Por Jânsen
Leiros Jr.
"
3 Porque proclamarei o nome
do Senhor; engrandecei o nosso Deus. 4 Ele é a nossa Rocha, suas obras são todas perfeitas, e seus
caminhos todos, justos. Deus é fiel, e jamais comete erros. Deus é bom, sábio e
justo! "
Deuteronômio 32:3-4 - KJA
"
18 Certo líder judeu
indagou-lhe: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” 19 Questionou-lhe Jesus:
“Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus!."
Lucas 18: 18-19 - KJA
Mais uma vez recebi um questionamento
bastante interessante, em que nosso interlocutor questionava, entre muitas
coisas, por que Deus estava deixando sua mãe partir... Morrer. Era perceptível
a dor que lhe dilacerava o peito. Não era pra menos. E se já não bastasse a dor
daquela perda, outra questão lhe perturbava: Estaria ele se tornando um herege,
porque volta e meia passava por sua cabeça o pensamento que questionava: Se
Deus é bom, como pode permitir que nos aconteçam coisas más e profundamente
doloridas. Será que ele tem prazer em nosso sofrimento? Chegar a pensar nisso
lhe causava dor sobre dor.
Ora, era então preciso lhe demonstrar
que a elucubração é um exercício mais do que natural e recorrente no ser
humano. Pensamos praticamente todo o tempo, e em muitos casos, pensamos no que
pensamos, avaliando a pertinência de pensamentos, argumentos e conclusões. Não
temos volta e meia a ideia de que nossas conclusões só podem ser maluquices? É porque, pensando sozinhos,
quase sempre nos damos o direito de vagar por espaços e dúvidas que não expomos
diante de terceiros. Também é por isso que ao pensarmos, ou nos calamos, ou nos
afastamos, entendendo que podemos nos trair balbuciando
as ideias. Não diz Caetano que de perto ninguém é normal? Creio que ele tenha
certa razão.
Passava então a ser minha
responsabilidade dizer que Deus é bom, apesar da morte de sua mãe. E que ainda
se mantinha bom, apesar de seus pensamentos que entendia serem hereges. Não há
punições para questionamentos, só para intenções. Então Deus precisaria ser
apresentado bom, e suas inquietações adequadas, ou minimamente aceitáveis. Isso
sem usar teologuês insensível, ou
gerar polêmica confrontando o pensamento e a exposição de quem pedia socorro. Socorro,
por mais distante que esteja da verdade, se é que esteja, deve ser acolhido e não
confrontado. Então vamos à resposta oferecida ao leitor.
* * *
Questionar sobre a vida é um direito
legítimo do ser humano. O pensamento é um exercício que nos faz ser diferentes
de zebras, macacos e samambaias. De modo que, pensar e questionar são atos
legítimos em qualquer pessoa, qualquer que seja o mote de tal questionamento,
qualquer que seja o caminho que fez, faz, ou fará determinado pensamento.
Por isso quando a bondade de Deus é
questionada, não há qualquer sacrilégio nisso, pois que exercício genuíno do
potencial humano de pensar. É preciso ter em mente, contudo, que sendo a
bondade um atributo, aquilo que se refere à natureza inerente e inclinação
máxima, ou ela é ou ela não é, não podendo haver em parte. Sim, porque se Deus
é bom, ou Ele é TODO bem, ou não é bem algum, ainda que pudesse ser às vezes ou
na maioria das vezes bom. Porque se há espaço para algum mal, então ele poderá
ser todo mau. Atributos não se estabelecem por proporções. Mas afinal, Deus é
bom ou mau?
Gosto da comparação que assisti outro
dia, de dois momentos extremos da vida humana; nascimento e morte. É muito
normal ao longo da vida sermos comunicados com toda a alegria, do nascimento de
filhos de amigos, filhos de parentes, ou mesmo dos nossos filhos. Apreensivos
pelas circunstâncias e pelos riscos envolvidos, ao sermos informados de que
tudo correu bem, dizemos graças a Deus. E por vezes vi pais e parentes dizerem,
com seus rebentos no colo, como Deus é
bom!
