segunda-feira, 31 de março de 2025

Fé Midiática e o Perigo da Banalização

Por Jânsen Leiros Jr. 

"A Igreja deve falar da mesma forma ao mundo moderno como os profetas falaram a Israel: com fidelidade à Palavra de Deus, e não se curvando às tendências do momento." - Karl Barth, teólogo reformado

"A fé que custa nada não vale nada. Quando a verdade é diluída para torná-la aceitável, a Igreja se torna irrelevante." - A.W. Tozer, teólogo e pastor cristão

"A religião e a cultura sempre caminharam juntas, mas quando a mídia molda a religião em vez do contrário, corre-se o risco de perder a profundidade e a verdade da fé." - Paul Tillich, filósofo e teólogo protestante

"O grande problema da modernidade não é a perda da fé, mas a sua substituição por ilusões superficiais que apelam ao emocional e não ao espiritual." - Carl Jung, psicólogo suíço

"A mídia não apenas reflete, mas também molda as práticas religiosas contemporâneas, criando novas formas de crer e, ao mesmo tempo, esvaziando tradições de seu conteúdo original." - Stuart Hoover, sociólogo da religião e da mídia

Há algum tempo, venho acompanhando com apreensão a disseminação, pela mídia, de conteúdos religiosos – e, em especial, de materiais que se apresentam como cristãos e teológicos. Não é que eu questione a legitimidade do uso da mídia para divulgar temas desse campo; pelo contrário, reconheço seu potencial em difundir valores espirituais e conhecimentos sobre a fé. Eu mesmo o faço aqui pelo blog. Minha preocupação, no entanto, recai sobre o modo como esses conteúdos têm sido veiculados, muitas vezes promovendo afirmações questionáveis e compreensões controversas, com uma ousadia surpreendente e um total e flagrante despreparo ou conhecimento de causa.

A mídia, com seu poder de moldar a opinião pública e espalhar informações com celeridade, exerce uma influência cada vez mais significativa na compreensão teológica contemporânea. A facilidade de acesso aos conteúdos religiosos através de diversas plataformas digitais democratizou a busca por conhecimento espiritual, oferecendo aos indivíduos a oportunidade de explorar diferentes perspectivas e interpretações das escrituras sagradas. No entanto, essa proliferação de informações, predominantemente fragmentadas e superficiais, também apresenta desafios, principalmente entre leigos que privilegiam vídeos curtos, storys e reels, em prejuízo de leitura afim e consistente.

A busca por audiência e o impulso de simplificar conceitos complexos acabam distorcendo doutrinas e disseminando ideias equivocadas. A mídia, ao transformar a fé em um produto de consumo, incorre no risco de banalizar o sagrado e reduzir a espiritualidade a uma mera experiência emocional. A pressão por conteúdo rápido e atraente muitas vezes resulta na vulgarização de questões profundas da teologia, comprometendo a formação de uma fé enraizada e reflexiva.

A influência da mídia na religião não é um fenômeno recente. Ao longo da história, as diferentes mídias disponíveis em cada época – da imprensa escrita ao rádio e à televisão – moldaram e, muitas vezes, instrumentalizaram a compreensão e a prática religiosa para servir a objetivos específicos. A Reforma Protestante, por exemplo, foi impulsionada pela invenção da imprensa, que permitiu a disseminação rápida das ideias de Lutero.

Na era digital, essa influência se intensifica. As redes sociais, os blogs e os podcasts oferecem plataformas para a produção e disseminação de conteúdos religiosos por parte de indivíduos e grupos. Essa democratização da informação permite um diálogo mais amplo e diversificado sobre questões de fé. Por outro lado, ela também facilita a propagação de informações falsas e impulsiona a formação de bolhas ideológicas que reforçam visões estreitas, prejudicando o diálogo genuíno entre diferentes perspectivas religiosas.

Para além dos aspectos negativos, a mídia também pode ser uma ferramenta poderosa para a promoção do diálogo inter-religioso e da compreensão mútua. Programas de TV, documentários e filmes podem apresentar as diferentes tradições religiosas de forma respeitosa e informativa, contribuindo para a construção de uma sociedade mais plural e tolerante. No entanto, para que isso ocorra de maneira frutífera, é fundamental que os indivíduos desenvolvam um senso crítico aguçado para discernir as fontes confiáveis e construir uma compreensão teológica sólida e fundamentada.

A formação teológica séria deve ir além do consumo passivo de conteúdo midiático. A leitura aprofundada de textos teológicos clássicos, a participação em comunidades religiosas e o diálogo com especialistas são elementos essenciais para um aprendizado consistente e equilibrado. A superficialidade e a rapidez da informação digital não devem substituir a reflexão, a meditação e o aprofundamento necessário para a compreensão genuína da fé.

