Por Jânsen Leiros Jr.
“43 Porque não há árvore boa que dê
mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto. 44
Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não
se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas. 45
O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu
mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a
boca.
46
E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo? 47 Todo aquele que vem a mim, e
ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante: 48
É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e
pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente
naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada. 49
Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa
sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e
foi grande a ruína daquela casa."
Lucas
6:43-49 - JFA
Uma das maiores crises morais que
vivemos no mundo moderno, é a crise de legitimidade. Ao longo do dia, nos mais
diferentes grupos de convívio, seja no trabalho ou em família, seja em roda de
amigos ou nas igrejas, convivemos com personagens irreais, elaborados e
construídos para encobrir verdades nada agradáveis, que habitam os porões de
almas inquietas e perplexas pelo confronto com suas naturezas nada encantadoras.
No afã de se tornarem aprovadas e
reconhecidas, pessoas se esmeram em camuflar sensações e pensamentos, vivendo a
mímica de vidas alheias, tornando-se um reflexo embaçado de pessoas que
imaginam ser bem sucedidas, autênticas e felizes. No fundo, montaram uma cópia
de si mesmas, onde suas falas e gestos se desenvolvem à parte do ente que se
desloca pelo mundo.
Muitas são as motivações de quem monta esse personagem, e nem sempre tal
elaboração é maliciosamente pensada. Em muitos casos advém da necessidade quase
involuntária de se perceberem aceitos e inseridos em contextos ou circunstâncias,
que acreditam ser vitais ou preferenciais para suas existências cotidianas.
Ainda que aparentemente inofensivas, e
resultantes de uma atitude permissiva da alma que aceita o menor dano, tais máscaras
não se legitimam por suas pseudoinocências. Muito pelo contrário. Elas são o
caminho mais curto para uma frustração iminente, que se anuncia a cada
conquista que se obtenha por conta da inverdade criada, e sustentada às custas
de enganos que se avolumam em uma história longa ou curta. Sim, porque a cada
ato do outro, em favor desse eu que não
existe, mais evidente fica para mim mesmo que, não fosse eu quem realmente não
sou, para muitos eu nada seria. Então
o medo de perder o que se tem, realimenta a mentira. Mas até quando? Porque ninguém
engana todo mundo o tempo todo.
Jesus alerta que toda farsa tem vida
curta. Nenhum engano, por mais bem engendrado que seja, resistirá à prova do
fruto. E por que isso? Porque o fruto está intimamente ligado à semente. Não há
como esperar brotar abacate, de uma semente de mostarda. O bem não advém de um
mal tesouro, nem o contrário pode ser. Pelo fruto se conhece a árvore. E o
verdadeiro fruto sempre se apresenta; a boca fala do que está cheio o coração[1].
A falácia de uma vida ilusória, ergue
uma casa que não resiste às intempéries cotidianas. O mundo real a castiga com
imprevistos, contratempos, e tempestades, que a levam à ruína. A mentira de uma
vida inventada não resiste à verdade de dias reais e difíceis. Logo a verdade
do que somos se imporá às nossas relações. E o que se faz quando flagrado sendo
o que realmente se é? Um dia a casa cai.
Não é sem razão que Jesus fala tanto
sobre coração verdadeiro, sobre coração puro. Não é de um coração sem pecado,
mas sim de um coração verdadeiro,
ainda que pouco atraente em sua realidade. Ainda que ausente de orgulho pelo
que é, ou repleto de motivos pelos quais se envergonhe. Um coração puro é
aquele do qual toda fantasia e mentira foi retirada, e se mostrou verdadeiro, consciente de sua dependência
de Deus, sendo o que é. A um coração contrito e quebrantado não resiste o Senhor[2].
Aquele que observa com temor e
dedicação à verdade revelada de Deus, é capaz de passar por dias difíceis e de grandes
tormentas. Porque a Palavra de Deus é rocha, onde os alicerces bem fundados, e
o bom tesouro bem guardado, garantem o bom fruto, sustentado em segurança. Não
dá para viver uma vida dupla. Deus não se relaciona com personagens! É nessa máxima
que se fiam aqueles que se derramam em espírito e em verdade diante de Deus.
Que tipo de semente tem sido plantada
em seu coração? E de que procedência são os valores que se acumulam em seu
peito? Ou ainda, em qual terreno tem alicerçado os fundamentos de seu edifício
espiritual? Que Deus nos conceda a coragem e a confiança de sermos sempre o que
somos, sendo por Ele recebidos e curados, e atraentes aos corações que
realmente importam, pelo que realmente somos.
Devemos ter cuidado com o que falamos e agimos...A boca fala aquilo que o coração está cheio!...Mateus 12:34 (2ªparte)
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