Por
Jânsen
Leiros Jr.
"8 Pode um ser humano
roubar algo de Deus? No entanto estais me roubando! E ainda ousam questionar:
‘Como é que te roubamos?’ Ora, nos dízimos e nas ofertas! 9 Estais debaixo de grande
maldição, porquanto me roubais; a nação toda está me roubando. 10 Trazei, portanto, todos
os dízimos ao depósito do Templo, a fim de haja alimento em minha Casa, e
provai-me nisto”, assegura o SENHOR dos Exércitos, “e comprovai com vossos
próprios olhos se não abrirei as comportas do céu, e se não derramarei sobre
vós tantas bênçãos, que nem conseguireis guardá-las todas. 11 Também impedirei que
pragas devorem as vossas colheitas, e as videiras nos campos não perderão o seu
fruto!”, promete Yahweh dos Exércitos. 12 “E todas as nações vos chamarão ‘âshar, bem-aventurados;
porque a vossa terra será maravilhosa!”, promete o SENHOR dos Exércitos.
Malaquias 3:8-12 - KJA
Se tem um assunto polêmico e
extremamente controverso em nosso meio, é o que trata de dinheiro. Toda vez que
lideranças tocam no assunto, ou toda vez que pastores conclamam suas assistências
a entregarem seus dízimos e suas ofertas, há em grande parte da plateia, ou
mesmo entre os que assistem aos cultos pela TV ou pela internet, um enorme e
incômodo desconforto.
Essa polêmica varia em grau conforme o perfil
e origem da plateia, mas sempre é polêmica. Há muitos que encobrem suas posições
contrárias, e outros que, por medo da avaliação de terceiros, agem conforme a
maioria e seguem o fluxo da manada
que vai para lá e para cá, muitas vezes sem qualquer sintoma genuíno de aceitação.
Já que é para fazer, façamos.
Talvez, por essa razão, me chovam
perguntas sobre dízimo e sua pertinência, sobre ofertas e sua necessidade no
mundo pós Novo Testamento. Sempre me deparo com gente querendo legitimar sua
vontade de reter consigo, o que se vê obrigado a dar. E por isso tentam
encontrar, desesperadamente, alguém que lhes indique um caminho para a negação.
Porém, mais do que um presumido contexto neotestamentário, o que mais provoca a
inquietação com esse assunto está muito mais afeto à ligação que cada indivíduo
desenvolve com o dinheiro em seu íntimo.
Num mundo em que tudo é relativo,
obrigações e costumes seguem se alternando como legítimos e improcedente,
atuais ou caducos, gerando sempre questionamentos sobre aplicabilidades e usos.
E com o assunto dinheiro na igreja não poderia ser diferente. Afinal de contas,
perguntou um leitor essa semana: o dízimo é ou não uma obrigação?
Por um momento, e para evitar o embate
desde o primeiro parágrafo da resposta, vamos deixar temporariamente a palavra
obrigação de lado e vamos tecer comentários sobre uma ótica alternativa; porém,
bastante interessante, acredito. Sim, porque se tem uma coisa que no reino de
Deus parece ter caído em desuso é a obrigação
como ato aparente de cumprimento a um rito; esse
povo honra-me com seus lábios, mas seu coração está longe de mim. No reino
de Deus há um abandono ao que é aparente, e uma extrema valorização do que é
essencial. O conhecido Sermão da Montanha traduz isso maravilhosamente bem.
Sendo assim, prefiro encarar o dízimo
como um ato de adoração e desafio de fé, como desafiado foi o povo de Israel na
passagem de Malaquias acima. Dízimo é adoração porque é desprendimento. Sou eu
dizendo para mim mesmo que posso entregar o que recebi, porque por ação e
cuidado de Deus haverá sustento, ainda que a princípio tal parcela pudesse
fazer falta em meu orçamento doméstico. E o tamanho dessa entrega varia
conforme o orçamento, porque muito ou
pouco, a décima parte de alguma coisa
será sempre a décima parte dessa mesma coisa. Assim, aquele que é fiel no que é
pouco também o será no que for muito. Quando dizimista, ninguém o é
mais ou menos do que ninguém. Deus não
faz acepção de pessoas. Todo dizimista é igual.
A literatura infanto-juvenil nos
empresta um personagem ideal para o debate sobre dinheiro: Tio Patinhas. Amante
do dinheiro, ele é a imagem do avarento que só acredita no poder do dinheiro
para a movimentação e validação de tudo na vida. E por pensar assim, ele se
torna um acumulador contumaz, crendo que quanto mais dinheiro retiver, maiores
serão suas chances e possibilidades de ter o que pretende. Dar ou doar, são
palavras abomináveis para qualquer avarento acumulador.
Quando entregamos o dízimo, não
cumprimos uma obrigação tão somente. Damos um passo de fé, crendo que nosso
sustento e a nossa vida cotidiana não dependem da décima parte do que ganho,
porque quem me supre a vida pode muito mais do que essa décima parte. Está aí
implícito um belo e delicioso exercício de fé. Ora, se acreditamos em milagres
e curas, se cremos em salvação pela graça, onde eu nada faço por merecê-la,
como não creio que Deus me sustentará ainda que com dez por cento menos na
minha renda? Será que por ser o bolso a parte mais sensível do corpo humano é
que pensamos assim?
Dízimo, assim, é adoração. É honra a
Deus em exercício de fé. É a superação íntima de se crer no que se tem, para
crer em quem nos tem. Dízimo é entrega e rendição. Porque tudo com o que mais nos
importa na vida, quase sempre está ligado àquilo com o que mais gastamos tempo
e dinheiro. Por isso dízimo precisa ser prazer e alegria. Aliás, Deus ama o que
dá com alegria. Deus ama um coração doador.
Quando colocamos o dízimo como obrigação,
colocamos nele um peso de culpa e medo. E o medo não é perfeito em amor. Dízimo
é privilégio de quem devolve a Deus por exercício de gratidão, parte de tudo
aquilo que Deus já nos deu. Dízimo, portanto, não é barganha. Eu não dou para poder
receber. Eu apenas devolvo por fé parte daquilo que já recebi. Dízimo é
testemunho de bênção. Se Deus é doador, importa
que seus adoradores o adorem doando e doando-se.
Existe sim um mistério nesse processo de
doação, de entrega, e de obediência em fé. Quanto mais me entrego e me doo, mais
recebo para mais doar e me entregar. É como um canal de fluxo de enchente e
vazante, que se alternam ao sabor da vontade daquele que é o dono de todas as
coisas. Quanto mais doamos mais parecidos com Deus ficamos, porque Ele é o
doador por excelência. Fez isso com a vida, repetiu doando-se na salvação, e
seguirá doando vida na ressurreição e pela eternidade afora. Ele dá sem nada
pedir em troca. Há, sim, quem não queira receber. Mas ninguém precisa fazer
nada para receber o que já está dado. Com Deus não há barganha. Ele não vende
nem troca; dá!
O dízimo é um prazer.
Leia também: Quando suas posses expressam amor - http://teologandoso.blogspot.com.br/2015/09/quando-suas-posses-expressam-amor.html
Excelente reflexão sobre o dízimo.
ResponderExcluirConsegui através do que foi colocado aqui, ter uma nova percepção sobre a entrega real do dízimo.
Obrigado!!!!