Este é apenas o ponto de partida para uma reflexão mais profunda sobre o impacto da mídia na compreensão da fé e da teologia. Ao longo das próximas semanas, analisaremos com mais detalhe como a mídia tem transformado a prática religiosa, as distorções que ocorrem ao simplificar doutrinas complexas e a necessidade de uma reflexão crítica sobre as informações que consumimos. Nosso objetivo é não apenas compreender melhor esses fenômenos, mas também sugerir caminhos para uma prática cristã mais sólida e fundamentada, capaz de resistir à superficialidade e à comercialização do sagrado.

 


segunda-feira, 24 de março de 2025

Bereshit Bara - o eterno amor criador de Deus

Por Jânsen Leiros Jr. 

Bereshit bara Elohim

  • Hebraico: בְּרֵאשִׁית בָּרָא אֱלֹהִים
  • Grego (Septuaginta): ν ρχ ποίησεν Θες
  • Inglês: In the beginning, God created
  • Português (versão RA): No princípio, criou Deus 

Na teologia cristã, a primeira palavra do Gênesis, Bereshit (בְָרֶאִשִׁיתְ), carrega um significado profundo e essencial para a compreensão da criação. Traduzida geralmente como "No princípio", Bereshit não marca um ponto temporal específico, mas, em vez disso, indica uma intencionalidade divina: um desejo que brota do amor pleno de Deus em Sua eternidade, onde não há noção de tempo, mas um querer divino. Deus, sendo eterno, não é limitado pelo tempo. Assim, o que se revela aqui não é apenas um "início", mas uma vontade divina que se cumpre imediatamente — não por mágica ou sem processos, mas porque nada pode impedir o querer de Deus de se realizar. "Querendo Eu, quem impedirá?" (Isaías 43:13). Não há distância entre o querer e a realização, mas isso não significa ausência de tempo ou processo; ao contrário, Deus age no tempo e em conformidade com ele, mas Sua vontade transcende o tempo, porque Ele é Senhor do tempo.

Santo Tomás de Aquino define Deus como ipsum esse subsistens (o próprio Ser subsistente), enfatizando que Ele é a fonte última e razão de toda existência. A doutrina da creatio ex nihilo (criação a partir do nada) ensina que Deus não utilizou uma matéria pré-existente, mas trouxe a realidade à existência pelo poder de Sua Palavra: "Bereshit bara Elohim..." ("No princípio criou Deus...") — Gênesis 1:1.

No entanto, a questão que se coloca é: se Deus criou todas as coisas do nada, como se dá essa criação? E mais importante, qual a motivação divina para tal ato? A teologia cristã propõe que a criação é, antes de tudo, um ato de amor. Deus, sendo amor em Sua essência (1 João 4:8), cria não por necessidade, mas por um transbordamento de Sua plenitude. Nesse contexto, Bereshit não marca apenas um "início", mas revela um movimento de doação. Deus, que nada precisa, escolhe criar para compartilhar com a criatura o Seu amor.

Ao deslocarmos a compreensão para o "querer" de Deus, entendemos que a criação não está subordinada a um processo temporal ou a uma causalidade física, mas sim a uma vontade divina plena. Em Deus, não há intervalo entre o querer e sua concretização, porque Ele não está limitado pela cronologia. No entanto, isso não significa uma criação instantânea sem processos ou sem o prazer de Deus na construção do momento certo. Deus se alegra nos processos que Ele mesmo institui, respeitando as condições adequadas e o instante plenamente oportuno para Sua ação. A criação, portanto, é um ato de liberdade plena, mas também uma ação ordenada, que respeita as condições estabelecidas por Deus, sem que isso implique em limitações para Ele. A criação não é fruto do acaso, nem de uma sequência de causas físicas ou químicas. O que importa não é o "como" ou o "quando" da criação, mas o "querer" divino, que se realiza sempre no momento ideal, segundo o Seu plano perfeito.

Essa compreensão amplia a visão teológica do relato de Gênesis. O texto mosaico não tem a preocupação de descrever o mecanismo da criação, mas sim sua motivação. A criação não é apenas um evento cósmico; é um ato de amor, um gesto de doação plena do Criador. Deus não apenas chama a existência, mas chama para a comunhão. Seu amor transborda na criação como um convite para a criatura participar de Sua plenitude. Esse padrão de doação se repete ao longo da revelação bíblica: Deus se entrega na criação, na aliança com Seu povo e, finalmente, na encarnação de Cristo, que é a suprema expressão do amor divino. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito..." (João 3:16). A criação, portanto, não é um fim em si mesma, mas o início de uma história de amor, que culmina na redenção e na comunhão eterna entre Criador e criatura.

Bara: A Criação como Ato de Doação Divina

Se Bereshit nos introduz ao princípio absoluto, Bara nos revela a essência do ato criador de Deus. Diferente do verbo hebraico que poderia ser traduzido como "fazer" ou "moldar", Bara é usado exclusivamente para Deus e significa "trazer à existência" algo que antes não existia. Isso nos leva a uma questão fundamental: de onde vem tudo o que existe?

