“O
que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há,
pois, novo debaixo do sol.”
Eclesiaste
1:9 - RA
Mais
um ano chega ao fim, e com ele a rotineira onda de reflexão coletiva, onde
balanços pessoais são proclamados, novos propósitos são definidos, e esperança
de melhores oportunidades e condições são mutuamente desejadas. Uns por retribuição,
mas outros com sinceros desejos e boa vontade.
É
natural e não há nada de errado com isso. A vida é um suceder de ciclos, e
desejar que um novo ciclo possa trazer melhores notícias e renovadas alegrias,
é um reverdejar de esperanças que faz muito bem ao senso comum e à vida em
sociedade. Em termos práticos, porém, nada
há de novo debaixo do sol.
A
verdade é que um ano novo surge a cada doze meses, como cada novo mês surge a
cada trinta dias, e um novo dia a cada amanhecer. Portanto novas oportunidades
nos são apresentadas dia-a-dia, no cotidiano de nossas vidas e lutas diárias,
constantemente. Mas o que esperamos, no fundo, é que por alguma circunstância
mágica, novas condições se alinhem ou realinhem para nos oferecer uma vida
melhor, como se a simples mudança de ciclo nos presenteasse com mais prósperas
possibilidades.
O
que ninguém gosta muito de ler e ouvir, o que obviamente é muitíssimo
impopular, é que nossa virada de vida não depende de circunstâncias, mas de
atitudes e decisões, para as quais não precisamos necessariamente aguardar o
último dia de dezembro para tomá-las. Cada instante vivido é um ciclo a ser
virado e cada momento de reflexão, uma oportunidade de renovação de
possibilidades e decisões. Um mundo novo pode surgir a cada piscar de olhos.
Dependerá sempre do que fazemos com cada oportunidade.
Diferentes
e muitos setores da vida são influenciados por nossas decisões. Mas quero me
deter naquilo que permeia tudo e toda nossa existência; nossa compreensão de
Deus e nossa relação com Ele.
Nada
seria mais impopular do que falar de Deus num cenário social como o nosso, onde
a simples menção desse vocábulo tende a soar constrangedor, tanto para quem
ouve, quanto para quem fala. Ao primeiro porque achará sempre inapropriado e
incômodo o tema, e para o segundo porque sofrerá inevitável discriminação
velada e cruel. Tudo porque atravessamos um período de ateísmo disfarçado e
camuflado de esoterismo e misticismo, onde na prática Deus não passa de uma
energia cósmica conveniente, que aplaca a culpa e nos insere numa passiva
existência religiosa, incapaz de nos provocar qualquer reflexão mais
contundente, ou de exigir um posicionamento comprometedor e contundente.
Por
mais que se relute, porém, somos todos diariamente provocados por Deus a uma
decisão, por mais sutil que ela possa ser, ou mais despercebida que ela possa
se dar. A cada instante em que Sua existência e nossa existência se esbarram pelas
esquinas de nossa caminhada, escolhemos ficar com Ele ou lhe darmos as costas.
Isso acontece com uma freqüência tão absurdamente grande, que Paulo cita em sua
segunda carta aos coríntios; “eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora
o dia da salvação”. É a vida o instante aceitável. São nossos dias o tempo
oportuno.
Assim,
se alguém deseja renovadas oportunidades, novas possibilidades e outras
condições, deve começar por fazer-se novo e renovado, mudando a própria mente,
e renovando as próprias emoções, vivendo uma relação nova e reconciliada com o
Senhor de todas as coisas. Não para que assim tenha uma vida melhor, com novas
condições e possibilidades, como numa barganha oportunista. Mas para que viva melhor, incondicionalmente, com a
confiança e a esperança que produz a paz e o descanso em Deus.
“1 Portanto, meus irmãos, por causa
da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus
como um sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradável a ele. Esta é a
verdadeira adoração que vocês devem oferecer a Deus. 2 Não vivam como vivem as pessoas
deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança
da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que
é bom, perfeito e agradável a ele.”
Romanos
12:1-2 – NTLH
Que
nos novos dias pelos quais avançam a vida e os nossos devaneios, Deus nos
inspire a uma vida de comunhão real, plena e revigorante ao seu lado.