pelas maldades que praticou. Seu nome apodrecerá, é a simbologia de que será rejeitado e abandonado no tempo. Não haverá quem lamentará sua partida. Por essa razão o versículo 25 dirá que o ímpio passará como uma tempestade. Com toda sua violência deixará prejuízos e devastação, mas por certo terminará. Já a vida do justo se sustenta em pilares muito mais permanentes. O temor do Senhor aumenta os dias. Mas os dias dos ímpios serão abreviados.


Por todo o capítulo, portanto, o mal é confrontado pelo bem, que o revela abertamente, à medida que parece naturalmente poder ser realizado, a partir de uma escolha anterior à de agir bem ou mal; a de temer ou não temer a Deus, dando ou não ouvidos às instruções da sabedoria, bem como ao apelo da prudência. Mais do que escolhas isoladas entre o que é correto ou não fazer, o que nos lançariam em uma loteria de possibilidades e circunstâncias, fazer o que é bom ou mau depende muito mais de uma escolha de conduta e não de reações às demandas que a vida cotidiana nos impõe, promovendo um comportamento convictamente benevolente, independente de condições e circunstâncias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...

Powered By Blogger