domingo, 14 de junho de 2015

Unção; poder e capacitação



Por Jânsen Leiros Jr.


14 Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança. 15 Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado. 16 Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.17 Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito: 18 O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19 e para proclamar o ano aceitável do Senhor.20 E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. 21 Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos."
Lucas 4:14-21 - JFA;

No último texto, em que falamos do episódio de Pedro andando sobre as águas no Mar da Galiléia, comentamos que a convicção de Jesus para realizar seus feitos, vinha da ação do Espírito de Deus em sua vida, no cotidiano de seu ministério, durante o tempo em que viveu sobre a terra. Mas por que dissemos isso? Que fatores nos levam a identificar as realizações de Jesus, como dependentes da atuação do Espírito Santo em sua vida? No texto de hoje nos deteremos nesse aspecto de sua vida com maior atenção; Jesus, o ser humano perfeito, segundo a vontade de Deus.

O texto de Lucas é bastante contundente, e apresenta com excelência a convicção que Jesus tinha de quem era, e do que haveria de realizar no mundo; hoje se cumpriu esta escritura. Imaginem o quão corajoso foi Jesus, ao afirmar que ele próprio era o cumprimento daquela profecia, tendo os seus próprios feitos como sinal de seu messianismo.  Tendo somente Lucas a narra esse fato, não há muito como analisar historicamente o ocorrido, de modo a medir com precisão quanto tempo se passou entre o fim dos quarenta dias no deserto, e aquele sábado na sinagoga de Nazaré. Mas é patente que Jesus já havia realizado muitos milagres e acumulado feitos expressivos diante do povo, pois sua alusão ao texto de Isaias[1], relaciona tais sinais à profecia.

De onde vinha tamanha coragem e convicção? Sabidamente Jesus corria o risco de ser considerado blasfemo, e por blasfêmia condenado à morte. Ora ainda que tal destino já lhe fosse familiar, haveria um tempo para que isso ocorresse, tempo ainda não chegado naquele sábado. Vim proclamar o ano aceitável do Senhor. O novo tempo em que Deus dará resgate aos pobres, liberdade aos cativos, visão aos cegos, e o cancelamento das dívidas aos falidos espirituais[2]. Jesus não tinha qualquer dúvida de que a ele estava conferida a responsabilidade de cumprir as escrituras. Mas por quê?

No versículo 14, o evangelista diz que Jesus retornou dos quarenta dias no deserto, no poder do Espírito Santo - en tê dunamei, no grego - que trás a idéia de capacitado para realizar algo; autoridade para e poder para. Isso trás à tona a realidade de que, o que Jesus realizava em seu ministério, tanto os milagres quanto a autoridade com que proclamava as boas novas dos céus, o fazia por total e plena capacitação pelo Espírito Santo de Deus, que nele atuava plenamente, à medida que também ele, Jesus, era plenamente submisso à vontade de Deus, dada sua relação íntima e comprometida com o pai.

É importante ressaltar que Jesus não estava investido de todo esse poder realizador por ser Deus, condição à qual abdicou em favor da humanidade[3]. Não por isso, mas porque e exclusivamente, se submetia à condução do Espírito Santo de Deus. A submissão é um paradoxo do comportamento cristão. Quanto mais submisso, dedicado, fraco e dependente, maior a capacitação, o poder realizador, a força e convicção de caminhar conforme a vontade de Deus. Pois quando sou fraco, aí é que sou forte[4].

A narrativa do livro de Gênesis sobre o pecado original, apresenta um homem rebelando-se contra Deus e sua instrução. A desobediência é instrumental, é apenas a forma reveladora da atitude rebelada do homem; serei igualmente deus, conhecedor do bem e do mal. Não dependo mais de Deus. Era o que estava por trás da desobediência, influenciando-a e a determinando como inevitável. A humanidade decidiu livrar-se de Deus, e de sua dependência dele. Viver atendendo às próprias vontades e satisfazendo os próprios desejos. A simples presença de Deus já os incomodava.

