Por Jânsen Leiros Jr.
“14 Então voltou Jesus para a
Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.
15
Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado. 16
Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado,
segundo o seu costume, e levantou-se para ler.17 Foi-lhe entregue o livro do
profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito: 18
O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas
novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e
restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19
e para proclamar o ano aceitável do Senhor.20 E fechando o livro, devolveu-o
ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. 21
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos."
Lucas 4:14-21 - JFA;
No último texto, em que falamos do episódio
de Pedro andando sobre as águas no Mar da Galiléia, comentamos que a convicção
de Jesus para realizar seus feitos, vinha da ação do Espírito de Deus em sua
vida, no cotidiano de seu ministério, durante o tempo em que viveu sobre a
terra. Mas por que dissemos isso? Que fatores nos levam a identificar as
realizações de Jesus, como dependentes da atuação do Espírito Santo em sua
vida? No texto de hoje nos deteremos nesse aspecto de sua vida com maior
atenção; Jesus, o ser humano perfeito, segundo a vontade de Deus.
O texto de Lucas é bastante contundente,
e apresenta com excelência a convicção que Jesus tinha de quem era, e do que haveria de realizar no mundo; hoje se cumpriu esta escritura. Imaginem o quão corajoso foi Jesus,
ao afirmar que ele próprio era o cumprimento daquela profecia, tendo os seus
próprios feitos como sinal de seu messianismo.
Tendo somente Lucas a narra esse fato, não há muito como analisar historicamente
o ocorrido, de modo a medir com precisão quanto tempo se passou entre o fim dos
quarenta dias no deserto, e aquele sábado na sinagoga de Nazaré. Mas é patente
que Jesus já havia realizado muitos milagres e acumulado feitos expressivos
diante do povo, pois sua alusão ao texto de Isaias[1],
relaciona tais sinais à profecia.
De onde vinha tamanha coragem e
convicção? Sabidamente Jesus corria o risco de ser considerado blasfemo, e por
blasfêmia condenado à morte. Ora ainda que tal destino já lhe fosse familiar,
haveria um tempo para que isso ocorresse, tempo ainda não chegado naquele
sábado. Vim proclamar o ano aceitável do
Senhor. O novo tempo em que Deus dará
resgate aos pobres, liberdade aos cativos, visão aos cegos, e o cancelamento
das dívidas aos falidos espirituais[2].
Jesus não tinha qualquer dúvida de que a ele estava conferida a
responsabilidade de cumprir as escrituras. Mas por quê?
No versículo 14, o evangelista diz que
Jesus retornou dos quarenta dias no deserto, no poder do Espírito Santo - en tê dunamei,
no grego - que trás a idéia de capacitado
para realizar algo; autoridade para
e poder para. Isso trás à tona a
realidade de que, o que Jesus realizava em seu ministério, tanto os milagres
quanto a autoridade com que proclamava as boas novas dos céus, o fazia por
total e plena capacitação pelo Espírito Santo de Deus, que nele atuava
plenamente, à medida que também ele, Jesus, era plenamente submisso à vontade
de Deus, dada sua relação íntima e comprometida com o pai.
É importante ressaltar que Jesus não
estava investido de todo esse poder realizador por ser Deus, condição à qual
abdicou em favor da humanidade[3].
Não por isso, mas porque e exclusivamente, se submetia à condução do Espírito
Santo de Deus. A submissão é um paradoxo do comportamento cristão. Quanto mais
submisso, dedicado, fraco e dependente, maior a capacitação, o poder realizador,
a força e convicção de caminhar conforme a vontade de Deus. Pois quando sou fraco, aí é que sou forte[4].
A narrativa do livro de Gênesis sobre o
pecado original, apresenta um homem rebelando-se contra Deus e sua instrução. A
desobediência é instrumental, é apenas a forma reveladora da atitude rebelada
do homem; serei igualmente deus, conhecedor
do bem e do mal. Não dependo mais de Deus. Era o que estava por trás da desobediência,
influenciando-a e a determinando como inevitável. A humanidade decidiu
livrar-se de Deus, e de sua dependência dele. Viver atendendo às próprias
vontades e satisfazendo os próprios desejos. A simples presença de Deus já os
incomodava.
