A ressurreição é mais do que uma demonstração mágica de poder. É a manifestação da vitória da vida sobre a morte — o caminho trilhado pelo Cordeiro rumo ao trono.
Karl Barth
"A majestade de
Deus se revela na humilhação de Jesus Cristo; seu trono não está acima do
sofrimento humano, mas bem no centro dele."
Jürgen Moltmann
"A ressurreição
de Cristo é a resposta de Deus à crucificação; o trono do Cordeiro é o lugar
onde a esperança ressurge do coração da dor."
Tomás de Aquino
"O Cristo que
reina é o mesmo que se entregou; não há glória sem a cruz, pois nela se
manifesta o amor que salva."
Dietrich Bonhoeffer
"A ressurreição
de Cristo não é o cancelamento da cruz, mas sua confirmação. O Crucificado é o
Ressurreto, e é assim que Ele reina — não escapando da dor, mas triunfando
através dela."
N. T. Wright
"A ressurreição é
o momento em que a nova criação irrompe dentro da velha; é o trono erguido no
coração da tragédia, onde o Cordeiro reina não apesar da morte, mas por ter
passado por ela."
Karl Barth
"A ressurreição
não é a glorificação de um herói caído, mas a proclamação de que o Cordeiro
morto está vivo — e, exatamente por isso, é digno de abrir o livro e governar o
mundo."
No
calendário cristão, o Domingo da Ressurreição é o clímax da esperança. Após a
dor da cruz e o silêncio do sepulcro, o anúncio da vida rompe o véu da
desesperança e inaugura uma nova realidade. No entanto, o que poucos percebem é
que a ressurreição não é apenas o ponto final de um drama — é o ponto de
partida de uma entronização. O túmulo vazio não é só sinal de milagre; é selo
de autoridade.
Ao
ressuscitar, Jesus não apenas vence a morte — Ele inaugura um novo tipo de
reinado. Não é entronizado com pompas humanas, mas como o Cordeiro, ferido e
vitorioso. No centro da revelação apocalíptica, João nos conduz além do jardim
vazio e da pedra removida. Ele nos transporta ao trono de Deus, onde a
verdadeira cena pascal se desenrola com toda sua beleza paradoxal.
A
TEOLOGIA DO CORDEIRO: FORÇA NA FRAGILIDADE
Entre
os ecos celestes e os mistérios que envolvem o trono eterno, há uma cena que
desafia toda lógica humana: um Cordeiro. Mas não qualquer cordeiro — um
Cordeiro que parecia ter sido morto. Não um leão rugindo em glória, não um rei
revestido de guerra, mas um Cordeiro — frágil na aparência, mas absoluto em
autoridade.
Apocalipse
5:6 descreve: “E olhei, e eis que estava no meio do trono... um Cordeiro
como havendo sido morto.” O contraste é proposital. João ouve a proclamação
do Leão de Judá, mas quando olha, vê um Cordeiro. Essa inversão revela o
coração da teologia cristã: a verdadeira realeza de Cristo não está em sua
força militar, mas em sua entrega sacrificial. O poder que conquista não é o da
espada, mas o da cruz. A autoridade que prevalece não é a que domina, mas a que
se entrega.
UM
REINADO QUE DESAFIA O ESPÍRITO DO MUNDO
Essa
cena confronta diretamente o espírito triunfalista que permeia muitos púlpitos
modernos, nos quais Cristo é apresentado quase como um coach espiritual, um
general bélico ou um empresário celestial pronto a empoderar seus seguidores
para o sucesso terreno. Mas o trono que João vê não é ocupado por um
conquistador ufanista — é ocupado por um Cordeiro imolado.
A
lógica do Reino de Deus subverte a lógica do mundo. Em vez de glória visível,
há feridas visíveis. Em vez de louros terrenos, há marcas de cravos. Jesus não
é coroado apesar da cruz, mas por causa dela. Filipenses 2:8–9 expressa
isso com clareza: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso Deus também o exaltou
soberanamente...”
A
vitória da ressurreição, portanto, não é uma negação do sofrimento, mas sua
redenção. E isso é escandaloso para uma fé que insiste em suprimir o sofrimento
em nome de uma espiritualidade triunfante.
A
ADORAÇÃO CÓSMICA AO CORDEIRO
A
resposta do céu a essa entronização é a adoração. Toda a criação — anjos,
anciãos, seres viventes e vozes incontáveis — se prostram diante do Cordeiro.
Apocalipse 5:12 registra: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o
poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.” A
centralidade de Cristo é absoluta. Não há outro digno. Nem sistema religioso,
nem profeta, nem nação, nem ideologia. O trono pertence ao Cordeiro, e só a
Ele.
É
importante destacar: Cristo não reina apesar de ter sido morto — Ele
reina como aquele que foi morto. A sua morte é o ato fundador do seu
Reino. A cruz não foi um contratempo no plano — foi o plano.
A
ESPIRITUALIDADE DA ENTREGA: UM CHAMADO AO SEGUIDOR
Esse
retrato do Cristo glorificado deve ser um espelho para os discípulos. A igreja
é chamada a seguir o Cordeiro por onde quer que vá (Ap 14:4), o que significa
viver segundo a mesma lógica da entrega, da humildade, do serviço e da
confiança na justiça de Deus — ainda que essa justiça demore a se revelar
plenamente.
Isso
desafia a teologia de vitrine, que vende “milagres” como se fossem produtos e a
fé como moeda de troca. O Cristo do Apocalipse não se parece com esses ídolos.
Ele reina não para nos mimar, mas para nos formar. Não para nos dar o mundo,
mas para nos ensinar a carregar a cruz até a glória.
CONCLUSÃO:
UM REINO DE ESPERANÇA CONTRA TODA ESPERANÇA
O
Cordeiro no trono é o anúncio de que a última palavra não pertence ao império,
ao pecado ou à morte. Ela pertence àquele que venceu, não por esmagar, mas por
se deixar moer (Isaías 53:5–7).
A
ressurreição é o selo dessa vitória silenciosa, escandalosa, divina. Em um
tempo de adorações distraídas, fé superficial e espiritualidade de palco, o
chamado é para nos rendermos novamente — ou talvez pela primeira vez — ao
Cordeiro.
Porque
Ele vive, o trono está ocupado. E porque o trono está ocupado, há esperança.
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