A resposta, dentro da compreensão do amor divino, está na própria essência de Deus. Ele não apenas decide criar; Ele se doa para que a criação exista. Isso significa que não há uma matéria preexistente fora de Deus da qual o universo pudesse ser formado. O "nada" absoluto, como imaginamos, não poderia coexistir com Deus, pois Ele é o próprio ser absoluto, e nada poderia existir além d'Ele antes do ato criador. Assim, quando Deus cria, Ele não usa algo externo a Ele; Ele concede ser àquilo que antes não existia, e o faz como um ato de amor.

Essa compreensão nos afasta do panteísmo, que dilui Deus na criação, e nos aproxima de uma visão panenteísta ajustada: tudo vem de Deus, mas Deus não é tudo. A criação é uma extensão do Seu amor, não uma redução de Sua essência. Ele não se esgota ao criar; ao contrário, Ele manifesta sua plenitude ao doar-se.

Esse princípio se torna ainda mais claro quando olhamos para a progressão da criação. Deus não apenas cria seres inanimados, mas também doa autonomia às suas criaturas: "árvores com frutos, e dentro dos frutos suas sementes" (Gn 1:11), um ciclo perpétuo de vida que não prescinde da fonte, mas também não é um prolongamento absoluto dela. O mesmo ocorre com o ser humano, dotado da capacidade de gerar vida, não como um criador absoluto, mas como um participante desse amor criador.

O ato criador de Deus, então, não é um mero gesto de poder, mas um autoesvaziamento amoroso. Se a criação já carrega em si um vislumbre desse amor doador, a encarnação de Cristo será a expressão máxima desse princípio. Aquele que "trouxe à existência" o universo através de Bara também se "esvazia" para restaurá-lo (Fp 2:7).

Assim, a criação e a redenção se tornam um único ato de amor: Deus que doa ser às criaturas para que elas existam, e Deus que se doa a Si mesmo para que elas voltem a Ele. O amor não poderia ser um mandamento imposto; ele é uma resposta natural ao amor que primeiro nos criou.

Dessa forma, Bara não é apenas um verbo da criação; é a expressão da própria natureza de Deus: Aquele que, por amor, doa-se para que tudo o mais exista.

A Criação Consumada no Amor: O Propósito Final de Deus

Portante, se em Bereshit compreendemos a intencionalidade divina e em Bara entendemos a criação como um ato de doação total de Deus, então a plenitude dessa obra encontra sua expressão final na cruz, no momento em que Cristo declara: "Está consumado" (João 19:30).

Não se trata de dizer que a criação se encerrou ali no sentido cronológico, mas sim que ali se revelou sua finalidade: o amor doador de Deus encontrou sua realização suprema na entrega de Cristo. O mesmo Deus que trouxe todas as coisas à existência por um ato de amor, agora se doa plenamente para redimir sua criação, restaurando nela a relação perdida pelo pecado.

Ao longo da história bíblica, vemos um movimento progressivo no qual Deus não apenas cria, mas se envolve, sustenta e direciona sua criação para um ponto de culminância. Em Cristo, Deus não apenas "fala" com sua criação, mas entra nela, assumindo sua própria substância para resgatar aqueles que formou. Esse movimento não contradiz Bara, mas o exalta: a criação começa no amor doador de Deus e se consuma quando esse amor atinge sua expressão máxima na redenção.

A ascensão de Cristo e a descida do Espírito Santo completam esse ciclo, pois, assim como Deus deu autonomia à criação no princípio, agora Ele concede à humanidade a possibilidade de corresponder livremente ao Seu amor. O Espírito não apenas confirma a obra de Cristo, mas também faz dela uma realidade interior na vida dos que creem, conduzindo a criação não apenas ao seu começo, mas ao seu propósito final.

Dessa forma, a frase "Está consumado" ressoa em harmonia com "No princípio criou Deus". O ato de criação e o ato de redenção não são distintos em essência, mas sim manifestações do mesmo amor eterno que é a própria essência de Deus. Tudo foi criado para que o amor divino se derramasse, e tudo se consumou para que esse amor fosse plenamente recebido.

Assim, ao refletirmos sobre a criação, vemos o amor como a força motriz e fundamental que sustenta tudo. E é justamente esse amor, ao longo da história, que nos convida a uma resposta contínua, até o momento em que toda a criação se unirá novamente ao Criador.

Criação e Doação: Deus como Fonte e Matéria da Existência

O conceito de criação remete a reflexões filosóficas antigas, como o Apeiron de Anaximandro, que representa um princípio ilimitado e primordial. No entanto, ao contrário da filosofia grega, a visão bíblica revela um Criador pessoal, cuja ação é intencional e amorosa.
Atos 17:28 declara: "Porque nele vivemos, nos movemos e existimos". Isso implica que Deus não é apenas a origem de tudo, mas também Aquele que continuamente sustenta todas as coisas. Contudo, a tradição cristã rejeita o panteísmo (a ideia de que tudo é Deus). A criação é distinta do Criador, embora dependa d'Ele para continuar existindo.
Orígenes e Gregório de Nissa propuseram que a criação é uma manifestação dos atributos divinos, sem que Deus perca Sua transcendência. O Logos (João 1:1) é a ponte entre Deus e o mundo criado, a expressão divina que permite a existência e a redenção. Nesse sentido, Bereshit não indica apenas um começo temporal, mas um princípio sustentador e permanente, um ato contínuo de amor e doação.

