”3 Bendito seja o Deus e
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos
regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os
mortos, 4 para uma herança
incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, 5 que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para
a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; 6 na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo,
sendo necessário, estejais contristados por várias provações, 7 para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro
que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na
revelação de Jesus Cristo; 8 a quem, sem o terdes
visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo
inefável e cheio de glória, 9 alcançando o fim da
vossa fé, a salvação das vossas almas.”
1 Pedro 1:3-9 – ARA
É
impossível não considerar que, ao longo de nossa história, nossa existência
teve sua dinâmica alterada diversas vezes e por múltiplas influências. E é
claro, as percepções e perspectivas a respeito da vida e de sua continuidade
para além "do sono", foram revisitadas a cada novo contexto, à medida
que os anseios e conclusões da humanidade concernentes à vida, foram se
ajustando à sua realidade e premências.
Não
muito diferente do que acontece hoje, a preocupação primeira e comum nas
diversas sociedades desde a antiguidade, era conquistar uma feliz vida boa. A
vida que valia à pena ser vivida. Longa, tranquila e próspera. Nesta direção e
com esse propósito, tudo o mais se realizava dia após dia. Longevidade, com
dias tranquilos e razoável prosperidade, foi e ainda é sinônimo de felicidade e
sucesso na vida. Muitos foram os trilhos utilizados ao longo dos séculos. Mas o
destino a se alcançar foi quase sempre o mesmo.
Com o passar do tempo, vez por outra alguém atravessava essa ideia de vida boa, com conceitos divergentes e até mesmo assustadores, pois fugiam dos padrões tão consagrados, e aos conceitos tão convenientemente construídos. Alguns foram até mesmo taxados como loucos, ou no mínimo como sonhadores. Ora, alguns personagens na narrativa bíblica se colocaram como expoentes desse rompante contrário ao "duradouro, sereno e compensador", e caminharam na contramão do que se considerava razoável
Tais
personagens, apesar de experimentarem circunstâncias confortáveis, que
naturalmente tendenciavam ao sucesso, entenderam que a existência humana, ou
pelo menos as suas existências, precisariam buscar um sentido além ou muito
além e adverso daquele a que haviam se proposto antes do click inquietante; a
centelha do além. Além de tudo isso aqui, além de mim aqui, além da vida que vivo
aqui.
Abraão
deixou tudo. Moisés deixou tudo. E tantos outros abandonaram o que tinham ou o
que eram, para se abandonarem em um caminho novo, desconhecido e sem quaisquer
garantias tangíveis. Tudo movido pelo desejo de ir além. Afinal, a vida, por
melhor que estivesse, não podia ser apenas aquilo. Salomão que o diga! Temos
então, que alguns poucos, em toda nossa história, olharam para a vida que há
além da vida, e buscaram ver, ouvir, sentir, e até tocar, no que existe para
além do instante da morte.
Muito
já se especulou, portanto, quanto ao que acontece após a temida morte; mais
temida hoje que outrora. E entre os cristãos também há muitas especulações, já
que diferentes e até divergentes interpretações, provocam variadas teorias
sobre o que é e onde se dá a vida que teremos além da vida que temos.
Lamentavelmente,
posso afirmar categoricamente, que ninguém, quer seja leigo, quer seja o mais
preparado dos teólogos, conseguirá fechar conceito minimamente perto do que
efetivamente viveremos. Afinal, nem olhos viram nem ouvidos ouviram, nem
jamais penetrou em coração humano, o que Deus tem preparado para aqueles que o
amam. Algumas pistas, no entanto, bem podemos seguir, acompanhando o que o
texto bíblico em todo o seu conjunto, nos apresenta sobre novos céus e nova
terra.
É disso que nos ocuparemos nas próximas duas ou três quintas-feiras. Vamos buscar possibilidades e trabalhar na construção de algumas convicções. A ideia não é nem de perto fecharmos questão sobre o tema que é tão amplo e controverso. Mas é, sem qualquer sombra de dívida, nos proporcionar o mais apetitoso, saboroso e inspirador, antegosto da gloria.