terça-feira, 22 de abril de 2025

O Cordeiro no Trono - A Surpreendente Vitória do Amor


Por Jânsen Leiros Jr.

 

A ressurreição é mais do que uma demonstração mágica de poder. É a manifestação da vitória da vida sobre a morte — o caminho trilhado pelo Cordeiro rumo ao trono.

Karl Barth

"A majestade de Deus se revela na humilhação de Jesus Cristo; seu trono não está acima do sofrimento humano, mas bem no centro dele."

Jürgen Moltmann

"A ressurreição de Cristo é a resposta de Deus à crucificação; o trono do Cordeiro é o lugar onde a esperança ressurge do coração da dor."

Tomás de Aquino

"O Cristo que reina é o mesmo que se entregou; não há glória sem a cruz, pois nela se manifesta o amor que salva."

Dietrich Bonhoeffer

"A ressurreição de Cristo não é o cancelamento da cruz, mas sua confirmação. O Crucificado é o Ressurreto, e é assim que Ele reina — não escapando da dor, mas triunfando através dela."

N. T. Wright

"A ressurreição é o momento em que a nova criação irrompe dentro da velha; é o trono erguido no coração da tragédia, onde o Cordeiro reina não apesar da morte, mas por ter passado por ela."

Karl Barth

"A ressurreição não é a glorificação de um herói caído, mas a proclamação de que o Cordeiro morto está vivo — e, exatamente por isso, é digno de abrir o livro e governar o mundo."

No calendário cristão, o Domingo da Ressurreição é o clímax da esperança. Após a dor da cruz e o silêncio do sepulcro, o anúncio da vida rompe o véu da desesperança e inaugura uma nova realidade. No entanto, o que poucos percebem é que a ressurreição não é apenas o ponto final de um drama — é o ponto de partida de uma entronização. O túmulo vazio não é só sinal de milagre; é selo de autoridade.

Ao ressuscitar, Jesus não apenas vence a morte — Ele inaugura um novo tipo de reinado. Não é entronizado com pompas humanas, mas como o Cordeiro, ferido e vitorioso. No centro da revelação apocalíptica, João nos conduz além do jardim vazio e da pedra removida. Ele nos transporta ao trono de Deus, onde a verdadeira cena pascal se desenrola com toda sua beleza paradoxal.

A TEOLOGIA DO CORDEIRO: FORÇA NA FRAGILIDADE

Entre os ecos celestes e os mistérios que envolvem o trono eterno, há uma cena que desafia toda lógica humana: um Cordeiro. Mas não qualquer cordeiro — um Cordeiro que parecia ter sido morto. Não um leão rugindo em glória, não um rei revestido de guerra, mas um Cordeiro — frágil na aparência, mas absoluto em autoridade.

Apocalipse 5:6 descreve: “E olhei, e eis que estava no meio do trono... um Cordeiro como havendo sido morto.” O contraste é proposital. João ouve a proclamação do Leão de Judá, mas quando olha, vê um Cordeiro. Essa inversão revela o coração da teologia cristã: a verdadeira realeza de Cristo não está em sua força militar, mas em sua entrega sacrificial. O poder que conquista não é o da espada, mas o da cruz. A autoridade que prevalece não é a que domina, mas a que se entrega.

UM REINADO QUE DESAFIA O ESPÍRITO DO MUNDO

Essa cena confronta diretamente o espírito triunfalista que permeia muitos púlpitos modernos, nos quais Cristo é apresentado quase como um coach espiritual, um general bélico ou um empresário celestial pronto a empoderar seus seguidores para o sucesso terreno. Mas o trono que João vê não é ocupado por um conquistador ufanista — é ocupado por um Cordeiro imolado.

A lógica do Reino de Deus subverte a lógica do mundo. Em vez de glória visível, há feridas visíveis. Em vez de louros terrenos, há marcas de cravos. Jesus não é coroado apesar da cruz, mas por causa dela. Filipenses 2:8–9 expressa isso com clareza: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus também o exaltou soberanamente...”

A vitória da ressurreição, portanto, não é uma negação do sofrimento, mas sua redenção. E isso é escandaloso para uma fé que insiste em suprimir o sofrimento em nome de uma espiritualidade triunfante.

A ADORAÇÃO CÓSMICA AO CORDEIRO

A resposta do céu a essa entronização é a adoração. Toda a criação — anjos, anciãos, seres viventes e vozes incontáveis — se prostram diante do Cordeiro. Apocalipse 5:12 registra: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” A centralidade de Cristo é absoluta. Não há outro digno. Nem sistema religioso, nem profeta, nem nação, nem ideologia. O trono pertence ao Cordeiro, e só a Ele.

É importante destacar: Cristo não reina apesar de ter sido morto — Ele reina como aquele que foi morto. A sua morte é o ato fundador do seu Reino. A cruz não foi um contratempo no plano — foi o plano.

A ESPIRITUALIDADE DA ENTREGA: UM CHAMADO AO SEGUIDOR

Esse retrato do Cristo glorificado deve ser um espelho para os discípulos. A igreja é chamada a seguir o Cordeiro por onde quer que vá (Ap 14:4), o que significa viver segundo a mesma lógica da entrega, da humildade, do serviço e da confiança na justiça de Deus — ainda que essa justiça demore a se revelar plenamente.

Isso desafia a teologia de vitrine, que vende “milagres” como se fossem produtos e a fé como moeda de troca. O Cristo do Apocalipse não se parece com esses ídolos. Ele reina não para nos mimar, mas para nos formar. Não para nos dar o mundo, mas para nos ensinar a carregar a cruz até a glória.

CONCLUSÃO: UM REINO DE ESPERANÇA CONTRA TODA ESPERANÇA

O Cordeiro no trono é o anúncio de que a última palavra não pertence ao império, ao pecado ou à morte. Ela pertence àquele que venceu, não por esmagar, mas por se deixar moer (Isaías 53:5–7).

A ressurreição é o selo dessa vitória silenciosa, escandalosa, divina. Em um tempo de adorações distraídas, fé superficial e espiritualidade de palco, o chamado é para nos rendermos novamente — ou talvez pela primeira vez — ao Cordeiro.

Porque Ele vive, o trono está ocupado. E porque o trono está ocupado, há esperança.

 

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