Deus se Doando na Criação: Um Amor Kenótico

Se a criação é um ato de amor, então Deus, ao criar, está se doando. Esse princípio se encontra na base do conceito de kenosis (autoesvaziamento), que atinge seu clímax na Encarnação de Cristo (Filipenses 2:7). Deus, que nada necessita, escolhe dar-Se ao mundo, sustentá-lo e, mais tarde, entrar nele na pessoa de Jesus Cristo.
Esse amor desapegado também encontra um paralelo no conceito judeu do Tzimtzum, da tradição cabalística: Deus, para criar, "contrai" Sua presença infinita, permitindo que algo além d'Ele venha à existência. Embora essa não seja uma doutrina cristã, ela oferece um paralelo interessante para entender a kenosis divina: um Deus que, por amor, "abre espaço" para que outros seres possam existir e escolher livremente amá-Lo.

O Amor que Sustenta e Convida

Deus não apenas cria e abandona a criação; Ele a sustenta continuamente (Colossenses 1:16-17). Esse sustento não é um mero mecanismo impessoal, mas um ato de relação e compromisso. O amor divino não é coercitivo, mas convidativo. Deus doa a existência, a liberdade e a graça, chamando o ser humano a corresponder a esse amor.
A parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32) ilustra essa relação. O pai concede ao filho sua parte da herança, permitindo-lhe sair e experimentar as consequências de suas escolhas. No entanto, quando o filho retorna, o pai o recebe com amor incondicional. Assim é Deus: um Criador que dá a existência, respeita a liberdade de Suas criaturas, mas permanece pronto a acolhê-las de volta em comunhão.

Conclusão: O Amor como Princípio e Fim

A criação é a primeira grande expressão do amor de Deus. Bereshit revela um princípio não apenas de tempo, mas de intencionalidade amorosa. Deus não apenas criou, mas sustenta, guia e chama Sua criação ao retorno para Si.
Se a criação nasce do amor e é sustentada pelo amor, então o destino final também é o amor: a plena comunhão com Deus. Como afirma Agostinho: "Nos criaste para Ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti" (Confissões, I,1). Se fomos criados por amor e para o amor, só nele encontraremos nossa plenitude. Bereshit não é apenas um princípio, mas um convite eterno ao relacionamento com o Criador.

Com isso, encerramos esta primeira parte sobre a criação. Agora, podemos avançar para a compreensão dos dias da criação dentro desta mesma linha de raciocínio, aprofundando como cada momento do gênese reflete esse movimento doador e redentor de Deus.

 

 

 

 

 


sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Esperar em confiança: O exercício mais profundo da fé

 

Por Jânsen Leiros Jr.

 

 Agostinho de Hipona

"A medida do amor é amar sem medida."

Essa citação de Agostinho reflete a ideia de que, ao viver em Cristo, a vida do cristão é transformada e marcada pelo amor incondicional e pela renovação interior, como citado em 2 Coríntios 5:17.

 Dietrich Bonhoeffer

"Quando Cristo nos chama, Ele nos chama para a morte."

Bonhoeffer, em sua obra O Custo do Discipulado, fala sobre o chamado cristão de carregar a cruz, o que está em sintonia com a ideia de viver com novos propósitos elevados, mesmo enfrentando dificuldades, como discutido no texto.

 John Stott

"A verdadeira fé cristã não é uma fuga do mundo, mas uma entrada no mundo com um novo coração."

Stott enfatiza que, como novas criaturas em Cristo, os cristãos são chamados a viver com novos propósitos no mundo, buscando o bem e a justiça, enquanto caminham com fé e confiança no Senhor.

 J. I. Packer

"A experiência cristã é, em última análise, uma experiência de renovação: uma mudança radical e duradoura na alma que só pode ser explicada pela obra do Espírito Santo."

Esta citação destaca a transformação profunda que ocorre ao viver a novidade de vida em Cristo, refletindo a renovação descrita em 2 Coríntios 5:17.

 Tim Keller

"A esperança cristã não é uma expectativa de que as coisas vão melhorar, mas de que, no final, tudo será restaurado por Deus."

Keller nos lembra que a verdadeira esperança cristã, como descrita em Filipenses 3:13-14, não se baseia em nossas circunstâncias imediatas, mas na promessa futura de redenção e restauração.