Ao contrário de Adão, desde cedo Jesus
é treinado na obediência, submetendo-se
a seus pais[5],
embora já apresentasse indícios de que sabia contundentemente qual seria o seu
papel no mundo[6].
Os evangelhos narram inúmeras passagens em que Jesus se retira para orar. Se
afasta para estar a sós com Deus. Ele sabe que depende de seus Espírito. Mais.
Ele deseja estar com Deus. O prefere a si mesmo. Tem seu prazer em realizar a
sua vontade, ainda que essa vontade o conduza inexoravelmente à morte, e morte de cruz. Sua submissão
é total. Ele obedece por amor. E na dependência do Espírito de Deus, torna-se
capaz e convicto, para realizar tudo o que Deus lhe coloca por tarefa.
Vivemos tempos de falta de convicção,
como falei no texto anterior. Mas isso porque nos falta submissão e entrega. O
custo dessa entrega é medido. Nossa dedicação, comedida. Concedemos apenas aquilo
que não nos é efetivamente essencial para nossos projetos pessoais, ou para a
realização de nossos sonhos mais íntimos. Ao contrário disso, nenhuma realização
de Jesus foi sem custo. Ele andou de cidade em cidade. Orientava seus discípulos
diária e diuturnamente. Curava os enfermos, falava às multidões. E por fim, não
bastasse tudo isso, sua dedicação e submissão, custou-lhe a vida. Se possível, passa de mim esse cálice. Porém
faça-se a tua vontade[7].
Ele foi obediente até o fim[8].
Sejamos nós igualmente submissos, para
que o poder realizador do Espírito do Senhor nos capacite a realizar tudo
aquilo que Deus nos propõe. Que nossas vidas espelhem entrega e dedicação, para
que convictos, sejamos veículos de bênçãos, para a honra e a glória de Deus.
[2] No Antigo Testamento, o cativeiro diz respeito
ao exílio de Israel (Lc 1.68-74).
Aqui, o cativeiro alude ao pecado (Lc 1.77;
7.47; 24.47;
At 2.38; 5.31;
10.43; 13.38;
26.18). Jesus deu vista aos cegos,
uma referência às Suas obras milagrosas (Lc 7.22), com implicações espirituais
(Lc 1.78,79; 10.23,24;18.41-43). Jesus pôs em liberdade os
oprimidos. Esse era originalmente o chamado de Israel, mas a nação fracassou em
sua tarefa (Is 58.6). O que Israel não conseguiu
fazer, Jesus fez. A ilustração aqui remete à realidade física e espiritual.
Jesus proclamou o ano aceitável do Senhor, uma alusão ao Jubileu. Este
acontecia a cada 50 anos e, nesta época, os débitos eram perdoados, os escravos
conseguiam sua liberdade, as terras voltavam para seus donos originais. O Ano
do Jubileu permitia que se recomeçasse (Lv 25.10).
Jesus ofereceu o cancelamento total da dívida espiritual e um novo começo
àqueles que cressem em Sua mensagem.
[3] Filipenses 2:5-8
[7] Lucas 22:42
[8] Filipenses 2:8
De certo,o Senhor nos alerta ser fiel ate a morte e darte-ei a coroa da vida,o ser fiel aqui é entregar sua vida por inteiro a Deus,deixar ele ser condutor;por Deus em primeiro é saber que temos um alvo a perseguir alvo este que nos traz paz,alegria,amor,afinal se o buscarmos em primeiro tudo vos sera acrescentado então o que mais falta para sermos servos fieis? O que mais falta para descansarmos em Deus? Que vivamos em todo tempo no centro da sua vontade pois afinal de contas o que temos a perder? te digo..Nada!!!!
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