Por
que é sempre assim? Por que estamos sempre fazendo pouco caso de nós mesmos?
Por que nos diminuímos? Por quê? O brasileiro é o único povo que conheço, capaz
de menosprezar sistematicamente suas próprias conquistas, e se considerar indigno
das vitórias. Em qualquer que seja o campo da atividade humana. Talvez por isso
tenhamos tão pouca memória de nossos feitos, sejam coletivos ou individuais. A
menos que haja um referendo externo.
Confesso
que nessa questão invejo nossos “hermanos” argentinos. Eles mantêm uma
admirável auto-estima nacional que me encanta. Eles se congratulam pelas conquistas
e se orgulham de seus feitos, mesmo que o resto do mundo os desmereça. Azar,
eles se bastam! E olha que nas últimas décadas, não faltaram motivos para que o
povo argentino lamentasse a própria sorte! Não obstante eles seguem com um
orgulho nacional invejável.
Nós
não. Nós nos envergonhamos de tudo. Quase pedimos desculpas por sermos melhores
no que somos. Como se já não nos bastasse ter uma quantidade enorme de coisas
para nos envergonhar. A corrupção crassa gabinetes e corredores do congresso nacional.
O poder público dá de ombros para a população, deixando a saúde, a segurança
pública, os transportes e a habitação em verdadeiro estado de penúria. Uma vergonha!
Disso sim precisamos nos envergonhar e agir... Agir para mudar! E as eleições
vêm aí!
Mas
no futebol... Ah, no futebol... Somos o que somos. E somos bons. E não precisamos
nos envergonhar disso. Pelo contrário. Enquanto vários países levam décadas para
revelar um ou outro jogador que encante nos gramados mundo a fora, nós brasileiros
“produzimos” craques quase que em série. É só olharmos para as seleções que vieram
à Copa 2014, como em outras passadas. São diversos brasileiros naturalizados, defendendo
nações outras, que os acolheram, entre outras razões, por não terem “gente”
para isso. Só na seleção croata, nossa primeira adversária, tem dois
brasileiros naturalizados entre os 23 convocados.
“Não
foi pênalti!" Gritou o mundo inteiro, e surfamos atrás na onda do menosprezo
à nossa vitória. Não, é verdade. Também me pareceu que não foi pênalti. Mas e
daí? Primeiro, ganhamos de três a um. Portanto sobrou gol. Quer tirar o do
pênalti? Tudo bem... Continuamos ganhando. Segundo, o gol que levamos foi
marcado por nós mesmos, e porque o atacante errou o único chute ao gol, que
teriam dado no primeiro tempo... “Mas não foi pênalti!”. Foi tudo o que se
repetiu desde o final do jogo. Misturamos a insatisfação com as circunstância
da vida nacional, com a alegria da vitória. E como quem teme esquecer as
mazelas que precisam ser consertadas, não celebramos as conquistas. E nos
mantemos a sensação de ilegítimos. Desnecessário...
Precisamos
aprender a sentir uma coisa de cada vez. A indignação é legítima. Mas a alegria
e o orgulho também. Cada um no momento
adequado e pelas razões certas. Como ontem, podemos dar uma grande virada nas
urnas e melhorarmos o país. E faremos isso quando chegar a hora. Até lá...
Brasil! Brasil! Brasil!...
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