  

 Esperar em confiança não é um ato passivo. É antes um dos exercícios mais profundos da fé cristã. A espera, no contexto bíblico, não significa inércia ou resignação, mas uma disposição ativa de entrega, sustentada pela certeza de que Deus cumpre Suas promessas. Essa confiança exige da alma um realinhamento constante, pois a natureza humana tende à ansiedade e ao desejo de controle. No entanto, a verdadeira fé se manifesta quando aprendemos a descansar na soberania divina, mesmo quando o cenário ao redor parece incerto.

A esperança cristã não é um mero anseio indefinido ou um otimismo ingênuo, mas uma âncora firme na fidelidade de Deus. Ao longo das Escrituras, vemos que aqueles que esperaram no Senhor experimentaram não apenas o cumprimento das promessas divinas, mas também um amadurecimento espiritual profundo. Abraão, ao aguardar o cumprimento da promessa de um filho, não apenas viu a fidelidade de Deus se concretizar, mas foi transformado no processo. Davi, mesmo ungido rei, precisou atravessar anos de perseguição e provação antes de ver a realização plena do plano divino para sua vida.

O salmista, ao declarar "Descansa no Senhor e espera nele" (Salmo 37:7), não sugere uma espera angustiada, mas um repouso confiante na providência divina. Esse descanso não é fruto de um conformismo passivo, mas da certeza de que Deus age no tempo certo e de maneira perfeita. O apóstolo Paulo, conhecedor do peso das aflições e responsabilidades da vida, reforça essa postura ao convocar os crentes a uma atitude resoluta: "...Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Filipenses 3:13-14).

A vida cristã não está ancorada no passado, mas projetada para um futuro de crescimento na graça e no conhecimento do Senhor. Esse avanço, contudo, não se dá sem desafios. Há vezes em que Deus nos faz atravessar períodos de espera não como um castigo, mas como um tempo de refinamento e fortalecimento da fé. Na escola da paciência, aprendemos a discernir a vontade de Deus, a confiar em Sua condução e a depender menos de nossas próprias forças.

Assim, esperar em confiança não é simplesmente aguardar que algo aconteça, mas caminhar com fé, mesmo sem enxergar plenamente o que está à frente. É confiar que Deus já está preparando o caminho e moldando o coração para aquilo que Ele mesmo determinou. Essa espera ativa transforma nossa perspectiva, pois nos ensina a ver além das circunstâncias e a nos firmar nas verdades eternas da Palavra.

Viver em Novidade de Vida

A espera confiante no Senhor não apenas nos fortalece na jornada da fé, mas nos conduz a uma transformação profunda. Aquele que confia plenamente em Deus não permanece o mesmo, pois a espera, quando vivida em comunhão com Cristo, produz crescimento, maturidade e renovação. Essa renovação, contudo, não se restringe a momentos isolados da caminhada cristã, mas representa um processo contínuo de restauração e mudança, conduzindo-nos a uma nova realidade: viver em novidade de vida.

Ser nova criatura em Cristo não é apenas uma mudança superficial de comportamento ou hábitos, mas uma transformação essencial da identidade. Implica romper com os grilhões do passado e abraçar uma existência renovada, guiada pelo Espírito Santo. O apóstolo Paulo expressa essa verdade com clareza: "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2 Coríntios 5:17). Essa nova vida não se trata de um mero recomeço, mas de uma recriação — um renascimento espiritual que redefine nossa maneira de pensar, sentir e agir.

A transição do "velho homem" para a nova criatura exige desapego das falhas, culpas e dores do passado. O pecado, tanto quanto os infortúnios que em algum momento nos foram danosos, não apenas nos distancia de Deus, mas também nos aprisiona em um ciclo de insegurança e insatisfação. Muitos carregam consigo um peso invisível, marcado por arrependimentos e lembranças de quedas, mas Cristo nos chama a deixar tudo isso para trás e caminhar em liberdade.

Agostinho de Hipona, antes um homem perdido em seus prazeres e escravo de suas próprias paixões, encontrou na renovação espiritual um novo sentido para sua existência. Sua célebre confissão ressoa ainda hoje como um testemunho da transformação que Cristo opera: "Nos criaste para Ti, e nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Ti." A novidade de vida em Cristo não é apenas uma mudança moral, mas a passagem de um estado de inquietação mundana para uma paz que transcende todo entendimento (Filipenses 4:7).

Essa paz, entretanto, não significa ausência de desafios, mas a certeza de que nossa identidade já não está mais fundamentada em nosso passado ou em nossas limitações, mas em Cristo. Viver em novidade de vida é mais do que receber perdão; é ser conduzido a uma existência de propósito e comunhão com Deus, onde a transformação interior se reflete em cada aspecto da caminhada cristã.

Novos Horizontes e Propósitos Elevados

A nova vida em Cristo não apenas nos liberta do peso do passado, mas também nos impulsiona a um futuro repleto de significado. Deus não nos resgata apenas para que vivamos livres do pecado, mas para que trilhemos um caminho de propósito e realização em Sua presença. A vida cristã não é um fim em si mesma, mas uma jornada contínua em direção à plenitude da vontade divina.

