Exercício 018 - A quem temos ouvido?

Por Jânsen Leiros Jr

“28 Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar. 29 Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente. 30 E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, 31 os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém. 32 Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele. 33 E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia. 34 Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem. 35 E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi. 36 Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto."

Lucas 9:28-36 - JFA

Toda vez que leio sobre a transfiguração, imagino qual deva ter sido a experiência de Pedro, Tiago e João diante de tão espantoso e inusitado acontecimento. Os discípulos, ainda que convivendo com Jesus, provavelmente se surpreendessem a cada novo milagre ou acontecimento sobrenatural, que não foram poucos.

Não havia nada mais comum do que Jesus se dedicar a oração. Sempre que conseguia afastar-se das multidões que o seguiam, ele se ocupava de orar. E chamar Pedro, Tiago e João também não era novidade, pois já havia feito isso quando da visita à casa de Jairo. Portanto não havia nada naquelas circunstâncias que pudesse dar aos discípulos uma vaga idéia do que estava para acontecer.

A transfiguração é um fato imerso em simbologias que tendem muito mais a uma finalidade reveladora e profética, do que efetivamente como evento sobrenatural. Sim, porque tanto Moisés quanto Elias são prefigurações de Jesus no Antigo Testamento, bem como representam respectivamente a Lei e os Profetas, por serem seus maiores expoentes. Não por acaso, ambos conversavam com Jesus sobre sua partida=êxodo, que aconteceria em Jerusalém; Jerusalém que mata os profetas...

Os discípulos que acompanhavam Jesus haviam adormecido, mas despertaram provavelmente assustados com toda aquela manifestação. Pedro, impulsivo como sempre, mas sobretudo corajoso, oferece-se para eternizar aquele momento, armando tendas que abrigassem Jesus, Moisés e Elias. Afinal, se eles esperavam que Jesus viera restaurar o reino a Israel, quanto mais poder teria ajudado pelo legislador e pelo profeta.

Antes, porém, que essa idéia pudesse se firmar naqueles corações atônitos, o próprio Deus se ocupou em advertir os três discípulos para o fato de que Jesus era o seu eleito, e que ele, e não Moisés ou Elias, deveria ser ouvido, e por que não dizer, obedecido. Não que a Lei e os Profetas devessem ser desprezados, mas porque ali estava quem era o próprio cumprimento de todo o Antigo Testamento.

Refletindo o Exercício

Será que em nossa caminhada cristã, em nossas observações sobre o que é ser um cristão, não perdemos o foco de Jesus, dando importância a fatos e ensinamentos que jamais deixaram de ser figuras da bondade e graça de Deus, manifesta em Jesus?