Ao contrário de Adão, desde cedo Jesus é treinado na obediência, submetendo-se a seus pais[5], embora já apresentasse indícios de que sabia contundentemente qual seria o seu papel no mundo[6]. Os evangelhos narram inúmeras passagens em que Jesus se retira para orar. Se afasta para estar a sós com Deus. Ele sabe que depende de seus Espírito. Mais. Ele deseja estar com Deus. O prefere a si mesmo. Tem seu prazer em realizar a sua vontade, ainda que essa vontade o conduza inexoravelmente à morte, e morte de cruz. Sua submissão é total. Ele obedece por amor. E na dependência do Espírito de Deus, torna-se capaz e convicto, para realizar tudo o que Deus lhe coloca por tarefa.

Vivemos tempos de falta de convicção, como falei no texto anterior. Mas isso porque nos falta submissão e entrega. O custo dessa entrega é medido. Nossa dedicação, comedida. Concedemos apenas aquilo que não nos é efetivamente essencial para nossos projetos pessoais, ou para a realização de nossos sonhos mais íntimos. Ao contrário disso, nenhuma realização de Jesus foi sem custo. Ele andou de cidade em cidade. Orientava seus discípulos diária e diuturnamente. Curava os enfermos, falava às multidões. E por fim, não bastasse tudo isso, sua dedicação e submissão, custou-lhe a vida. Se possível, passa de mim esse cálice. Porém faça-se a tua vontade[7]. Ele foi obediente até o fim[8].

Sejamos nós igualmente submissos, para que o poder realizador do Espírito do Senhor nos capacite a realizar tudo aquilo que Deus nos propõe. Que nossas vidas espelhem entrega e dedicação, para que convictos, sejamos veículos de bênçãos, para a honra e a glória de Deus.




[1]  Isaias 61:1e2
[2]  No Antigo Testamento, o cativeiro diz respeito ao exílio de Israel (Lc 1.68-74). Aqui, o cativeiro alude ao pecado (Lc 1.77; 7.47; 24.47; At 2.38; 5.31; 10.43; 13.38; 26.18). Jesus deu vista aos cegos, uma referência às Suas obras milagrosas (Lc 7.22), com implicações espirituais (Lc 1.78,79; 10.23,24;18.41-43). Jesus pôs em liberdade os oprimidos. Esse era originalmente o chamado de Israel, mas a nação fracassou em sua tarefa (Is 58.6). O que Israel não conseguiu fazer, Jesus fez. A ilustração aqui remete à realidade física e espiritual. Jesus proclamou o ano aceitável do Senhor, uma alusão ao Jubileu. Este acontecia a cada 50 anos e, nesta época, os débitos eram perdoados, os escravos conseguiam sua liberdade, as terras voltavam para seus donos originais. O Ano do Jubileu permitia que se recomeçasse (Lv 25.10). Jesus ofereceu o cancelamento total da dívida espiritual e um novo começo àqueles que cressem em Sua mensagem.

[3]  Filipenses 2:5-8
[4]  2 Coríntios 12:9-10
[5]  Lucas 2:51
[6]  Lucas 2:49
[7]  Lucas 22:42
[8]  Filipenses 2:8

Um comentário:

  1. De certo,o Senhor nos alerta ser fiel ate a morte e darte-ei a coroa da vida,o ser fiel aqui é entregar sua vida por inteiro a Deus,deixar ele ser condutor;por Deus em primeiro é saber que temos um alvo a perseguir alvo este que nos traz paz,alegria,amor,afinal se o buscarmos em primeiro tudo vos sera acrescentado então o que mais falta para sermos servos fieis? O que mais falta para descansarmos em Deus? Que vivamos em todo tempo no centro da sua vontade pois afinal de contas o que temos a perder? te digo..Nada!!!!

    ResponderExcluir

Detesto falar sozinho. Dê sua opinião. Puxe uma cadeira, fale o que pensa e vamos conversar...

Powered By Blogger