O Senhor nos chama a viver com novos propósitos, deixando para trás as incertezas que outrora limitavam nossa visão e abraçando um horizonte de esperança. Jeremias 29:11 nos lembra da promessa divina: "Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais." Essa verdade nos assegura que nossa existência não é um acaso, mas parte de um plano perfeito, onde cada passo está sob o olhar cuidadoso de Deus.

Ao caminharmos nessa direção, nossa mente e coração são transformados. O que antes parecia inalcançável se torna possível pela graça de Deus. Surge um novo vigor, uma renovada disposição para servir, amar e testemunhar a fé que nos sustenta. Esse chamado, entretanto, não significa ausência de dificuldades, mas a certeza de que não trilhamos esse caminho sozinhos.

Dietrich Bonhoeffer, teólogo que enfrentou tempos sombrios e de grande provação, escreveu: "Ser cristão não é um chamado para a fácil felicidade, mas para a disposição de carregar a cruz." No entanto, essa cruz não é um fardo insuportável, mas um privilégio. Pois, ao carregá-la, seguimos os passos de Cristo e experimentamos a comunhão mais profunda com Ele. Na caminhada cristã, cada desafio enfrentado com fé nos fortalece, moldando-nos segundo a vontade do Pai e preparando-nos para os propósitos que Ele deseja cumprir em nossa vida.

Assim, ao olharmos para os novos horizontes que Deus coloca diante de nós, sejamos encorajados a avançar com esperança e determinação, confiando que Aquele que nos chamou é fiel para completar a obra que iniciou em nós (Filipenses 1:6).

O Recomeço Como Um Renascimento

A nova vida em Cristo não é apenas uma mudança de comportamento, mas um renascimento profundo da alma. O passado, com suas falhas, dores e limitações, já não define quem somos. Em Cristo, somos transformados, renovados e capacitados a viver de maneira plena. O apóstolo Paulo descreve essa metamorfose espiritual com palavras de grande impacto: "Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20). Essa não é apenas uma afirmação teológica, mas uma realidade vivida por aqueles que se rendem à graça de Deus.

Cada dia que despertamos em comunhão com o Senhor é uma nova oportunidade de caminhar em novidade de vida. Não precisamos temer o futuro, nem nos prender às sombras do que ficou para trás. Deus nos chama para um destino maior, para um propósito que transcende nossos limites humanos. Ele nos fortalece, guia e renova nossas forças quando estamos cansados, sustentando-nos em meio às incertezas.

O profeta Isaías proclamou essa promessa eterna: "Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" (Isaías 40:31). Essa é a certeza que deve encher nossos corações de esperança.

Que possamos abraçar essa jornada com confiança e determinação, sabendo que o Deus que começou a boa obra em nós é fiel para completá-la (Filipenses 1:6). Caminhemos com fé, firmes na esperança que não decepciona, e certos de que cada passo dado em direção a Deus nos conduz a uma vida abundante, repleta de propósito e plenitude.

Que essa verdade ilumine nossos dias e nos impulsione a viver com ousadia e confiança no Senhor! 

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A Ressurreição da Jesus: Obediência à Justiça Divina

Por Jânsen Leiros Jr.

 

"A ressurreição não é uma recompensa pela obediência de Cristo, mas a confirmação de que Deus aceitou o sacrifício de Cristo como suficiente. É o 'amém' de Deus ao 'está consumado' de Jesus." — John Stott[1], A Cruz de Cristo

 "A obediência de Cristo é o cumprimento da reconciliação divina, mas a ressurreição é o ato soberano de Deus que proclama a vitória sobre o pecado e a morte. Não se trata de causa e efeito, mas de graça revelada." — Karl Barth[2], A Dogmática Eclesiástica, Vol. IV/1[3]

 "A ressurreição de Cristo não é uma recompensa por Sua cruz; é o ato supremo de Deus, manifestando a reconciliação do mundo com Ele mesmo. A obediência de Cristo foi necessária, mas não condicional para a ressurreição." — Dietrich Bonhoeffer, Ética

 "A ressurreição de Jesus não é uma consequência lógica da obediência, mas o evento central que inaugura o novo mundo de Deus. Ela valida não apenas o ministério de Cristo, mas a fidelidade de Deus ao Seu próprio plano de redenção." — N. T. Wright[4], A Ressurreição do Filho de Deus

 "Cristo ressuscitou não porque Sua obediência exigia uma recompensa, mas porque Sua morte foi o triunfo sobre o pecado. A ressurreição é o testemunho do poder de Deus, que restaura o homem à comunhão divina." — Santo Agostinho[5], Sermões sobre a Páscoa

 

O tema da ressurreição de Jesus e sua relação com a obediência ao Pai desperta questões essenciais na teologia cristã, especialmente para aqueles que buscam compreender o significado mais profundo desse evento central. Em uma reflexão destinada à nossa turma de teologia, é fundamental explorar como a obediência de Cristo se insere no plano divino de salvação e de que forma a ressurreição transcende uma simples lógica de causa e efeito. Este texto visa esclarecer essa conexão, destacando não apenas a fidelidade de Jesus ao Pai, mas também a soberania e a justiça divina manifestas na ressurreição, aspectos vitais para uma compreensão completa do mistério redentor.

