“O Apóstolo Paulo fala claramente
à Igreja de Tessalônica, que devemos nos afastar das pessoas que não confessam
a mesma fé, e eu diria que também dos irmãos que, apesar de se identificarem
como cristãos, infelizmente não estão em concordância com a Palavra.
Isso não significa que devemos
parar de falar com as pessoas, ou mesmo nos isolarmos, nos tornando anti-sociais. Podemos e devemos nos
comunicar e conviver com todos, mas não compartilharmos das mesmas coisas, pois
algumas coisas, manias e atitudes de alguns, vão contra a Palavra do Senhor, e
assim acabamos nos afastando do que é santo e verdadeiro!
Tudo me é lícito, mas nem tudo me
convém"
Um debatedor pelo WhatsApp
Conversando em um dos muitos grupos
que participo, li a postagem acima, que organizei apenas para facilitar o
entendimento, já que a linguagem tecnológica e a digitação nos smartphones não
favorece a compreensão de muitas das frases que postamos. Obviamente o nome do
outro participante do grupo foi suprimido da descrição de sua argumentação.
Minha preocupação, contudo,
relativamente ao texto acima, não estava em seu formato ou digitação apressada,
mas sim no conteúdo sutil que trazia em suas despretensiosas entre linhas. Sim,
porque nos últimos tempos tenho me dedicado a observar o que está efetivamente motivando
determinadas afirmações que se multiplicam nos variados grupos em que a Igreja
tem se organizado. Pois são essas afirmações e esses conceitos nelas embutidos,
que tem forjado o caráter ético-espiritual da gente que freqüenta nossas
igrejas.
O meu debatedor, afirma que Paulo
claramente diz para nos afastarmos das pessoas que não professam a mesma fé.
Ora isso flagrantemente remete-nos a um princípio de atitude exclusivista, que ainda que possua aparente religiosidade piedosa, baseia-se no
espírito soberbo de que não devemos nos
misturar com quem não vive como nós. Tal pensamento em nada é genuinamente
piedoso, e assemelha-se muito mais à atitudes segregadoras, própria de seitas
fundamentalistas que promovem a exclusão, e a violência contra quem não pensa
ou crê no mesmo conjunto de crenças que seus adeptos.
É verdade que não fica claro a que
texto meu amigo se refere exatamente (embora tenha uma boa suspeita disso -
veremos isso em outra oportunidade para não perdermos o foco), mas de qualquer
forma, independente do texto que porventura lhe tenha servido de base, não temo
pensar que Paulo não poderia estar afirmando tal conceito, uma vez que ele mesmo,
como também outros autores do Novo Testamento, em diversos textos afirmam que
Deus não faz acepção de pessoas. Ou seja, não há absolutamente nada em nós,
seja qual for a crença ou a fé que professamos, que nos faça melhor do que ninguém[1].
Ora, fomos chamados à paz com todos, e o isolamento de quem
quer que seja, pessoas ou grupos, é o princípio de uma segregação que conduzirá
à intolerância. E a quem servirá tal circunstância? Se o nosso Deus, santo e
misericordioso, não faz acepção de pessoas, cuidando ele mesmo de conduzir ao
evangelho os gentios e todo o ser humano, dentre os quais estamos todos nós,
como poderíamos separar de nosso convívio e intimidade, aqueles que ainda
professam outra crença qualquer?
“19 Portanto ide, fazei discípulos
de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; 20
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."
Mateus 28:19-20
Estamos, já há algum tempo, estimulando
um vigoroso sentimento de exclusividade, onde os membros das igrejas se fecham
em suas portas, celebrando entre si seguidamente em diversas atividades,
convidando as pessoas para irem até ela, para participarem de suas programações.
Não que haja qualquer problema nisso, desde que o ide fazei discípulos não seja entendido ou substituído por ide e convidai pessoas a virem à igreja.
Muitos têm descansado nesse papel, achando que estão assim evangelizando.
Ora, fazer discípulos significa
conviver com as pessoas, influenciar suas vidas, tornar-se referência para
elas. Ser inspirador à imitação de comportamento e virtude. Sim, sejais meus imitadores como eu o sou de
Cristo, dizia Paulo com ousadia e segurança, sabendo que lhe cabia tal
responsabilidade. A de influenciar e ser referência para aqueles a quem fez
discípulos. Alguém pode me dizer como fazer isso, isolando-nos do convívio com
as pessoas com quem dividimos invariavelmente o dia a dia de nossa vida real?
De modo que não conheço qualquer base bíblica
para vivermos afastados de quem quer que seja. Temos familiares, amigos,
colegas de trabalho e circunstantes que professam outra crença, e precisam ser
alcançados pelo evangelho. A fé vem pelo
ouvir, mas como ouvirão se não houver quem pregue? Nossa pregação é a nossa
vida. Como crerão se não convivermos com eles? Nossa pregação é nosso testemunho.
Não o testemunho de um grupo diferente
e isolado; o grupo "dos crentes". Assim agiam os fariseus, considerando-se
diferentes de todos os demais judeus.
É bom lembrarmos do que Jesus mesmo
disse; o tempo da separação não é esse, não é agora. E nem o será até a sua
vinda. Não se separa o joio do trigo antes da colheita; pois arriscamos arrancar junto com o joio, também o trigo. E quem
de nós sabe quem é joio ou quem é trigo, senão o Senhor da seara? Porque o
que vemos agora, não é o que Deus vê, porque ele tudo vê adiante. E nós não
sabemos quem haverá de se arrepender e crer em seu amor, manifestado em sua
encarnação, sacrifício vicário, e ressurreição. Fomos chamados a vivermos entre eles, intimamente, testemunhando
da obra do Espírito Santo em nós, pela tão grande e profunda transformação pela
salvação em Cristo, nosso Senhor.
Assim, creio que em vez de nos
afastarmos daqueles que professam diferentes crenças, nos ocupemos em amá-los sinceramente,
preparando-nos consistentemente para ensiná-los na Palavra daquele que em nós
habita. Não com palavras rasas e chavões corriqueiros, mas com profundidade e
vida santificada no Senhor. Não temendo sermos influenciados, mas influenciando
e acolhendo-os em tudo.
O ide
é instrumental. Fazer discípulos é o objetivo final.
Maravilhosas suas palavras...o ruim da religião hj em dia e a preocupação da quantidade que da qualidade,preocupação em ver erros da religião alheia,no lugar disso deveríamos nos preocupar em ajudar ,amar e orientar o próximo, minhas maiores e melhores amizades são com pessoas de crenças diferentes da minha ,mas são pessoas que me ensinam muito e me acolhem em seu amor...Jansen seu blog e um dos melhores que conheço...
ResponderExcluirLuciana, obrigado. Seu carinho e incentivo renovam as forças para seguir nessa tarefa. Que Deus siga lhe ensinando sempre, usando tudo e todos que lhe querem bem. Um forte abraço...
ExcluirAmém amado, como sempre são edificantes as suas palavras, que Deus continue o usando e abençoando em nome de Jesus.
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