Mas também ao longo da vida vivemos
circunstâncias de dor e de grande tristeza, onde nos questionamos por que Deus
deixou isso ou aquilo acontecer? Por que permitiu a morte desse ou daquele ente
querido? Por que Deus quis que morresse o meu filho? Falo como quem sofreu tal
perda e que ainda sente a dor da ausência. Dor que deverá doer para sempre.
Deus
é luz, diria o apóstolo João em uma de suas cartas, e nele não á treva alguma. Isso dizia
demonstrando que bem e mal são autoexcludentes, e não podem, por esse princípio,
habitarem simultaneamente o mesmo espaço. Portanto Deus é bom ou é mau? Ou será
que lhe atribuo o ser bom ou ser mau conforme as circunstâncias que vivencio?
Ou será que Ele é bom ou é mau, dependendo do que me agrada ou me aborrece?
Afinal, Deus é bom ou é mau? Ou nós é que vivemos como crianças birrentas, colando
n'Ele adesivos infantis que variam conforme nosso humor, consoante as próprias
conveniências?
Nunca houve qualquer promessa de
"blindagem" da vida, por Deus ser bom
ou ser mau. Nada a isso jamais se
condicionou. Sequer sua fidelidade, que se mantém firme apesar de toda e
qualquer circunstâncias. Muito pelo contrário, a Bíblia afirma que a chuva cai
sobre justos e injustos, declarando em alto e bom som que Deus não faz acepção de pessoas. À isso há inexorável fidelidade. De
modo que todos passamos tudo pelo que um ser humano normal pode passar ao longo
de uma vida comum; vitórias e derrotas, ganhos e perdas, nascimentos e mortes. No mundo tereis aflições, disse o próprio
Jesus. Viver é inquietante e aflitivo. Mas tenham
bom ânimo, pois eu venci o mundo. Esse é outro conforto. E a este se segue que
estará conosco até o fim dos tempos.
Essa é uma promessa, e uma promessa
redentora. Haverá dor, surgirão dificuldades, os desertos aparecerão ao longo
da caminhada; Ele estará sempre ao nosso lado. Sabendo isso, diria o apóstolo Paulo, que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus.
É a providência cuidando de seus propósitos e de nosso bem. Deus é mesmo bom,
ainda que em meio ao caos, que é mal.
Dói? Eu sei que dói. E dói em mim,
como dói em tantos outros. Dói até em outras situações que vão além da dor, e
que nos deixam confusos e perplexos. Mas tenha bom ânimo, pois eu venci o
mundo, diz Jesus aos nossos corações.
Essa sim é a vida real. Vida que se
alterna em fatos agradáveis e desagradáveis. Em circunstâncias fáceis e
difíceis de serem superadas. Momentos agradáveis ou ruins de serem vividos. Mas
Jesus não deixou de saber de nada disso. Viveu tudo, sendo homem experimentado em dores, para em tudo e
por tudo poder nos conduzir à salvação; por meio de sua própria dor. Ora, se o
próprio Deus fez questão de pela dor nos conceder a graça da redenção, como não estaria conosco e em nós, nos momentos
em que a caminhada fica difícil, e o fôlego para prosseguir parece quase nos
faltar?
Tende bom ânimo ele diz e eu repito. Em Cristo nossa momentânea tribulação,
se tornará peso de alegria, pois todas as lágrimas serão enxugadas, e todas as
explicações nos serão dadas; ou não. Porque também não farão qualquer
diferença. O que nos importa ouvir no final? A sua fé te salvou.
Que o Senhor conforte e abençoe em
tudo. Tanto seu coração quanto sua mente. Para que fluindo o pensamento que se
renova para transformação das sensações e sentimentos, fortaleça sua fé, aumentando
a confiança e convicção em Sua bondade e graça. E que isso lhe conceda um coração
grato e devotado, ao que Deus jamais resiste.
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