A ressurreição de Jesus Cristo é um evento central na teologia cristã, e a relação entre sua obediência ao Pai e sua ressurreição tem sido um tema discutido ao longo da história da Igreja. No entanto, ao refletirmos sobre a importância teológica dessa relação, precisamos diferenciar dois aspectos cruciais: a obediência de Jesus como parte do plano de salvação e a ressurreição como um ato soberano de Deus.

A Obediência de Jesus como Parte do Plano de Salvação

De acordo com o entendimento teológico tradicional, a obediência de Jesus ao Pai não foi uma condição direta para a ressurreição, mas sim uma parte integral do plano de salvação estabelecido por Deus. Jesus foi obediente até a morte, e uma morte cruel na cruz (Filipenses 2:8). Essa obediência foi necessária para que o plano de redenção fosse cumprido, cumprindo a justiça de Deus e permitindo o perdão dos pecados para a humanidade.

É importante destacar que essa obediência foi um ato voluntário e consciente. Cristo, sendo plenamente Deus e plenamente homem, escolheu submeter-se ao plano divino (João 10:18). Sua decisão de obedecer reflete o compromisso com a missão redentora do Pai, não como um mero requisito, mas como expressão do amor e fidelidade perfeitos.

Como afirmado em Romanos 3:25-26[6], a justiça de Deus foi demonstrada na obra de Cristo, que, por meio da sua morte e ressurreição, possibilitou a reconciliação do homem com Deus. Portanto, a obediência de Jesus se manifestou como um ato de amor e fidelidade ao Pai, sem o qual a obra de salvação não poderia ser completada.

Além disso, a ressurreição pode ser vista como uma validação dessa obediência. Ao ressuscitar Jesus, Deus confirmou a sua missão e mensagem (Atos 2:22-24), demonstrou sua aprovação à obediência de Cristo (Hebreus 5:7-9[7]) e estabeleceu a autoridade e o poder de Jesus como Senhor e Salvador (Mateus 28:18).

Essa relação entre obediência e salvação tem raízes na promessa do Antigo Testamento (Isaías 53:11-12[8]). O servo sofredor suportaria as consequências do pecado humano, cumprindo a justiça divina. A ressurreição de Cristo, portanto, é a confirmação dessa promessa cumprida, um selo divino sobre a obra perfeita realizada na cruz.

A Obediência de Jesus Não Como Condição, Mas Como Consequência de Propósito

Contudo, é importante entender que, embora a obediência de Jesus tenha sido vital para cumprir o plano de salvação, a ressurreição não pode ser considerada como um prêmio ou recompensa por sua obediência. A ideia de que "por sua obediência, Jesus foi ressuscitado" sugere uma relação condicional que não reflete plenamente a soberania de Deus na obra da redenção.

Como N. T. Wright argumenta, a ressurreição não é apenas um resultado, mas o início de uma nova era. Ela representa o ponto de virada na história, em que a vitória de Deus sobre o pecado e a morte é proclamada ao mundo.

A ressurreição não foi algo que Deus fez porque Jesus foi obediente, mas foi, sim, a ação divina de Deus em Cristo, para cumprir um propósito maior. A ressurreição de Jesus não é "a consequência de sua obediência", mas o cumprimento do plano de salvação de Deus, que Jesus obedientemente aceitou cumprir. Portanto, dizer que Jesus ressuscitou "por causa" de sua obediência implica em uma visão errada da graça divina e da ação soberana de Deus em Cristo.

Como argumentado na reflexão teológica posterior, a ressurreição de Jesus é o resultado da ação divina que justifica o ser humano diante de Deus, e não um prêmio conquistado por mérito de Jesus. A salvação e a ressurreição para a vida eterna não são devido aos méritos ou ações humanas, mas pelo sacrifício de Cristo. Como diz em Efésios 2:8-9[9], "pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie."

A soberania de Deus, aliás, se manifesta não apenas na ressurreição de Cristo, mas também no envio do Espírito Santo. Como Jesus prometeu (João 14:16), o Espírito capacitaria a Igreja a continuar a missão redentora. Essa continuidade mostra que a ressurreição transcende um evento histórico; é o fundamento da vida cristã e da esperança escatológica.

A Justiça Divina: Ação de Reconciliação[10]

Outro aspecto fundamental a ser entendido aqui é a natureza da justiça de Deus, mencionada em textos como Romanos 3:25-26. A justiça divina não pode ser entendida como a justiça humana, que envolve a ideia de retribuição, em que acertos resultam em recompensas e erros em punições. A justiça de Deus, na realidade, é uma ação de reconciliação, onde Deus, por meio de Cristo, justifica o ser humano, eliminando a separação entre o homem e o Pai. A palavra hebraica "justiça" carrega o sentido de "trazer de volta à relação", de "eliminar a distância", de "cruzar o abismo da separação" entre Deus e os seres humanos.

