Um dia Jesus estava orando num
certo lugar. Quando acabou de orar, um dos seus discípulos pediu:
– Senhor, nos ensine a orar como
João ensinou os discípulos dele.
Lucas 11:1 - NTLH
Quando vocês orarem, não sejam
como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das
ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles
já receberam a sua recompensa. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto,
feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o
que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
Nas suas orações, não fiquem
repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus
os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de
vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam.
Mateus 6:5-8 - NTLH
Uma das características que tornam a
fé judaico-cristã diferente de tantas outras, é a crença em um Deus pessoal.
Crendo que Deus é uma pessoa, como revelado desde o livro de Gênesis, quando
oramos não falamos com uma energia cósmica,
com o universo, com um ser superior impessoal e distante, ou
com um amiguinho imaginário
inexistente. Falamos com um Deus presente. Um Deus sentido. Criador dos céus e da terra... Conversamos com um Pai.
Essa crença que se reveste de certeza
única e intransferível a cada encontro com Deus, nos conduz por um acesso
direto e sem qualquer intermediação, nos abrindo uma passagem que outrora fora
protegida por aqueles que se imaginavam guardiães do sagrado, que insistiam em se fazer, por direito usurpado, detentores
do poder de abrir e fechar uma porta pesada, repleta de regras, modelos e conformidades.
Em vez de um ato simples e
democrático, porque livre, individual e universal, a oração, como outros tantos
exercícios de fé, foi aos poucos transformada em um ato eivado de formalidades, que precisavam ser cumpridas à risca, e realizada com palavras e simbologias que, se ditas da maneira correta,
na seqüência precisa, teria mais e melhor eficácia em seus resultados. A oração
feita da forma correta, acreditavam, seria capaz de realizar o desejo do
orador, uma vez que tocaria convincente o coração de Deus.
Foi com essa esperança que os
discípulos pediram a Jesus; “ensina-nos a orar”. Eles imaginavam que Jesus,
capaz até então de tantos e variadoss milagres, provavelmente tivesse uma
forma perfeita e contundente de orar, de modo que seu desejo sempre se
realizasse. Eles esperavam de Jesus um modelo de oração que lhes fosse como varinha
mágica, um pulo do gato, eficiente para realizar suas intenções. E afinal, ensinar a orar era uma
tarefa dos mestres rabinos.
Além disso, o conhecedor desse modelo
nobre e raro de orar distinguia-se em meio a sociedade. Um orador proeminente tinha um
destaque tão grande, que seu ato era público e acompanhado com interesse por
populares. Imaginem a afluência de gente indo de um lado ao outro, atrás de
ouvir a oração deste ou daquele renomado orador; um evento que se repete atualmente em algumas regiões.
Ao responder seus discípulos, penso que
Jesus os decepciona com a simplicidade com que seqüencia as palavras e da ordenação às frases do que, acreditavam, poderia vir a ser um modelo. No entanto, e pra surpresa de muitos alí, senão de todos, não há nessa oração ensinada qualquer menção a feitos próprios
senão aos próprios erros; "perdoa os nossos pecados". Orar em secreto, no quarto e às
portas fechadas, era uma subversão da realidade religiosa daqueles dias, e em nada poderia ajudá-los a se destacarem na sociedade
de então. Da mesma forma, quem suplica pelo pão de cada dia, não tem qualquer abastança, qualquer garantia em si mesmo de qual possa se orgulhar, mas antes flagra dependência total e submissão incondicional à providência divina. Esse modelo de orador fragilizado e contrito, provavelmente, os decepcionou, pois em nada se parecia com a forma de oração que os mestres
da época ensinavam aos seus discípulos.
O que Jesus deixa claro, portanto, é que não há modelo que se estabeleça acima de um coração quebrantado. O reconhecimento do Reino de Deus e de seu domínio sobre minha vida, entrega a esse Deus, antes de qualquer outra coisa, o direito de fazer e atender ao que bem lhe parecer. Não há forma ou modelo mais ou menos poderoso. Não há como manipulá-lo. Não há como colocar Deus contra a parede. Ele sonda os corações e percebe as intenções. Os que almejam destaque e menções honrosas por suas rezas, já receberam suas recompensas.
O que Jesus deixa claro, portanto, é que não há modelo que se estabeleça acima de um coração quebrantado. O reconhecimento do Reino de Deus e de seu domínio sobre minha vida, entrega a esse Deus, antes de qualquer outra coisa, o direito de fazer e atender ao que bem lhe parecer. Não há forma ou modelo mais ou menos poderoso. Não há como manipulá-lo. Não há como colocar Deus contra a parede. Ele sonda os corações e percebe as intenções. Os que almejam destaque e menções honrosas por suas rezas, já receberam suas recompensas.
Assim, a oração precisa ser um ato legitimo
de aproximação e relacionamento com Deus. Uma relação que mantida e
desenvolvida, se traduzirá na mesma intimidade que levou Jesus a chamá-lo Paizinho, em Marcos 14:36. Numa relação íntima não cabe cerimônia ou
formalidades, senão amor, transparência e devoção.
Deus e poder.
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