Esse conceito de justiça só pôde ser cumprido por Deus, em Cristo, que morreu e ressuscitou por nós. A ressurreição de Cristo, portanto, não foi um prêmio, mas o cumprimento da ação redentora de Deus, uma ação que só poderia ser realizada pelo próprio Deus, em Cristo, que representou a humanidade e cumpriu a lei em nosso lugar.

Conclusão

A ressurreição de Jesus não deve ser vista como uma recompensa pela obediência de Cristo, mas sim como a manifestação do plano divino de salvação. A obediência de Jesus foi a demonstração de sua fidelidade ao Pai, mas a ressurreição é a obra soberana de Deus em Cristo para reconciliar a humanidade consigo. Não há conexão de "se isso, logo aquilo", como em uma lógica de causa e efeito, mas uma relação mais profunda de graça e reconciliação.

Por mais que a obediência seja fundamental para o cumprimento do plano de salvação, a ressurreição não é um "prêmio" pela obediência, mas um ato de Deus para redimir e restaurar a humanidade à comunhão com Ele. A nossa salvação, e consequentemente nossa ressurreição, é garantida, não pelos nossos méritos, mas pelo ato gracioso de Deus em Cristo. Como diz a Escritura: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé" (Efésios 2:8).

Entender a ressurreição dessa forma nos convida a refletir sobre nossa própria jornada de fé. Nossa obediência a Deus não busca recompensas, mas é a resposta amorosa à graça que nos foi concedida. A verdadeira recompensa não está em méritos próprios, mas na comunhão restaurada com o Pai, garantida pela ressurreição de Cristo.



[1] John Stott, A Cruz de Cristo

Nota: John Stott (1921-2011) foi um teólogo anglicano britânico e uma das principais figuras do evangelicalismo mundial. Em seu livro A Cruz de Cristo, ele explora o significado central da cruz no cristianismo, destacando a obra redentora de Cristo.

 

[2] Karl Barth, A Dogmática Eclesiástica, Vol. IV/1

Nota: Karl Barth (1886-1968) foi um teólogo reformado suíço, conhecido por sua crítica ao liberalismo teológico e por fundar a teologia dialética. Dogmática Eclesiástica é sua obra monumental, onde ele sistematiza sua teologia, especialmente sobre a soberania de Deus e a revelação divina.

 

[3] Teologia dialética

Nota: É um movimento teológico do início do século XX, associado a Karl Barth, que enfatiza o paradoxo entre Deus e o ser humano, destacando a transcendência divina e a incapacidade humana de alcançar a salvação por si mesmo.

 

[4] N. T. Wright, A Ressurreição do Filho de Deus

Nota: N. T. Wright é um renomado teólogo e historiador britânico, especialista em Novo Testamento. Em A Ressurreição do Filho de Deus, ele argumenta pela historicidade da ressurreição de Cristo e sua importância central na teologia cristã.

 

[5] Santo Agostinho, Sermões sobre a Páscoa

Nota: Santo Agostinho (354-430) foi um dos mais importantes teólogos e filósofos da Igreja. Seus Sermões sobre a Páscoa abordam temas centrais da fé cristã, como a ressurreição de Cristo e sua relevância para a redenção humana.

 

[6] Justiça de Deus (Romanos 3:25-26)

Nota: No contexto bíblico, a "justiça de Deus" não se refere apenas à retribuição, mas à sua fidelidade em restaurar a relação entre Ele e a humanidade. Em Romanos, Paulo destaca que Deus demonstra sua justiça ao justificar os pecadores por meio do sacrifício de Cristo.

 

[7] Hebreus 5:7-9

Nota: Este texto destaca a humanidade de Jesus, que aprendeu a obediência por meio do sofrimento. A passagem reforça que, embora sendo Filho, Ele se submeteu à vontade do Pai, tornando-se a fonte da salvação eterna.

 

[8] Isaías 53:11-12

Nota: Este trecho faz parte da profecia do "Servo Sofredor", onde Isaías descreve o sofrimento vicário (substitutivo) do Messias, que carregaria os pecados do povo. A tradição cristã vê este capítulo como uma prefiguração da paixão e ressurreição de Cristo

 

[9] Efésios 2:8-9

Nota: Este versículo é fundamental para a doutrina da salvação pela graça. Paulo enfatiza que a salvação não é conquistada por méritos humanos, mas é um dom gratuito de Deus, acessível pela fé.

 

[10] Teologia da reconciliação

Nota: A reconciliação, no contexto teológico, refere-se à restauração da comunhão entre Deus e a humanidade, rompida pelo pecado. Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, remove essa separação, cumprindo a justiça divina.

 

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